Por Victor D. Berto
Passados exatos 14 anos, o vazio não foi preenchido. Não somente o vazio que ficou na posição de grande ídolo do esporte, seja no Brasil ou fora dele, mas também o vazio dentro dos nossos corações. O dia 1º de maio não tem simplesmente um significado mais importante para mim por conta do feriado do Dia do Trabalho em “terras brasilis”, mas também por ser aniversário da minha mãe e, com certo pesar, um dos dias mais inesquecíveis do calendário para mim.
Eu não estou preparando este texto há dias, nem tão pouco as palavras saem planejadas, pois encontro-me numa fria madrugada paulistana tentando fugir do sono para buscar a criatividade, tentativa um tanto quanto falha, mas a motivação veio quando por mais uma vez olhei no calendário e tive certeza absoluta que hoje tratava-se do primeiro dia do mês de maio.
Ayrton Senna da Silva, pessoa que anteriormente já citei como “quem pouco vi”, tão somente pela falta de idade quando partiu. Um gênio não só do esporte motorizado, como do marketing, do carisma e figura inesquecível daqueles que de fato conheceram ou nem assistiram ao vivo um show, porque aquilo sim era pilotar.
As lembranças sobre Senna, pilotando ao vivo na televisão, estão cada vez mais distantes em minha memória. Eu era apenas um menino quando aquela curva chocou-se contra a Williams daquela personalidade, que arrisco-me em dizer, comoveu mais pessoas, como ninguém jamais repetirá, às ruas da capital paulista quando o carro do bombeiro passou carreva seu caixão à caminho do Cemitério do Morumbi.
Eu brinco com a minha mãe que gostaria de ser enterrado lá, para pelo menos uma vez ficar mais perto do meu ídolo. Os anos passando e já estou achando isso uma bobagem porque nem acredito neste sentimento pós-morte.
Se ele foi ou não melhor do que o heptacampeão Michael Schumacher nas pistas de Fórmula 1, eu não posso julgar, aliás quem pode? Mas uma certeza eu tenho: fora delas ele foi muito mais além e tira até hoje lágrimas de nossos olhos quando ouvimos o tema da vitória, seja por uma vitória brasileira na categoria, ou até mesmo no vôlei, futebol, seja lá o que for… pois foi com aquela musiquinha que amanhecemos a maior parte dos domingos de nossas vidas. O “tan-tan-tan” será sempre seu, Ayrton!
Além disso proponho que aquela velha estorinha: “Hoje é domingo, pede cachimbo”, seja alterada para: “Hoje é domingo, dia de Senna”. E se aqui no Brasil já temos tantos feriados, inclusive o de hoje, poderíamos tornar este dia não somente “Dia do Trabalho”, mas também “Dia de Ayrton Senna”, pois seria incrível ter a imagem deste campeão perpetuada em nossa história, para que isto nunca se perca.
Hoje seu nome está presente em praças, avenidas, rodovias, túneis e afins rodoviários, mas espero que seu nome não caia no esquecimento e ouça uma criança um dia perguntar: “Quem é Ayrton Senna? Algum político do seu tempo?”, como hoje fazem com Washington Luís. A história perdeu-se no passado e não podemos deixar que isso aconteça com Senna.
Não sei se fui exagerado, mas temo que após 14 anos somado à estes, as nossas crianças ou até mesmo nós adultos, já tenhamos esquecido da grande figura que este piloto é para o nosso país e, um país tão carente de bons exemplos e ídolos como o Brasil, poderia agarrá-lo.
Antes de encerrar este texto, parabenizo a HQ Maniacs, que em parceria com o Instituto Ayrton Senna, relança a idéia do ex-piloto na revista em quadrinhos do personagem Senninha, que começou a ser publicada pouco antes de sua morte e encerrou sua publicação anos depois. Acredito que este é um dos melhores meios de apresentar à molecadinha quem foi esse grande piloto e, assim, perpetuar a sua imagem, como proponho ao longo desta página.
Outros virão nesta data para falar mais números, mais detalhes sobre sua carreira, sua vida pessoal, mas eu deixo aqui meu registro de saudade e de lembrança, esta que deverá estender-se até o meu dia.
Se existir uma vida após a morte ou até mesmo uma salvação divina, espero estar ao lado deste cara um dia!
Abraços!