A Mercedes entra na reta final de preparação para a nova era da Fórmula 1 com cautela e sem certezas absolutas sobre o próprio nível de competitividade. Segundo Toto Wolff, chefe da equipe alemã, o momento atual é bem diferente daquele vivido antes do início do regulamento de 2014, quando o time deu início a um longo período de domínio na categoria.
Com a temporada 2025 encerrada no GP de Abu Dhabi, a F1 se prepara para uma transformação profunda a partir de 2026. As novas regras preveem aerodinâmica ativa nas asas dianteira e traseira, carros menores e unidades de potência baseadas em uma divisão de 50% entre motor a combustão e energia elétrica. Para Wolff, esse contexto torna extremamente difícil prever onde cada equipe estará quando as luzes se apagarem novamente.
“É super difícil avaliar onde estão os outros”, afirmou o dirigente. Ele explicou que a sensação interna na Mercedes não se compara ao período que antecedeu 2014. Naquela ocasião, segundo ele, já havia indícios claros de que o projeto estava à frente dos rivais ainda durante o inverno europeu. “Naquele ano, nós fomos os primeiros a rodar com um dinamômetro completo do carro, a unidade de potência parecia mais confiável e, nos primeiros dias de testes, conseguimos andar quando outros não conseguiam”, relembrou.
O cenário atual, porém, é bem diferente. Wolff destacou que o nível do grid é muito mais alto e equilibrado do que no passado, o que aumenta a incerteza. A Mercedes, que brilhou na mudança de regras de 2014 com oito títulos consecutivos de construtores, viveu o outro lado da moeda em 2022, quando teve dificuldades para se adaptar ao novo regulamento técnico.

Apesar disso, o austríaco garante que o trabalho segue dentro do planejado. “Nós estabelecemos metas e estamos no caminho para cumpri-las”, explicou. Ainda assim, ele admitiu que só o futuro dirá se essas metas foram ambiciosas o suficiente ou se as prioridades escolhidas foram as corretas. “É impossível saber agora”, resumiu.
A preparação entra em fase decisiva já nas próximas semanas. A Fórmula 1 realizará um teste fechado em Barcelona a partir de 26 de janeiro, enquanto a Red Bull será a primeira equipe a apresentar oficialmente seu carro de 2026, em um evento marcado para 15 de janeiro. A Mercedes ainda não divulgou a data de lançamento do seu novo modelo.
Wolff reconheceu que o calendário apertado aumenta a pressão. “Não está longe, algo como oito semanas. É até estranho dizer isso”, comentou, admitindo o desgaste acumulado ao fim de 2025. Ainda assim, reforçou o compromisso da equipe. “Vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para entregar um carro e uma unidade de potência competitivos.”
Mesmo assim, ele evitou qualquer previsão sobre o desempenho na abertura do campeonato, na Austrália. Assumidamente cauteloso, Wolff lembrou a experiência amarga do início do ciclo técnico de 2022 e deixou claro que, desta vez, prefere manter expectativas controladas.
