Brasileiro fazia uma corrida admirável quando a emoção das arquibancadas se transformou em apreensão e o ruído do autódromo deu lugar ao silêncio mais ensurdecedor do fim de semana
Havia algo de simbólico no traçado de Interlagos neste sábado. O asfalto quente, o vento cortando as arquibancadas e o nome Gabriel Bortoleto ecoando em coro de esperança. O jovem brasileiro, que carrega nas cores da Sauber o renascimento de um país inteiro na Fórmula 1, conduzia uma Sprint de personalidade — firme, técnica, ousada. Cada ultrapassagem era celebrada como um gol.
Na reta final da prova, Bortoleto já havia deixado Isack Hadjar para trás e duelava com Alexander Albon pela décima posição — uma batalha intensa, de quem corre com alma. O público acompanhava em pé, os olhos alternando entre o telão e a curva do S do Senna, o coração acelerado no mesmo ritmo do motor Ferrari da Sauber.
Por um instante, Interlagos acreditou. Bortoleto mergulhou por dentro, freando tarde, como só os corajosos sabem fazer. Passou Albon no primeiro trecho do S, mas o tailandês reagiu e retomou a posição na Reta Oposta. O duelo parecia prenunciar mais uma volta de pura emoção, mas veio o imponderável — aquele instante que separa o delírio da incredulidade.
Na tentativa final, o brasileiro voltou a arriscar por dentro, pisando numa faixa ainda úmida e coberta de detritos — uma armadilha silenciosa que o fez perder o controle. O carro deslizou, tocou o muro interno da reta dos boxes e parou na barreira de proteção. O impacto foi seco, forte, daqueles que cortam a respiração antes de qualquer palavra.

E então, algo raro aconteceu em Interlagos: o barulho cedeu espaço ao silêncio.
As bandeiras pararam no ar, as vozes calaram-se. A euforia virou um único pedido coletivo — “sai do carro, Gabriel”. Nos rostos da arquibancada, as expressões de espanto se misturavam à esperança. Mãos na cabeça, olhos marejados, celulares imóveis. Por alguns segundos, o autódromo mais vibrante do mundo ficou em suspenso.
Quando Bortoleto abriu o cinto e deixou o carro, a tensão explodiu em aplausos — aplausos longos, sinceros, quase emocionados. O jovem de São Paulo, que corria diante do próprio povo, transformou o susto em alívio.
O F1Mania.net apurou junto a Lincoln Oliveira, pai do piloto e CEO da Stock Car, que Gabriel foi atendido no centro médico do circuito e liberado sem ferimentos. Agora, a equipe Sauber trabalha contra o relógio para reconstruir o carro a tempo da classificação, marcada para 15h, que definirá o grid de largada da corrida principal, no domingo às 14h (horário de Brasília).
O F1MANIA.NET acompanha o GP de São Paulo de Fórmula 1 in loco, com cobertura de Gabriel Gavinelli, Leonardo Marson e Nathalia De Vivo, direto de Interlagos.
