Coluna Na Brita: O Alemão Odiado

Por Kleber Marques

O ódio ao alemão vem de cada domingo que ele vence as corridas, desde quando foi o cinegrafista da morte do Senna, quando alguns colunistas disseram que o alemão era culpado por “forçar muito o Senna” e vem até os dias de hoje. O problema realmente virou maior quando começaram a cogitar que o alemão era melhor do que o Senna tinha sido. Para os orgulhosos brasileiros patriotas da escola Galvão Bueno, isso foi um insulto.”Nós somos os melhores, isso não é possível” pensaram…

Depois que o Rubinho foi pra Ferrari dizendo que não seria o piloto 2 e sim o 1B e acabou humilhado domingo a domingo pelo alemão, o “alemão veloz” passou a ser o “favorecido, sortudo, beneficiado pela FIA, etc”. Cultura de país de terceiro mundo.

Já vimos muitas vezes o Galvão Bueno comemorando jogador de futebol da seleção brasileira se jogando na área e o juiz ter dado penalty. “É a malandragem brasileira”. Quando é contra o Brasil é um escândalo. Enfim, cultura de gente pequena mentalmente que na falta de possuir orgulho próprio, transfere seus desejos para um esportista e a cada vitória dessa pessoa, o torcedor inconscientemente acredita que o mérito também é dele, que esta no sofá da sua casa assistindo confortavelmente o evento esportivo, mas que por ter nascido no mesmo país, tem orgulho do feito.

A carência de um brasileiro competente pra desbancar o Schumacher é tão grande que elegeram o colombiano Montoya como o homem que desbancaria o alemão. Foi usada até a desculpa de que ele era sul-americano (olha de novo o regionalismo). O engraçado é que no futebol essas mesmas pessoas torcem contra a Argentina. Passados alguns anos, o colombiano tem apenas 7 vitórias no currículo e está prestes a ser rebaixado a piloto de equipe média (ha uma grande possibilidade de o Montoya correr pela Red Bull em 2007).

O ódio ao Schumacher é tão exacerbado que mexe com a razão dos patriotas. Ouvi colunista falando que ele apostava no Barrichello contra o Schumacher em 2005 pois não haveria trocas de pneus e o alemão gastava muito pneu. Ao final daquela temporada mais uma vez os patriotas saíram frustrados, pois o alemão fez praticamente o dobro de pontos do brasileiro. Um outro episódio marcante naquele ano foi na corrida de Indianápolis, quando o Schumacher após ser prejudicado num pit stop demoradíssimo da Ferrari saiu dos boxes junto ao Barrichello que rasgava a reta. Eu assisti a transmissão da SPORTV e naquele momento o narrador e o comentarista chamaram o Schumacher de “Dick Vigarista” e exigiam no ar uma punição para Schumacher. Na terça feira, após a corrida, Rubinho foi ao programa Linha de Chegada e afirmou que Schumacher não jogou sujo, apenas não recolheu, pois tinha o lado interno da curva pra ele e ainda afirmou que no lugar do alemão teria feito o mesmo. O comentarista não deu um pio…

O ódio ao Schumacher por parte dos patriotas é um assunto extenso e digno de análise psicológica profunda.



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