F1: Verstappen admite fim e explica por que a luta pelo título de 2025 acabou

Verstappen admite fim da luta pelo título e expõe o que deu errado na temporada: “Não fomos bons o suficiente”

Max Verstappen deixou Interlagos com um pódio improvável, construído após largar dos boxes, mas também com a confissão mais sincera e contundente da temporada. Aos 28 anos, tetracampeão e peça central da era dominante da Red Bull, o holandês admitiu pela primeira vez, de forma explícita, que o título de 2025 escapou. E escapou antes mesmo do GP do Brasil. Suas palavras, misturadas a uma leitura fria da campanha, revelam mais do que frustração: expõem um diagnóstico duro sobre uma Red Bull que deixou de ser referência e passou a perseguir McLaren e, em muitas ocasiões, até Ferrari e Mercedes.

Verstappen é direto ao apontar o ponto crítico da temporada. “Nós já tínhamos perdido muitos pontos no começo da temporada até o meio do ano. Então, o fato de ainda estarmos nisso até agora já era uma surpresa, mas precisamos ser realistas”, declarou à Sky Sports F1. A frase, traduzida para dentro dos números, explica tudo: foram erros estratégicos, problemas de dirigibilidade em baixa velocidade, inconsistência na degradação dos pneus C4 e C5, e — o que mais irritou Verstappen internamente — uma falta de evolução aerodinâmica que fez o RB21 perder terreno enquanto a McLaren acelerava com atualizações sucessivas.

No paddock, ninguém ignora a virada técnica liderada por Andrea Stella desde 2023. A McLaren não só dominou o meio do ano como encontrou uma janela de operação dos pneus que a Red Bull jamais conseguiu replicar em 2025. O contraste ficou evidente principalmente em circuitos de alta sensibilidade térmica, como Barcelona, Zandvoort, Suzuka e Austin. Em São Paulo, a disparidade apareceu novamente: enquanto Norris e Piastri guiavam com agressividade e tração limpa no setor 2, Verstappen brigava com a traseira instável em trechos de baixa aderência.

Max Verstappen (NLD) Red Bull Racing RB21 at the start of the race.
Foto: XPB Images

O próprio holandês faz uma avaliação nua e crua da Red Bull. “Acho que, ao longo de toda a temporada, nós não fomos bons o suficiente. Mas ainda vamos tentar tudo o que pudermos até o fim da temporada, buscar alguns destaques e tentar vencer corridas. É para isso que estamos aqui.” A honestidade embute outro recado: a Red Bull que ele conhecia — metódica, previsível e dominante — desapareceu em meio a mudanças internas, turbulências políticas e excesso de confiança técnica que custou desenvolvimento.

Ainda assim, o time reagiu. O novo assoalho introduzido no GP da Itália mudou a postura do carro em curvas longas, aumentou a estabilidade em entradas e devolveu parte da confiança perdida. Desde então, Verstappen somou três vitórias e quatro pódios em sete corridas, recuperando ritmo e voltando a pressionar McLaren e Ferrari. Mas a arrancada tardia não foi suficiente para reduzir o buraco cavado na primeira metade da temporada. Ao chegar a São Paulo, ele já estava 49 pontos atrás de Norris — uma desvantagem que aumentou com a vitória do britânico na Sprint e a pole transformada em triunfo na corrida principal.

Partindo do pitlane por conta da troca de componentes, Verstappen fez uma das melhores atuações individuais do ano e ainda assim terminou a prova dizendo que a luta pelo título acabou. A clareza da declaração impressiona. Em anos anteriores, o holandês jamais entregou a toalha antes do fim; agora, o que se vê é uma leitura técnica: ele sabe que a McLaren tem ritmo puro, estabilidade estratégica e constância de execução para administrar o campeonato. Verstappen também reconhece que Piastri e Norris estão pilotando no auge — e que a Red Bull perdeu a capacidade de compensar deficiências com genialidade individual.

(L to R): Andrea Kimi Antonelli (ITA) Mercedes AMG F1 celebrates on the podium with Max Verstappen (NLD) Red Bull Racing and race winner Lando Norris (GBR) McLaren.
Foto: XPB Images

A comparação com 2023 e 2024, anos em que Verstappen transformava corridas difíceis em vitórias improváveis, já não se sustenta em 2025. As limitações do RB21 o impedem de brigar em igualdade nas pistas mais exigentes aerodinamicamente — e isso fica ainda mais evidente contra dois pilotos jovens, com fome e liderados por uma McLaren que se tornou a referência do grid.

A visão de Verstappen sobre a própria temporada é, ao mesmo tempo, crítica e pragmática. Ele sabe que McLaren chegou a um nível técnico que não é circunstancial; é estrutural. E sabe, também, que a Red Bull precisa reconstruir sua base antes de pensar em revanche. Interlagos foi mais uma prova dessa realidade: o talento individual ainda o coloca no pódio, mas não o coloca em condições de lutar pelo título.

Com três etapas restantes e 83 pontos ainda em jogo, o campeonato não está matematicamente decidido — mas para Verstappen, já terminou. O foco agora é outro: fechar 2025 com dignidade, vencer onde for possível e preparar terreno para um 2026 em que a Red Bull precisará provar que continua relevante.



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