Por Raphael Sanchez
O início da temporada da Fórmula 1 já está sendo anunciado pela televisão. Em menos de uma semana acompanharemos o que tem se chamado de “as máquinas mais perfeitas: os pilotos”. Ora, será que são mesmo?
Piloto perfeito é aquele que alcança o limite do carro. Se as equipes têm carros iguais, seus dois “pilotos perfeitos” teriam o mesmo desempenho e acabariam o ano com a mesma pontuação. Então, de todas as “máquinas” envolvidas no esporte, os pilotos certamente são as menos perfeitas.
Pilotos são pessoas comuns que têm medo, erram, acordam num mau dia, têm preocupações outras além do esporte e muitos outros problemas. No entanto, sem que percebamos, passamos a pensar o contrário. É por isso que achamos tão estranho quando um piloto sai de uma corrida porque rodou ou porque bateu. Quem não criticou Mika Hakkinen no GP de Monza em 1999 quando liderava tranquilamente a corrida e rodou, sozinho? Depois o finlandês foi campeão mundial, mas as críticas não poderiam mais ser apagadas.
A magia do esporte está justamente nesse contraponto entre as máquinas mais perfeitas e avançadas de um lado (os carros) e, de outro, seres humanos comuns sujeitos a quaisquer erros (os pilotos). Que esporte, senão o automobilismo, une dois pontos tão díspares?
A mágica, no entanto, não acaba aí. Ela até aumenta se pensarmos na Fórmula 1 como um todo. Além de unir perfeição tecnológica à imperfeição humana, o esporte consagra os pilotos. Quem vence a disputa entre carros e pilotos são os seres mais imperfeitos. E essa percepção aumenta à medida que o público fica menos especializado. Alguns lembram que Piquet, Prost e Senna foram grandes campeões, mas lembrar os respectivos carros que os impulsionaram para tanto é pedir demais.
Mais do que Ferrari, McLaren ou Renault, falemos de Alonso, Hamilton, Massa, Raikkonen, Fisichella, Kovalainen e tantos outros. Veremos qual será, no próximo final de semana, o piloto que se mostrará menos imperfeito e sairá de Melbourne no topo na classificação.