Com desempenho sólido em Spa e atitude decisiva na pista, Bortoleto conquista espaço técnico e moral dentro da Sauber — e ganha a confiança de Jonathan Wheatley
O GP da Bélgica de 2025, vencido por Oscar Piastri, não foi apenas mais um bom resultado para Gabriel Bortoleto. Foi uma demonstração clara de que o jovem brasileiro começa a construir, dentro da Sauber-Audi, mais do que regularidade: ele está conquistando voz. E, com ela, vem conquistando também a confiança de quem importa — Jonathan Wheatley, chefe da equipe e investimento da fabricante alemã para o futuro na F1.
Em uma das pistas mais exigentes do calendário, Bortoleto encerrou o fim de semana em Spa-Francorchamps com dois pontos valiosos após cruzar a linha de chegada em nono lugar. Mas mais do que a colocação, o que chamou a atenção foi a maneira como ele construiu esse resultado. Pela primeira vez na temporada, Bortoleto classificou-se para o Q3 em ambas as sessões — tanto na Sprint quanto na classificação principal — e foi o protagonista de um momento de maturidade incomum para um estreante: pediu a troca de posições com Nico Hülkenberg via rádio, justificou com ritmo e foi atendido.

Dupla presença no Q3 e consistência no traçado mais exigente do calendário
O fim de semana começou forte já na sexta-feira, com o brasileiro avançando ao SQ3 da Sprint Qualifying e garantindo o décimo lugar no grid curto. “O carro estava sólido durante toda a sessão — mas realmente a volta do SQ2 foi perfeita”, comentou após o treino. No sábado, repetiu o feito na classificação principal, também com o décimo melhor tempo. “Sabia que precisava me recompor e focar em melhorar no Q2, dando tudo o que tinha. Fico feliz que tenha funcionado”, disse.
Na Sprint, Bortoleto conquistou um positivo nono lugar sob pista molhada. Mas foi no domingo que veio o grande destaque. Largando com compostos intermediários novos, o brasileiro fez sua parada na volta 13 para pneus médios, em uma estratégia certeira. Ao retornar à pista, foi superado por Hülkenberg na curva La Source, mas rapidamente percebeu que o companheiro não conseguia acompanhar o ritmo dos carros à frente. Chamou a equipe no rádio e sugeriu a inversão. Foi atendido — e respondeu abrindo vantagem na pista.
Leia também: Bélgica marca “virada moral” na briga pelo título e evolução de Bortoleto na F1
Wheatley reconhece: Bortoleto conquista espaço real na Sauber
O episódio, embora simples, foi simbólico. E não passou despercebido. Jonathan Wheatley, que chegou à Sauber como uma das apostas da nova estrutura liderada por Mattia Binotto, com foco no projeto da Audi para 2026, elogiou publicamente o brasileiro: “Gabi entregou mais uma vez uma atuação impecável. Foi sólido o fim de semana inteiro nos treinos, na Sprint e na corrida.”
Para quem acompanha o projeto de renovação da equipe, as palavras de Wheatley têm peso. E elas indicam uma mudança clara: Bortoleto, ainda que atrás de Hülkenberg na tabela geral, vem conquistando espaço real dentro do time — e parece ter ganhado a confiança de uma das peças-chave da estrutura técnica e esportiva da Sauber. O respaldo não veio por simpatia ou promessa: veio por desempenho. Em classificação, ritmo e tomada de decisão, Bortoleto entregou — e foi ouvido.

Construção em curso
A nona colocação em Spa representa mais do que a soma de pontos. Mostra consistência em uma pista técnica, desempenho em condições variáveis e evolução real dentro da temporada de estreia. “Nosso ritmo foi sólido durante todo o fim de semana, e isso é mérito de toda a equipe por me dar um carro em que me senti bem em todas as sessões”, destacou.
A próxima etapa será no Hungaroring, encerrando a primeira metade do campeonato. E o foco já está lá. “Conquistamos mais dois pontos, e isso me dá confiança extra para a próxima etapa em Budapeste. Sinto que estamos caminhando na direção certa, e estou animado para continuar pressionando e encerrar a primeira metade da minha temporada de estreia em alta.”
Mais do que somar pontos, Bortoleto mostrou que entende do jogo — e está aprendendo rápido a jogá-lo.
