Coluna do Rafael Ligeiro: Nova Sauber à vista

Por Rafael Ligeiro

Nem paupérrima, nem rica. Nem fraca, tampouco equipe de ponta. Esse é o perfil da Sauber, uma equipe mediana para os padrões da Fórmula-1, cujo centro das atenções sempre foi os motores fabricados pela Ferrari e que passa por um momento de definições fora das pistas. A primeira ocorreu na semana passada com a escolha da Michelin como distribuidora de pneus para o próximo campeonato.

A Sauber era uma das poucas remanescentes que utilizava Bridgestone, marca adotada desde o mundial de 1998. No último campeonato, além do time, somente Ferrari e Minardi recebiam compostos da marca japonesa. Essa decisão certamente apenas piorou a relação entre os suíços e a equipe de Maranello, que já vinha abalada desde a semana posterior ao GP Brasil, colocando em xeque a continuidade do conjunto Sauber-Ferrari. Peter Sauber e dirigentes de outras oito equipes assinaram uma proposta para a redução de testes, o que foi um tiro na Ferrari, única a não participar desta requisição e que nunca mostrou entusiasmo por medidas que levem a redução de custos.

Depois desses episódios, há garanta que esse casamento de oito anos chegou ao fim. Segundo recente coluna de Flávio Gomes, publicada no site Grande Prêmio, Peter, na manhã seguinte a assinatura da medida, emitiu um comunicado garantido fidelidade à equipe de 11 títulos nos últimos seis anos. Seria essa uma demonstração de que ainda há interesse no motor Ferrari ou apenas para evitar atrito com os italianos em pleno domingo de corrida em Interlagos? No final das contas, a escuderia de Enzo e Dino estaria disposta a deixar de lado os 25 milhões de dólares que a Sauber paga pelos propulsores? É melhor esperar para ver. E o máximo que podemos afirmar no momento é que essa relação está balançando.

Se outra marca surgir, o time deixará de lado uma história que foi além da própria compra de propulsores. Em diversos momentos, Sauber e Ferrari pareciam fazer parte de uma “associação”. Para quem não se lembra, em 1997, primeiro ano em que a equipe de Peter Sauber usou motor ferrarista, o piloto de testes Nicola Larini foi cedido pelos italianos para ser titular na escuderia de Hinwill. Felipe Massa estreou na F-1 em 2002 pelo time suíço, foi test driver na Ferrari e voltou para a Sauber na última temporada. E há quem garanta que seu regresso para Maranello é apenas questão de tempo.

Havia um contrato anual de parceria além da distribuição de motores? Até que ponto a Ferrari poderia influir na escolha de pilotos dos suíços? E em questões políticas? Como a Sauber seria beneficiada com essas eventuais manobras? Eis questões cuja restrição eterna e gigantesca do paddock não permitem respostas concretas, somente deduções. De qualquer maneira, a verdade é que Sauber e Ferrari foram muito ligadas entre si e o resultado dessa dobradinha sempre foi positivo para ambas as partes. Mas somente por adotar os compostos Michelin, Peter Sauber já se mostra disposto a editar uma nova página na sua equipe, com ou sem Ferrari.

E se não for de Ferrari em 2005

Das montadoras presentes na F-1, uma delas certamente não seria a distribuidora de motores da Sauber: a Honda. Além da grande evolução com a BAR, os japoneses possuem contrato de exclusividade com o time de Brackley. Com isso, as outras opções seriam Renault, Toyota, BMW e Mercedes. Há algum tempo, a Renault vem anunciando o interesse em voltar a fabricar propulsores para a F-1, assim como a Toyota, que poderá ter unidades de 2004 vendidas para a Jordan. Com a BMW as chances são remotas pois os alemães não estão contentes com o regulamento de motores V8, previsto para 2006. E atendendo como favorita está a Mercedes.

A fábrica de Stuttgart reeditaria uma parceria que deu certo no Mundial de Esporte Protótipos e em 1995, quando equipou o time suíço na F-1 e posteriormente partiu para a McLaren. Aliás, a equipe chegou a oferecer motores Mercedes para Sauber em 2002, como troca por Kimi Raikkonen. Peter não aceitou a oferta e preferiu receber os 25 milhões de dólares pela transferência do finlandês, mesmo valor que uma das patrocinadoras da Sauber, a petrolífera Petronas pagava pelos motores Ferrari.



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