Coluna do Joly: Esperança Branca

Por Luís Joly

A etapa realizada em Istambul, no novo e moderno circuito turco, trouxe muito mais do que mais emoção para as etapas finais da Fórmula 1 em 2005. Era claro para todo brasileiro, mesmo para os que acompanham, a sensação de insegurança, e ao mesmo tempo, frustração após o anúncio da transferência de Barrichello da Ferrari para a BAR.

Claro, a frustração continua. Afinal, Barrichello teve, até 2004, provavelmente o melhor carro já construído na Fórmula 1, durante o período mais hegemônico já visto nos tempos modernos. Parecia que os tempos de glória voltariam. Parece até que foi ontem que ele saiu da Stewart, no fim de 99, por cima. Arriscou o projeto do tri-campeão escocês e deu certo. Naquele ano, Barrichello era forte candidato para brigar Schumacher em 2000, quando a liderança da Ferrari ainda era embrionária. No entanto, nada disto aconteceu, e o resultado, nós todos sabemos.

Cinco anos se passaram, e finalmente o brasileiro resolveu botar as asas de molho. Infelizmente, fez isso tarde demais, justamente no único ano em sua estadia na equipe em que não está entre os líderes. E agora, parece recomeçar sua carreira – pela terceira vez. Assim como fez quando saiu de uma Jordan promissora ou uma Stewart ascendente.

Quem assistiu o GP da Turquia certamente não se surpreendeu somente com o traçado. Jenson Button, durante suas ultrapassagens arrojadas – e por vezes, até fáceis demais – , nem imaginava que em cada manobra, enchia o peito dos brasileiros de esperança para 2006. Sim, claro, todos nós sabemos que a Honda já deu muitas alegrias ao Brasil. Mas isso não era suficiente. Era preciso um pouco mais. Mostrar que ele não estava dando um passo atrás. Button fez isso para nós.

Em 2006, de quebra, ainda teremos Felipe Massa na Ferrari, justamente para assumir o ingrato papel de Rubens. Mas o momento é outro. Massa chegando sabendo que Schumacher terá mais poucos anos no cockpit principal da Ferrari. Claro, isso não nos deixa sem ter a esperança de que ele mostre ao alemão o que Barrichello, por motivos diversos, não mostrou ao alemão nos últimos anos. Mas essa é história para outra coluna.

Barrichello ganhou má fama no país. Assumiu precoce e injustamente o posto de principal piloto do país no pior momento possível. Mas, nas palavras dele, “segue em busca da realização do sonho: ser campeão mundial”. A equipe estará lá para ajudar. Não haverá Schumacher do lado. Resta saber se a esperança branca irá se concretizar como todos nós queremos. Isso, só o tempo dirá. Até lá.



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