Gabriel Bortoleto ainda não marcou pontos em sua temporada de estreia na Fórmula 1, mas ao contrário de outros novatos na mesma condição, o brasileiro conta com um ambiente de suporte e desenvolvimento dentro da Sauber, que não impõe pressão imediata por resultados.
Enquanto Jack Doohan e Franco Colapinto, os outros dois pilotos sem pontuação até o momento, participaram de menos corridas, Bortoleto tem disputado a temporada completa ao lado de Nico Hülkenberg, que já soma vinte pontos na atual temporada. Apesar da diferença, o próprio Bortoleto reconhece o valor do companheiro de equipe.
“Ele está tirando mais do carro do que deveria ser possível. É um excelente piloto. Admiro muito o que ele está fazendo, é impressionante”, afirmou o brasileiro após o GP do Canadá.
A abordagem da Sauber contrasta com outras equipes que, diante de resultados modestos, já cogitariam trocas de pilotos. No entanto, a estrutura suíça vive um momento de reconstrução após instabilidades internas, preparando-se para se tornar a equipe oficial da Audi a partir de 2026. O foco, por enquanto, está em resolver os problemas do carro e permitir que seus pilotos cresçam com ele.
O modelo C45 apresentou deficiências desde o início da temporada 2025, principalmente em situações de tráfego, sofrendo com a perda de pressão aerodinâmica e turbulências que dificultam ultrapassagens, como relatado por Bortoleto na China. A resposta da equipe veio com um pacote significativo de atualizações na Espanha, incluindo novo assoalho, asa dianteira e mudanças na carenagem traseira, visando tornar o carro mais previsível e estável.
“É comum que, ao adicionar downforce, o carro fique mais difícil de pilotar em condições adversas. Essa foi uma das principais questões observadas desde os primeiros testes, e esperamos que essa atualização resolva isso”, afirmou o diretor esportivo da equipe, Inaki Rueda.
Ainda assim, nas corridas recentes, foi Hülkenberg quem conseguiu converter as evoluções em resultados. A Sauber, no entanto, entende que o desempenho de domingo é onde Bortoleto mais tem a evoluir, um processo natural para um estreante. Exemplo disso foram episódios como a rodada sob chuva na Austrália, a largada problemática no Japão e a perda de posição para Fernando Alonso após o safety car na Espanha.
Isso significa que a equipe valoriza o empenho do brasileiro. Entre as etapas do Japão e Bahrein, ele foi até a sede da equipe para um ‘debriefing’ com Mattia Binotto, diretor da Sauber, que apostou em seu potencial ao escolhê-lo em detrimento de nomes como Valtteri Bottas e Zhou Guanyu.
Nos sábados, Bortoleto já mostrou velocidade, superando Hülkenberg em sessões de classificação em algumas oportunidades. O desafio é transformar boas posições no grid em resultados nas corridas, algo que, segundo ele, requer a leitura estratégica que a experiência proporciona.

“Ele (Hülkenberg) enxerga a corrida de um jeito diferente. Ainda não consigo ver dessa forma. Mas estou aprendendo com ele, e espero seguir os mesmos passos para começar a pontuar pela equipe”, finalizou Bortoleto.
Na Sauber, a filosofia atual é clara: trabalho consistente, paciência e apoio aos pilotos. E Bortoleto, em sua fase de aprendizado, tem o respaldo necessário para crescer gradualmente no cenário da Fórmula 1.