Por Leandro Kojima
GP da Bélgica de 2002 da Fórmula 3000: Giorgio Pantano vence a corrida e fica a apenas 6 pontos de Sebastien Bourdais, o líder do campeonato. Falta ainda uma corrida, em Monza, e Pantano é considerado a grande surpresa da temporada, com um estilo arrojado e ousado.
GP da Itália de 2004 da Fórmula 1: Giorgio Pantano roda e abandona a prova. Nem sua mãe acredita mais nele, que guia uma Jordan mequetrefe. Tio Eddie está doido pra colocar Timo Glock em seu lugar, o que acaba acontecendo, na corrida seguinte.
São dois lados da mesma moeda. Mas o automobilismo é assim mesmo, em um dia você vence, é assediado por fãs e dá entrevistas a todos os jornais do mundo, e no outro você larga em último e bate na primeira volta, sendo deixado de lado. Foi assim com Giorgio Pantano.
Pode parecer estranho uma coluna sobre ele, em um momento desses, com GP no Bahrein, corrida em circuito misto na IRL e a morte do Papa. Mas é que Pantano é o principal candidato à vaga na Supernova, a única equipe com vagas na Fórmula GP2 ainda. Ele briga por essa vaga com Adam Carroll, Hayanari Shimoda e Bruce Jouanny. E eu estou torcendo por ele desde já.
Eu passei a torcer pra ele a partir da metade da temporada 2002 da Fórmula 3000. Até então, pra mim, era mais um desses doidos da Fórmula 3000 que só sabem rodar, causar belos acidentes na largada e tentar ultrapassagens em curvas impossíveis em momentos impossíveis. Em 2001, fez uma temporada caótica, vencendo em Monza, e ao mesmo tempo participando de momentos absurdos, como em um acidente com Ricardo Sperafico na largada do GP do Brasil. Em 2002, vinha meio desacreditado devido a esse estilo de guiar, mas daí ele aprendeu a lição, e passou a fazer corridas arrojadas e ao mesmo tempo corridas inteiras, que duravam todas as voltas. Assim, Pantano começou a conseguir resultados e quase ganhou o título da temporada naquele ano. Em 2003, tinha um carro meio precário nas mãos, mas mesmo assim foi 3° colocado, vencendo duas corridas. Assim, passei a torcer pra ele conseguir um lugar na F1 no final daquele ano, pensava “ah, a Fórmula 1 precisa de um Pantano”. E foi o que aconteceu.
Pantano entrou na Jordan em 2004. Naquele momento, foi o último piloto a conseguir uma vaga naquela temporada. Seu companheiro de equipe seria Nick Heidfeld. Como pra maioria das pessoas, jornalistas e torcedores, ele era um desconhecido, estava desacreditado, ainda mais com a carroça amarelada da Jordan em suas mãos. E a descrença se confirmou: Pantano andou atrás (não tão atrás assim) de Heidfeld durante toda a temporada e não marcou nenhum ponto. Pra piorar, Timo Glock, que correu em seu lugar no Canadá, marcou 2 pontos logo em sua estréia. Assim, a imprensa caiu em cima do italiano, mesmo sabendo que ele não errava, não andava tão atrás assim do Heidfeld e tinha um carro tosco nas mãos. E apenas eu, um solitário torcedor brasileiro, ainda pensava “ah, ele ainda vai calar a boca do resto do mundo e vai deslanchar, e vai ter uma ultracarreira na Fórmula 1”.
Não calou a boca do resto do mundo e não deslanchou. Pelo menos, a princípio. Saiu pela porta dos fundos, enxotado por Eddie Jordan, que estava doido pra ter Glock em seu carro. E é por isso que eu quero ver ele guiando na Supernova esse ano. Na GP2, talvez, ele possa reconstruir sua imagem de piloto ousado e arrojado, de ultrapassagens divertidas e corridas bonitas. Não é justo que alguém como ele fique de fora da Fórmula 1, que anda abrigando, dando carro e carinho a bananas como Coulthard e Monteiro. E é por isso que eu estou, sozinho mas perseverante, torcendo pra Giorgio Pantano.
GP DO BAHRAIN: Dessa vez, vi a corrida inteira. E percebi que, se o regulamento até permite umas e outras ultrapassagens, lá vem o Hermann Tike e seus kartódromos crescidos pra atrapalhar. Impressionante como o circuito de Sakhir é difícil pra ultrapassar, vide Pedro de la Rosa (que por sinal me surpreendeu) que demorou pra passar Webber. Alonso venceu com folga e disparou na classificação, com um surpreendente e animado Trulli em segundo. Schumacher finalmente vinha fazendo uma corrida legal, mas acabou ficando no começo. Rubinho mal, Webber abaixo das expectativas, Fisichella caindo, Raikkonen na dele, Villeneuve patético e a BAR decepcionando. E depois de duas corridas em Sepang e Sakhir, e tendo como a próxima Ímola, fico esperando pacientemente Spa, na Bélgica, no 2° semestre…