No Paddock da F1: C6 retorna em Baku e abre espaço para novas estratégias de pneus

A Fórmula 1 encerrou a sua parte europeia da temporada e agora cruza fronteiras rumo ao terço final do campeonato. O destino é Baku, cujo nome significa Cidade dos Ventos, palco do Grande Prêmio do Azerbaijão desde 2016 (com exceção de 2020). A prova é disputada em um traçado de rua que se tornou um dos mais desafiadores e imprevisíveis do calendário, combinando trechos históricos da cidade velha com largas avenidas modernas à beira do Mar Cáspio.

O retorno do C6 e o impacto nas estratégias
A Pirelli decidiu ousar em Baku: vai levar o trio mais macio da gama – C6 (macio), C5 (médio) e C4 (duro). É um passo mais agressivo em relação ao ano passado, quando a escolha foi um degrau acima em dureza (C3, C4 e C5).

O retorno do C6, que já apareceu em Ímola, Mônaco e Montreal nesta temporada, muda completamente o cenário estratégico. Em 2024, a seleção mais conservadora fez a corrida se encaminhar para uma única parada, com 14 pilotos largando de médio (C4 à época) e os demais de duro (C3). Estratégias alternativas só surgiram em casos específicos: Lance Stroll precisou parar duas vezes após um furo, e Max Verstappen arriscou uma segunda troca para buscar a volta mais rápida – mesma manobra feita por Pierre Gasly, que levou o duro por 50 voltas antes de colocar macios na penúltima.

Em 2025, a equação é diferente. O C6 entrega muito mais aderência em curvas de baixa, mas exige maior controle de temperatura, especialmente em um circuito que alterna setores travados com longas retas de mais de dois quilômetros. Além disso, a atual geração de pneus sofre bem menos com granulação, abrindo espaço para uma estratégia de duas paradas – algo que Baku tradicionalmente desencoraja, mas que pode se tornar viável caso safety cars embaralhem a disputa.

No Paddock da F1: C6 retorna em Baku e abre espaço para novas estratégias de pneus
Foto: XPB Images

Outra incógnita é a forma como cada equipe gerenciará o resfriamento. A superfície do pneu em Baku passa por ciclos extremos de aquecimento e queda de temperatura: pode atingir 90 °C no setor da cidade velha e cair para 40 °C ao final da reta principal. Isso significa que uma freada decisiva na curva 1 pode ser feita com pneus muito abaixo da janela ideal, especialmente em relargadas após períodos de Safety Car – e em Baku, eles quase sempre aparecem.

O traçado da Cidade dos Ventos
Com 6,003 km e 20 curvas, o circuito urbano do Azerbaijão é uma prova de fogo para engenheiros e pilotos. É nele que se encontra o contraste mais extremo da Fórmula 1: da curva 8, com apenas sete metros de largura entre muros históricos, até a reta principal, que permite disputas de três carros lado a lado a mais de 350 km/h.

As velocidades de Baku também fazem história. Em 2016, Valtteri Bottas atingiu 378 km/h na classificação, o recorde não oficial de velocidade máxima em um evento de Fórmula 1. No entanto, poucos metros depois, há curvas de 90 graus feitas a 60 km/h, o que impõe dilemas estratégicos de acerto aerodinâmico. A busca pelo compromisso ideal entre baixa carga para as retas e estabilidade em setores travados é uma das chaves da etapa.

Outro fator é o vento: não à toa, Baku é conhecida como Cidade dos Ventos. Rajadas repentinas alteram a aderência e afetam principalmente os carros em configuração de baixa pressão aerodinâmica. Some-se a isso as sombras projetadas pelos prédios no traçado urbano e as variações bruscas de temperatura tornam a corrida ainda mais imprevisível.

F1 2023, GP do Azerbaijão, Baku, Corrida
Foto: XPB Images

Histórico e estatísticas
Foram disputadas até aqui oito corridas em Baku, e o GP se consolidou como sinônimo de variedade e surpresas. Em oito edições, tivemos sete vencedores diferentes. O único a repetir triunfo foi Sergio Pérez, em 2021 e 2023, consolidando sua fama de “rei das ruas”.

No duelo entre equipes, a Red Bull lidera com quatro vitórias (Ricciardo em 2017, Verstappen em 2022 e Pérez duas vezes), seguida pela Mercedes com três (Rosberg 2016, Hamilton 2018, Bottas 2019). A McLaren entrou para a galeria de vencedores no ano passado, com Oscar Piastri.

Nas classificações, quem domina é Charles Leclerc. O monegasco foi pole em quatro edições consecutivas (2021 a 2024), mesmo quando a Ferrari não parecia ter carro para isso. No total, já são quatro poles de Leclerc em Baku, contra conquistas isoladas de Rosberg, Hamilton, Vettel e Bottas.

No ranking de pódios, Pérez lidera com cinco presenças, seguido por Sebastian Vettel com três. Entre as equipes, a Mercedes soma sete pódios, contra seis da Red Bull e cinco da Ferrari.

Expectativa para 2025
A corrida do Azerbaijão carrega a fama de “caos inevitável”. Safety cars, bandeiras vermelhas, erros de estratégia e toques em muros já definiram campeonatos e transformaram azarões em protagonistas. Agora, com o retorno do C6, a expectativa é de ainda mais variáveis: aderência extra em classificação, mas maior risco de queda de performance em stints longos.

No papel, a McLaren segue favorita com o MCL39, mas a Red Bull tem histórico vencedor e Verstappen chega motivado após triunfo dominante em Monza. Ferrari e Mercedes veem em Baku uma oportunidade para evoluir, enquanto Sauber, Aston Martin e Williams podem surpreender com acertos agressivos.

No fim, Baku continua sendo a incógnita que mantém pilotos, engenheiros e torcedores em alerta até a última volta.



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