A saída de Helmut Marko da Red Bull Racing, está sendo vista como um reflexo de um problema maior que afeta a Fórmula 1, a crise de identidade e a perda de algumas das últimas grandes personalidades da categoria. Aos 82 anos, Marko foi oficialmente removido de diversas entidades da Red Bull, incluindo Red Bull Racing, Red Bull Advanced Technologies e Red Bull Powertrains, após duas décadas de serviços prestados à equipe. Sua saída é interpretada por muitos como o fim de uma era para a categoria.
O jornalista Michel Milewski, escrevendo para o Bild, destacou que a saída de Marko, pode representar algo mais profundo do que apenas uma mudança interna da Red Bull. Segundo ele, o esporte como um todo está em risco de enfrentar uma crise de caráter, à medida que figuras polarizadoras e confrontadoras como Marko e Christian Horner deixam o palco. Com a saída de dois desses nomes fortes, ambos da Red Bull Racing, a Fórmula 1 se vê agora com uma falta de líderes carismáticos para encarnar o espetáculo e o drama que sempre fizeram parte de sua essência.
Milewski aponta que, com a diminuição das figuras de autoridade como Marko e Horner, o único chefe de equipe restante com uma personalidade forte é Toto Wolff da Mercedes. O jornalista faz uma crítica ao fato de que, de dez chefes de equipe, oito são ex-engenheiros, que, segundo ele, tendem a pensar de maneira muito técnica e sem a mesma habilidade de atrair atenção para si como personagens mais ‘coloridos’: “Quem Wolff vai confrontar nas câmeras da Netflix e outros serviços de streaming? Ninguém”, afirmou Milewski.

A preocupação não se limita apenas à gestão das equipes. A F1 precisa urgentemente renovar o caráter e a identidade de suas figuras, alerta o jornalista. Isso se torna ainda mais importante com o iminente fim das carreiras de ícones como Lewis Hamilton e Fernando Alonso, além das incertezas sobre o futuro de Max Verstappen, frequentemente ligado à possibilidade de aposentadoria. A perda dessas figuras marcantes pode deixar um vácuo significativo na categoria, que sempre se alimentou da força de suas personalidades.
O ex-comentarista russo de F1, Alexey Popov, também compartilha dessa preocupação, destacando que a F1 moderna carece de personalidades autênticas que cativem o público, como as que marcaram as décadas passadas. Popov faz uma comparação com o passado, citando figuras como Peter Sauber, Eddie Jordan, Ron Dennis e Jean Todt, que, apesar de estilos diferentes, tinham uma presença única que os tornava memoráveis: “Essas personalidades fizeram as pessoas se apaixonarem pela Fórmula 1”, encerrou Popov, reforçando a ideia de que, sem essas figuras, o esporte pode perder parte de sua essência.
