Coluna do Moneytron Onyx: A via-crucis de Barrichello

Por Leandro Kojima

Sakhir, três semanas atrás. Rubens Barrichello fica fora dos pontos.

Sepang, duas semanas atrás. Rubens Barrichello fica fora dos pontos mais uma vez.

Melbourne. Rubens Barrichello chega em um sofrido 7º lugar. Passa a maior parte do tempo atrás de um moleque, Speed, que vem se mostrando tão eficiente quanto barulhento.

Foram 3 etapas, de 18. 3 etapas discretíssimas, é verdade. A torcida nacional nunca se voltou tanto contra ele. Mas qual é o pecado de Barrichello?

Pergunto isso porque incomoda ver a torcida, a mídia, enfim, um monte de pessoas que subjulgam o desempenho de um piloto de F1 unicamente pelo o que é mostrado na TV criticando o piloto brasileiro. Fórmula 1 não é meritocracia, é circunstância. E o fato é o seguinte: Barrichello vem tendo problemas. Em Melbourne, o problema foi quanto aos freios. Além do mais, vem tendo problemas com adaptação ao carro. A torcida, tão maldosa quanto insensata, diz que Barrichello chora à toa. Quem somos nós para dizer algo? Quem somos nós para dizer que Barrichello é ruim unicamente porque Button, que por sinal está no seu 4º ano na estrutura, anda bem mais à frente a princípio? Será que entendemos tão mais assim que o piloto, que está dentro do carro, na equipe e que vive desse negócio de corridas de monopostos desde 1989?

A verdade é que Rubens Barrichello paga por ser brasileiro. Para por ter nascido aqui, em Terras Brasilis, a terra dos 8 títulos da F1, de Fittipaldi, Piquet e, principalmente, Senna, que cultivou uma imagem de que “o segundo é o primeiro entre os perdedores”, o que de cara faz com que Barrichello seja a imagem do fracasso. Um equívoco pensar isso. Barrichello não é um fracasso, não é idiota e está longe de ser um piloto ruim. Só não é Senna, e os brasileiros o culpam por isso. Não deveriam, pois Senna foi um só e é bom a turminha tupiniquim colocar na cabeça que não vai surgir algo assim tão logo. E aprender que F1 não significa brasileiro vencendo sempre. A Itália não ganha um título desde os anos 50. A França teve um gênio depois de 35 anos de F1, Prost, e depois não teve mais nada. A Alemanha só passou a ter alguém no topo com Schumacher. E curiosamente a choradeira parte daqui.

Depois de tantas durezas em sua carreira na F1, nenhuma pode ser maior que o desrespeito e a ignorância da torcida brasileira. Essa é a real via-crucis de Barrichello na F1.



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