Rafa Câmara fala sobre ascensão à F2, relação com Bortoleto e sonho de chegar à F1 pela “porta da frente”

Do kart de Interlagos à Ferrari: a jornada de Rafa Câmara até a Fórmula 2

O brasileiro Rafa Câmara vive uma fase especial. Campeão da Fórmula 3 em 2025 e confirmado na Fórmula 2 pela Invicta Racing, o piloto de 19 anos falou com a imprensa nesta quinta-feira, em Interlagos, sobre os aprendizados, os planos para o próximo ano e a inspiração em Gabriel Bortoleto — com quem trilha um caminho muito parecido nas categorias de base.

Constância, foco e o exemplo de Bortoleto
Ao comparar seu momento com o de Bortoleto, Rafa destacou que o segredo não está em resultados isolados, mas na regularidade. “O que mais chamou a atenção foi a constância dele em todas as corridas. Mesmo com começo conturbado na F2, ele voltou para o campeonato com resiliência, sempre com aquele foco de fazer corrida por corrida. Claro que você pensa em pontuação, mas o mais importante é maximizar cada prova e focar no que está no seu controle. Ele deu uma lição para todos os pilotos que vieram depois dele”, disse Câmara aos jornalistas incluindo o F1Mania.net.

O pernambucano também afirmou que encara a pressão como algo positivo. “Pressão é boa, significa que você está fazendo um bom trabalho. No fim do dia, o que te faz dormir tranquilo é saber que deu o máximo. Eu foco no que controlo e faço o dever de casa.”

Ferrari, F2 e o sonho da F1
Campeão pela Trident, Rafa agora sobe à Fórmula 2 pela Invicta Racing, mesma equipe onde Bortoleto conquistou destaque. “Nunca é fácil, mas já estou me preparando. Faço simulador, conheço o pessoal da equipe e vou acompanhar a última corrida em Abu Dhabi para entender como trabalham. Depois vêm três dias de testes e aí começa tudo do zero.”

Membro da Ferrari Driver Academy desde 2021, o brasileiro ressaltou o impacto do programa em sua formação. “A Ferrari me ajudou muito como profissional e como pessoa. Fiquei mais responsável, amadureci. Ganhar a Regional, depois a Fórmula 3 e agora ir para uma equipe forte na Fórmula 2 me deixa contente de poder seguir esse trabalho junto com eles. Quem sabe, um dia, estar com a Ferrari também na Fórmula 1.”

Sobre a possibilidade de chegar à categoria máxima pela “porta da frente”, Rafa manteve os pés no chão. “É longe e perto ao mesmo tempo. Ainda tenho o ano da F2 inteiro pela frente e preciso provar que sou bom o suficiente. Vou passo a passo, focar no ano que vem, fazer um bom trabalho. Se der tudo certo, quem sabe uma vaga e poder compartilhar o grid com o Gabriel.”

Rafael Câmara
Foto: Ferrari Driver Academy

Um novo Brasil no automobilismo
Rafa também comentou o crescimento do interesse dos brasileiros pelas categorias de base. “Na Fórmula 3 deu para sentir a torcida, ainda mais aparecendo na Band. Até quem não conhecia passa a entender o esporte. O brasileiro é emotivo, isso empurra a gente. Em momentos difíceis, o saldo é positivo.”

O piloto acredita que o cenário vem se transformando: “O Brasil sempre teve bons pilotos, mas é um esporte caro, nem todos têm oportunidade de continuar. Ver brasileiros na Fórmula 1 dá esperança pra quem está começando. Agora teremos dois brasileiros na F3, e isso mostra que o movimento está crescendo.”

Lições de Drugovich e convivência com Bortoleto
Câmara também falou sobre Felipe Drugovich, campeão da F2 em 2022 e atual piloto da Fórmula E. “Às vezes é não estar no lugar na hora certa. Ele mesmo disse que ficou muito perto. A lição é que você não controla tudo, o esporte pode ser ingrato. Eu fico tranquilo se der o meu melhor, chegue à F1 ou não. Ele é ótimo piloto, provou isso e agora começa uma nova fase. É importante ter a cabeça aberta para outras opções.”

Sobre Bortoleto, o tom foi de amizade. “A gente não fala muito sobre corrida, mas somos amigos desde o kart. Quando entrei na Trident ele passou algumas dicas no simulador. Sempre se colocou à disposição e me parabenizou pela F3. É uma amizade que quero manter, e espero um dia batalhar com ele de novo na pista.”

Próximos passos
O foco agora é a adaptação à Fórmula 2, uma categoria que exige maturidade e técnica, especialmente diante de adversários experientes. “O Colton Herta, por exemplo, é um piloto pronto, com vitórias e experiência. Mas eu foco no meu trabalho com a equipe, preparação no simulador e estratégia. O grid é muito preparado, então o objetivo é brigar por vitórias e título.”

Rafa encerrou projetando o que seria um marco importante para 2026: “Seria uma oportunidade incrível fazer um treino livre de sexta-feira, um FP1. Ainda é difícil falar, mas se eu fizer uma boa temporada antes do Brasil, pode acontecer. Por enquanto, é trabalhar e aproveitar cada chance.”

O F1MANIA.NET acompanha o GP de São Paulo de Fórmula 1 in loco, com os jornalistas Gabriel Gavinelli e Nathalia De Vivo.



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