Por Leandro Kojima
Não é algo difícil pra um fanático por automobilismo se lembrar: quais foram as duas equipes que brigaram pelo título em 2002 da Fórmula 3000 Internacional? Quem se lembrou da Arden de Tomas Enge, hoje na Panther na IRL, e da Supernova de Sebastien Bourdais, hoje atual campeão da Champ Cars, acertou. E parece que em Ímola, na estréia da Fórmula GP2, vimos essa briga renascer.
Ambas eram até então consideradas meio que zebras para essa corrida. As apostas choviam em cima de gente como Scott Speed e Nelsinho Piquet, que por sinal, foram até certo ponto as decepções da prova. A Arden alternava bons resultados com vazios incompreensíveis em alguns testes, enquanto que a Supernova, que iniciou 2005 muito tarde, só anunciou sua dupla de pilotos faltando dias para a primeira etapa. Enquanto isso, equipes como ART, ISport e Hitech/Piquet brilhavam. Mas, pelo que foi visto, experiência conta, e muito. A Arden levou uma, com Kovalainen, e a Supernova papou outra, com Adam Carroll.
Desde os treinos, já se esperava que a Arden iria andar bem, ainda mais depois que Nicolas Lapierre conseguiu a pole. Mas Lapierre perdeu seu fim de semana ao ter problemas de motor antes de sair dos boxes. Heikki Kovalainen ganhou meio que na sorte, depois que Giorgio Pantano saiu a duas voltas sem gasolina e Adam Carroll precisou parar no final para cumprir uma punição. Mas como sorte não faz milagre, Kovalainen tem seus méritos. A Supernova, em compensação, merecia ter levado as duas corridas, em vez de apenas uma. Perdeu a primeira porque Pantano ficou com o tanque vazio faltando duas voltas e Carroll teve uma punição, senão teria vencido de forma pateticamente fácil. A segunda foi mais fácil para Carroll, que largou em quarto e venceu sem maiores problemas.
E o resto? Bem, algumas decepções, nenhuma surpresa pra mim e algumas premissas confirmadas. A Coloni, por exemplo, não surpreendeu ninguém. Andou bem com Giammaria Bruni e muito mal com Matthias Lauda, que nem o pai acredita mais. A ISport até subiu no pódio na primeira corrida, obviamente com Scott Speed, já que Can Artam é patético. A BCN até se virou com Ernesto Viso nos treinos, mas os resultados não vieram em Ímola, ainda mais quando Viso rodou quando ia formar o grid na segunda corrida. Coitado do Hiroki Yoshimoto, que não deve ter feito 20km ainda com o segundo carro.
A Hitech/Piquet vinha com muitas esperanças para Ímola, principalmente com Nelsinho Piquet. Mas os problemas foram inúmeros com a equipe, principalmente com Xandinho Negrão, que não conhecia o circuito e não conseguiu se adaptar muito rapidamente. Nelsinho ainda conseguiu três pontinhos, com uma segunda corrida agressiva e cheia de ultrapassagens. A DAMS colocou José-Maria Lopez no pódio e andou bem em geral, mas só com ele também, já que Fairuz Fauzy é ruim demais pra qualquer coisa. A ART andou bem, sem estardalhaço, e não conseguiu aproveitar a primeira fila na segunda corrida. Premat até chegou ao pódio na segunda corrida, enquanto que Rosberg saiu da prova sem freios quando liderava.
Neel Jani foi o que salvou a Racing Engineering com 3 pontos, já que Borja Garcia, depois de guiar uma Toyota, desaprendeu a guiar o carro da GP2. Juan Cruz Alvarez andou bem em alguns momentos e conseguiu dois pontos, com Sérgio Hernandez marcando um pontinho. Mas nada de espetacular da Campos Racing. A Dave Price colocou Olivier Pla nos pontos na segunda corrida e foi discreta com Ryan Sharp. Nenhuma surpresa. Outra que infelizmente não surpreendeu foi a Durango, que andou mal o tempo todo, tanto com Clivio Piccione quanto com Ferdinando Monfardini.
Essa foi a primeira rodada, em Ímola. Surpresa da Arden (até certo ponto, pois foi a campeã) e da Supernova (essa, sim, surpreendente), decepções até certo ponto de ART, Hitech/Piquet e ISport, corridas movimentadas e as primeiras amostras do que será a GP2 em 2005. Faltou apenas a transmissão para o Brasil, transmissão que teve em muitos outros países do mundo, com audiência boa, até. De qualquer jeito, fiquem de olho na GP2.
FÓRMULA 1: É, Alonso venceu mais uma. Que deveria ter ido pra Schumacher, mas que não foi devido à impossibilidade de ultrapassar em Ímola (imagine o que Schumacher não teria tentado se houvesse uma Tamburello como a antiga). E falando em Tamburello, hoje faz 11 anos que o tricampeão Ayrton Senna morreu. E como vão chover homenagens, justas por sinal, sobre o piloto brasileiro, fica aqui a minha lembrança de Roland Ratzenberger, o austríaco que morreu um dia antes nos treinos de Simtek, e que quase nunca é lembrado por ninguém.
Voltando a falar da prova de Ímola, destaco a subida da McLaren (que, por sinal continua azarada com Raikkonen e eficiente com seus test-drivers, dessa vez Alexander Wurz) e da BAR. A Toyota andou mal, o que era esperado. E a Williams continua despencando. E Mark Webber voltou a atacar, dizendo que Nick Heidfeld não ajuda a equipe. O mesmo que disse que não ajudaria Christian Klien no ano passado. Não quer ajudar, mas sim ser ajudado. Pode? Se pelo menos, andasse 20% do que seu ego sugere, já estaria bom.