Coluna Speed-trap: Michelin, Bridgestone e suas eleitas

Por Kleber Marques

A virada do século ficou marcada na F-1 pela ascensão e domínio absoluto da Ferrari. A equipe italiana, planejou a longo prazo sua reestruturação a partir de 1996 e vem obtendo sucesso progressivo desde então. No final dos anos 90 já poderia ter sido campeã, com o então bicampeão Michael Schumacher, mas a equipe sofria com o desempenho inferior dos pneus Goodyear da época.

O primeiro título veio em 2000, em Suzuka, celebrando a união Ferrari-Bridgestone. No ano seguinte, a Michelin que havia deixado a categoria no final de 1984, voltou a F-1 com a equipe Williams e desde então vem conquistando a parceria de várias outras equipes, porém sem sucesso, pois a Ferrari continuou vencendo até 2004.

Após tantos anos de sucesso da fabricante japonesa de pneus e da equipe de Maranello, a FIA resolveu adotar um pacote de mudanças para 2005.

Eis que a Michelin sugere a mudança da regra dos pneus: ao invés de durar cerca de 15 voltas, os pneus deverão durar a corrida inteira. A FIA após algum tempo concordou. Aqui fica uma pergunta: será que a Michelin já havia testado compostos mais duráveis? Será que tinham informação privilegiada de que a FIA adotaria a sugestão deles? Pelo início da temporada 2005, há fortes indícios que essas hipóteses podem não ser tão fantasiosas. A Ferrari que vinha dominando a categoria, começou dando vexame na Malásia, e Rubens ficou sem pneus no final da corrida do Bahrain.

Tomando como base o desempenho de 2004, a queda da equipe italiana foi vertiginosa. É improvável se pensar que algumas alterações aerodinâmicas tornaram o carro tão inferior. Inicialmente pensou-se que o carro de 2004 modificado (adotado nas duas primeiras corridas de 2005) estivesse causando o desgaste prematuro dos pneus. Com a estréia do F2005 e o desempenho de Barrichello no final da prova, ficou evidente que o carro não é o principal culpado.

A Ferrari até então vinha adotando um discurso de cautela, preservando sua parceira japonesa. Porém, Barrichello, após o fracasso no Bahrain, “soltou o verbo” após esta corrida no microfone da Rádio Bandeirantes, culpando os pneus. A Bridgestone admitiu a culpa.

Uma das justificativas dadas pelas equipes adversárias da Ferrari sobre o fracasso em obter o campeonato mundial de pilotos era que a Ferrari podia contar com pneus sob medida para seus carros. Após o início da temporada 2005, a Renault, uma das equipes parceiras da Michelin, começou a se destacar no campeonato, com 3 vitórias em 3 corridas. Logo começaram a surgir os boatos de que a Michelin estaria adequando os compostos deles à equipe de Briatone (afinal de contas, tanto a fabrica de pneus como a equipe de F-1 são francesas).

Nas regras atuais da F-1, os pneus têm que conseguir um equilíbrio delicado entre velocidade e durabilidade. Dependendo do carro que usa determinado pneu, o conjunto chassis-suspensão, pode demandar maior ou menor gasto de borracha. Especulou-se que o equilíbrio ideal poderia ocorrer nos carros da Renault.

Tudo não passava de boato, mas já começam a aparecer vestígios de um fundo de verdade na história. A Mclaren vêm se queixando que o carro deles é muito “gentil” com os pneus. Nota-se nas corridas iniciais da temporada um desempenho fraco dos carros de Ron Dennis nas voltas lançadas (onde conta muito conseguir alcançar rapidamente a temperatura ideal) contrastando com um desempenho muito bom no final das corridas. Dennis já pediu publicamente à Michelin para que fabriquem compostos mais suaves para eles.

Talvez as duas fábricas de pneus já elegeram suas candidatas ao título.

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