GP Brasil: História do autódromo de Interlagos

Tudo começou na segunda metade da década de 20. Quando a cidade de São Paulo dava início a sua urbanização, um dos primeiros grandes projetos partiu da empresa Auto-Estradas S.A. (AESA). Dirigida por Louis Romero Sanson, um engenheiro inglês, a construtora civil visou a construção do bairro Balneário Satélite da Capital, que ficaria localizada entre as represas de Guarapiranga e Billings.

Para fazer o projeto andar, Sanson chamou o urbanista francês Alfred Agache, que inclusive havia encabeçado um Plano de Remodelação, Expansão e Embelezamento do Rio de Janeiro. A idéia era construir um grande estádio, avenidas, lagos para competição de iatismo e, claro, um autódromo.

Logo que chegou e viu o local, o francês lembrou de uma cidade suíça, Interlaken, motivo que levou ao nome do bairro ficar denominado de Interlagos. Porém, o ambicioso projeto de Sanson precisou ser interrompido, principalmente pela quebra da bolsa de Nova York, em 1929, que afetou diretamente o Brasil, sem falar nas revoluções de 30 e 32.

Apesar do momento delicado enfrentado pelo mundo, o automobilismo sempre esteve muito presente na vida dos brasileiros. O primeiro evento internacional de corrida no Brasil aconteceu em 1933, com a realização do Grande Prêmio Internacional da Cidade do Rio de Janeiro, no circuito da Gávea. Três anos depois, o mesmo evento aconteceria na cidade de são Paulo, e um acontecimento trágico marcaria a prova: a piloto francesa Hellé-Nice, depois de perder o controle de seu Alfa Romeu, atropelou o público, deixando quatro mortos e mais de 30 feridos.

Diante do grave fato, Eusébio de Queiroz Mattozo, então diretor do Automóvel Club do Brasil, entrou em contado com Sanson e pediu urgência na construção de um autódromo, procurando dar mais segurança aos evolvidos com automobilismo – já uma realidade no país.

Não demorou muito, e depois de dois anos de pesquisa, em 1938, foi dado início a construção do circuito, que ficaria pronto no final de 1939, com sua longa extensão de 7.960 metros; Apesar de não ter toda infra-instrutora devidamente pronta, o circuito acabou aprovado pelo Automóvel Club do Brasil, afinal o país estava carente de um lugar adequado para corridas de automóveis.

Previsto para ser inaugurado ainda no ano da conclusão das obras, fato não ocorrido devido as fortes chuvas na cidade, o autódromo de Interlagos foi aberto pela primeira vez no dia 12 de maio de 1940, quando foi realizado o 3º Grande Prêmio Cidade de São Paulo, vencido por Nascimento Júnior, seguido por Chico Landi e Geraldo Avellar; Neste ano aconteceu também uma prova de moto. Um público de aproximadamente 15 mil pessoas participou da festa.

A primeira corrida internacional na pista de Interlagos aconteceu em 30 de março de 947, como o carros da Grand Prix, categoria que ‘antecedeu‘ o início da Fórmula 1, em 1950.

Exatamente dez anos depois, em 1957, a pista foi divida em um anel externo, reservada para corridas de alta velocidade, e outro mais bem desenhado. Os anos seguintes foram marcados por provas nacionais e internacionais, mas sem muito fomento.

Mais dez anos se passaram e chegamos a 1967, quando o autódromo foi fechado para reforma, já visando receber uma grande categoria. Reinaugurado em 1970, o circuito estava pronto e atendia às exigências para que uma prova de Fórmula 1 acontecesse na pista brasileira. No primeiro ano da maior categoria da velocidade, em 1971, a prova não valeu pontos para o campeonato e foi vencida pelo argentino Carlos Reutemann.

O sucesso ficou provado e a pista entrou definitivamente no calendário da categoria. No ano seguinte, no dia 11 de fevereiro de 1972, um momento marcante aos brasileiro: no ano do primeiro título, Emerson Fittipaldi vence o GP Brasil.

Ainda na década de 70, em 1978, o GP Brasil foi disputado no recém reformado autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Porém, o evento voltaria a São Paulo no ano seguinte. Em 1980, no entanto, a falta de recursos financeiros tirou o GP novamente da capital paulista, e nos anos seguinte passou a ser disputado no Rio de Janeiro, até 1989.

Durante o período em que a prova ficou no Rio de Janeiro, o autódromo de Interlagos recebeu algumas categorias menores e passou por pequenas reforma. Em 1985 ele foi batizado de Autódromo Internacional José Carlos Pace, em homenagem ao piloto brasileiro que morreu em um acidente aéreo em 1977.

O mesmo problema de falta de verba fez o Rio abrir mão da Fórmula 1. A prefeita de São Paulo na época, Luiza Erundina, ao lado do então presidente da CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo), Piero Gancia, conseguiram fazer com que a prova voltasse a Interlagos. O circuito passou por grandes reformas, com novas áreas de pits, nova torre de controle e o traçado, que foi encurtado para 4.325 km – atual.

A pista voltou definitivamente ao circuito paulista em 1990, e foi vencida pelo francês Alain Prost. Depois disso a pista não deixou mais o circo da F1 e anualmente passa pro reformas de manutenção, com um custo em torno de 20 milhões de reais.



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