Coluna do Rafael Ligeiro: Que venha Xangai

Por Rafael Ligeiro

A China não é mais a mesma. É esta minha impressão quando comparo o atual quadro socioeconômico do país ao de quinze, vinte anos atrás. A conturbação política, ocorrida na segunda metade dos anos 80, deu lugar a uma economia sólida e promissora. Apontada como aquela que deverá obter o maior crescimento no mundo nesse século, possuí um PIB de fazer inveja a qualquer país do dito “Primeiro Mundo”. Contanto o quadro social se tornou mais ameno e democrático, representado fielmente pela calmaria presente em Tian An Men, mesma praça que outrora fora cenário do famigerado massacre a manifestantes, em 1989.

Certamente esta evolução foi o motivo fundamental para que o país de 9.651.000 km2 de território enfim ganhasse uma prova da Fórmula-1. Em 1998, a China (através do circuito de Zhulai) havia sido incluída em um pré-calendário, entretanto a coroação ao esforço chinês para abrigar uma corrida acontecerá nesse domingo, em Xangai.

Muitos torcedores certamente se questionam: Afinal, como é o palco desta etapa no oriente? Até agora apareceu esporadicamente nos veículos de comunicação, ao melhor estilo “pouco se sabe, pouco se viu”. Porém tenham certeza que Xangai é um dos melhores autódromos do mundo. Dono de uma belíssima arquitetura, o circuito possui excelente estrutura nas dependências e áreas de serviço, elogiada inclusive por Jenson Button. Em termos de segurança, as zonas de escape são amplas, algumas utilizando somente o asfalto e há diversas curvas com o famoso “ângulo de segurança”. Mas não pára por aí. O traçado de 5451 metros é desafiador: diversas curvas podem ser percorridas sob alta velocidade. Subidas e descidas também são marcas bastante perceptíveis aos espectadores.

A equipe que tem maior chance de decifrar esse “enigma” é justamente a Ferrari. Como se não bastasse o baile na concorrência durante o atual campeonato, os italianos possuem um retrospecto respeitável em Sepang e Sakhir, duas pistas semelhantes a Xangai – e também projetadas por Hermann Tilke. No Grande Prêmio malaio, disputado desde 1999, são quatro vitórias – em seis etapas. No Bahrain, neste ano, o primeiro lugar ficou com Michael Schumacher. Para “esquentar” ainda mais o fim de semana, este será o primeiro dos três rounds que definirão a vice-campeã no mundial de Construtores. E será uma batalha intensa.

Em principio, a potência do motor Honda faz da BAR favorita para as duas próximas corridas e, conseqüentemente, à conquista. Mas não pensem que a Renault está morta. Apesar de ter somado apenas 12 pontos nos últimos cinco GPs – contra 32 da rival – somente dois pontos a separam da equipe de Brackley. Outro atrativo na Renault será a reestréia de Jacques Villeneuve na Fórmula-1. Após quase um ano fora das pistas – a última apresentação foi em 28 de setembro de 2003, em Indianápolis, o canadense substituirá Jarno Trulli até o final da temporada. Depois parte para a Sauber. Além da F-1 voltar a ter mais de um campeão em ação, Jacques agarrará essas oportunidades como nunca. Lógico. Nesse início, a falta de ritmo vai pesar, mas o vencedor de 1997 recompensará com muita garra. Será um “legitimo” Villeneuve.

Papo Ligeiro

Top Five- Xangai é o quinto circuito mais extenso dos 18 que compõem o atual quadro da Fórmula-1. A pista que abrigará a primeira prova da categoria em solo chinês perde somente para Spa (6973 metros de extensão), Suzuka (5807), Monza (5793) e Sepang (5543).

Quatro pontos- Além da briga pelo vice no mundial de Construtores, Xangai poderá ter a definição da mesma colocação no mundial de Pilotos. Com 30 pontos em disputa nas últimas três etapas do ano, Rubens Barrichello tem 98 contra 71 de Jenson Button. Para alcançar o vice-campeonato já na China, basta somente concluir a prova em quinto.

Mandando um abraço- Ao amigo leitor Daniel Santana.



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