Coluna do Joly: O que falta para Massa brilhar

Por Luís Joly

Para quem viu o Grande Prêmio da França, ficou bem claro que Felipe Massa não mereceu propriamente a vitória; muito pelo contrário, ela caiu em seu colo. Se no ano passado, Kimi Räikkönen ganhou a posição de Felipe nos boxes e levou a vitória que daria início a sua luta direta pelo título, o inverso não teria acontecido este ano. O finlandês estava mais rápido que o brasileiro, que até já parecia conformado e satisfeito com a segunda posição, suficiente para mantê-lo à frente do rival e, quem sabe, na liderança do campeonato.

Porém, o atual momento vivido por Felipe Massa é tão bom que ocorreu com ele o que normalmente só acontece com pilotos fadados ao sucesso: estrela. Sim, são poucos os pilotos que têm estrela. Afinal, como disse o próprio Massa, ter um pouco de sorte também ajuda – há uma enorme lista de pilotos excepcionais que passaram (e estão) na F-1 e nunca tiveram a sorte ao lado. Com o problema de Räikkönen, Massa levou a vitória sem nenhuma dificuldade. Como prêmio, está pela primeira vez ponteando a tabela. Um brasileiro ali, algo inédito deste os tempos de Ayrton Senna (Barrichello, apesar da Ferrari, jamais conseguiu ser líder do campeonato).

Em seus depoimentos após a vitória, (ou)vimos um Felipe extremamente decidido na luta pelo campeonato, e ciente de que sua liderança, por ora, não lhe rende nada mais do que uma exposição maior na imprensa e comparações inevitáveis. Para alguns, Massa pode ter soado até um pouco frio; evitou comentar as lembranças de Senna, o último brasileiro na primeira posição da tabela antes dele, e de Piquet, até então o único dos nossos a triunfar em terras francesas.

A postura de Felipe é compreensível, diga-se. Após um início de campeonato frustrante, recuperou-se de forma brilhante e vive, sem dúvida alguma, seu melhor momento na categoria desde a estréia. Como sempre diz, o campeonato está muito longe de estar decidido. Por isso, ainda é melhor manter os pés no chão, evitar euforia e seguir concentrado e com uma meta única: ser campeão ao fim da temporada. Perfeito, não?

Quase isso.

Em sua rota rumo ao sucesso em 2008, Massa parece ter se esquecido de que país veio. Um brasileiro é um apaixonado e entusiasta por vocação. Gostamos de sofrer para, ao fim, enxugar lágrimas, soltar sorrisos e, especialmente, comemorar. Talvez falte no momento para Massa uma forma melhor de mesclar a sobriedade necessária para atingir os resultados que quer (e que vêm impressionando até mesmo os melhores pilotos da história) com o lado emocional e a paixão que surgem intrínsecas em cada brasileiro no momento que nascemos.

Parece difícil de acreditar, mas Felipe Massa precisa vencer muito mais barreiras do que somente as que estão na pista. Se quiser tornar-se um piloto completo, não basta conquistar sua equipe. Não basta conquistar vitórias, poles e até ser campeão. É preciso também conquistar seu país.

RETA OPOSTA

Piquet, enfim

Nelsinho Piquet conseguiu seus primeiros pontos no campeonato, e ainda arrancou elogios do chefe da equipe, Briatore. Com mais pistas já conhecidas por ele, esperemos que a boa fase continue.

Hamilton, o fim

Lewis Hamilton anda reclamando com mais freqüências do que de costume. Agora, mais uma bronca por ter sido punido. Fez uma prova apagada e terá de remar muito para recuperar o espaço perdido para os pilotos da Ferrari e o ás da BMW, Robert Kubica.

Barrichello, o fim?

Especulações sobre o futuro de Rubens Barrichello começaram a correr os boxes da Fórmula 1. Ele e o companheiro Jenson Button podem ficar sem equipe para o ano seguinte. Torçamos para que não, claro, no caso de Rubens. Ele parece ainda ter pano pra manga.



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