Coluna do Rafael Ligeiro: Sonho adiado

Por Rafael Ligeiro

Enfim acabou um dos maiores impasses da história da Fórmula-1: Jenson Button fica na BAR em 2005. Para o time de Brackley representa tanto como o primeiro lugar que faltou nesta temporada, um êxito incalculável. Apesar da lista de pretendentes envolver pilotos promissores, Button já está adaptado com a equipe e deverá continuar um ótimo trabalho. Além disso, se trata de um prêmio à persistência da equipe que jamais deixou de brigar por seus direitos.

No início, a cúpula da BAR parecia conformada com a perda do inglês para a Williams. Porém, paulatinamente começou a agir e entrou com um recurso no Comitê de Regulamentação de Contratos (CRB). A equipe acabou declarada vencedora e Button será obrigado a cumprir todo seu vinculo contratual, que termina no fim do campeonato de 2005. Ao inglês, resta o sonho adiado para 2006.

Olhando para a tabela de classificação da atual temporada, certamente causa estranheza o desejo incontrolável de Jenson em partir para a Williams. Mas algumas questões certamente influem nessa vontade de voltar a guiar para a equipe em que estreou na F-1. Inegavelmente, a primeira delas é financeira.

Cogitado em cerca de 18,8 milhões de dólares, o salário anual oferecido para Button é um dos maiores da história da Williams, semelhante aos 20 milhões que Ayrton Senna receberia em 1994. Isto mostra a fascinação de Frank Williams (sujeito que não costuma colocar muito a “mão no bolso” por seus pilotos) pelo pupilo, que enfim atingiu a maturidade que o dirigente esperava.

Desde 2000, quando surgiu na principal categoria do automobilismo em um dos monopostos de Frank, ficou evidente que o garoto então oriundo da F-3 possuía um talento muito grande, não merecia ser desperdiçado. Bastava lapidar sua pilotagem. Para isso foi “emprestado” para Benetton (que posteriormente se tornou Renault) e BAR. Nesta última atingiu um momento importante na carreira. E vale ressaltar que os vieram resultados inclusive em 2003, quando tinha um carro apenas razoável em mãos. Além disso, se mostrou maduro para evitar confusões com Jacques Villeneuve.

Outro fator e o mais importante de todos é a estrutura da Williams. Mesmo sem grandes resultados nesse ano, a equipe possui tradição e um staff fantástico. Em outras palavras, Williams é Williams em qualquer ocasião e será assim ainda por longos anos. Já a BAR, mesmo com o apoio da Honda até 2007, pode ser uma incógnita em médio prazo. Wolf, Alfa Romeo, March, Lotus, Tyrrell e Benetton são apenas algumas escuderias que tiveram seu momento de competitividade, porém caíram em decadência.

Sem Button, resta um cockpit valioso na Williams para o próximo ano. A principio, há quatro concorrentes pela vaga: David Coulthard, Nick Heidfeld, Anthony Davidson e Antônio Pizzonia. Coulthard já trabalhou no time e aceita facilmente ser o número dois. Seria um bom “tapa buraco”. Heidfeld poderia contar com a influência da BMW, o que pode também não significar muito. A montadora certamente não anda muito contente com o regulamento dos motores V8, previsto para 2006, e poderá deixar a categoria. Anthony Davidson é inglês, como Frank gosta, mas pode esbarrar pela inexperiência. Já Pizzonia atende como principal favorito. Além da admiração dos dirigentes do time, agradou nas corridas em que substituiu Ralf Schumacher.

Mas apesar da derrota, Button é presença garantida na Williams em 2006 e seu companheiro, a salvo um rendimento pífio, será Mark Webber. Contanto, não duvidem que o substituto de Jenson na escuderia de Frank em 2005 será o mesmo na BAR no ano seguinte, envolvido em uma troca. Esperamos, porém, que seja uma manobra bem menos confusa que o Buttogate.



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