Coluna Mundo Veloz: Super agrura

Por Carlos Garcia

Não, eu não errei o título da coluna. As “agruras da vida” tão citadas pelos poetas agora batem à porta da Super Aguri, pequena equipe de Fórmula-1 dirigida por um ex-piloto japonês que só em sua breve descrição já apresenta motivos suficientes para que se transforme em introdução de uma história triste.

Tudo começou quando Rubens Barrichello foi contratado pela Honda, deixando o japonês Takuma Sato sem lugar para correr na Fórmula-1. A caixa de e-mails da montadora lotou rapidamente de fãs enlouquecidos que não acreditavam que a Honda faria isso com o herói local, era difícil imaginar que deixariam que ele fosse parar em alguma outra equipe que não a nipônica.

A boa solução foi encontrada quando a montadora resolveu montar mais uma equipe na Fórmula-1. Tudo foi feito meio às pressas, mas deu certo, e assim Takuma Sato partiu para a equipe como um decasségui que muda para ambientes duvidosos.

Todos sabem que a trajetória da equipe na Fórmula-1 ainda não deu em nada e para piorar agora está à beira da falência. A Honda já não apóia o time como antes e a cada etapa que passa paira no ar a dúvida sobre a participação ou não do time de Suzuki.

Agora a bomba explodiu de vez quando os caminhões da Super Aguri foram impedidos por Nick Fry de entrar no autódromo de Istambul após o dirigente afirmar que a equipe não tem dinheiro para participar do restante do mundial. Tudo após um quase anúncio de acordo com o pouco conhecido grupo alemão Weigl, que salvaria o time.

E foi Ross Brawn que pediu à Honda para que cortasse os investimentos na equipe B, pois um time que precisa de salvação não pode se dar ao luxo de manter quatro carros na pista, por mais que em tempos de restrição de testes essa pudesse ser uma valiosa ajuda. Takuma Sato implora por ajuda da matriz e o caso toma contornos dramáticos.

Teria a Honda mesmo obrigação de ajudar a Aguri? Quem quer manter um time na Fórmula-1 pode ficar esperando ajuda financeira literalmente vinda do alto para correr? O que acontece com essa filial que já anunciou dois acordos de salvação durante o ano tendo os dois praticamente sido cancelados? O Grupo Magma, primeiro salvador do time refugou, reapareceu e refugou de novo, o Weigl já refugou uma vez também.

A verdade é que Aguri Suzuki teve tempo para correr atrás de alguém que lhe desse um pouco mais de base para continuar na Fórmula-1. Ele não podia ter se acomodado em ser sustentado pela Honda, pois, na melhor das hipóteses, teria nas mãos sempre um time com baixo desempenho e com status eterno de equipe B. A matriz por sua vez deu todas as dicas durante os testes de inverno que a mamata teria fim e assim o momento chegou de forma duríssima para o simpático time. E que ninguém diga, como já li por aí, que a Honda cortou o investimento apenas por sofrer algumas ultrapassagens da filial no ano passado. Aguri Suzuki é que se prepare para enfrentar as “agruras da vida”… e que depois escreva um livro.

E mais…

– Felipe Massa manterá no próximo final de semana o domínio em solo turco? Em três edições da prova até então ele venceu duas, 2006 e 2007;

– Demorada a adaptação de Nelsinho Piquet à Fórmula-1. Não se deve, porém, comparar o piloto à Lewis Hamilton, após sensacional estréia em 2007, que tinha nas mãos um carro vencedor;

– Estranho o fato de Nelsinho estar vivendo um momento parecido com o de Heikki Kovalainen no ano passado quando também era segundo piloto da Renault;

– Visível e compreensível a irritação de Cacá Bueno ao deixar o carro após abandonar a segunda etapa do Campeonato Brasileiro de Stock Car em Brasília. Inaceitável, embora esperado, o gesto de mostrar o dedo do meio para pessoas que o vaiavam após a retirada. Engraçado, porém;

– Ele reclamou que as pessoas que o vaiaram eram convidadas e não pagaram ingresso. Ele só se esqueceu que hoje a categoria sobrevive graças a esses “convidados”;

– As equipes da Stock Car reclamaram do pit ter sido aberto uma volta antes do prometido após a entrada do Safety Car. Mas que faltou atenção, faltou. Todos os que deixaram para fazer o reabastecimento obrigatório uma volta depois caíram para as últimas posições, simples assim.