Quase uma década após o auge da rivalidade que dividiu a Mercedes — e o paddock da Fórmula 1 — Nico Rosberg e Lewis Hamilton continuam conectados de maneira curiosa. Apesar de toda a tensão que marcou os anos em que foram companheiros e adversários diretos na luta pelo título mundial, um vínculo improvável permanece ativo: o carinho que as filhas de Rosberg têm por Hamilton, e os presentes que o britânico envia todo Natal.
Durante uma entrevista descontraída no NDR Talkshow, da televisão alemã, Rosberg surpreendeu ao revelar que ambas as suas filhas são fãs declaradas de Hamilton. Com seu humor característico, o campeão mundial de 2016 comentou: “É verdade. Isso é mais do que um ponto fraco. É um grande problema.” A plateia riu, e Rosberg rapidamente adotou um tom mais ameno: “Não, é ótimo. É uma atitude legal da parte dele.”
De forma ainda mais inesperada, Rosberg contou que, todos os anos, Hamilton envia uma generosa caixa de presentes para suas filhas, mantendo uma espécie de tradição natalina. “Agora, as duas crianças recebem uma enorme caixa de presentes dele na porta de casa todo Natal. É um gesto bonito,” disse. E em tom bem-humorado, completou: “Ele precisa ficar do lado de fora. Mas é bem-vindo para deixar os presentes.”
Uma amizade que não resistiu à pressão pelo título
Rosberg e Hamilton se conhecem desde a juventude, quando competiam juntos nas categorias de base do automobilismo. A amizade, segundo Rosberg, era genuína — mas não sobreviveu ao teste final: lutar pelo mesmo título na Fórmula 1.
“Isso aconteceu no momento em que começamos a disputar o Campeonato Mundial, não antes disso,” revelou Rosberg em outra entrevista à Eurosport. “Mas isso é sempre assim. Quando se luta por vitórias em todas as corridas e pelo título, a amizade não se sustenta mais.”
O alemão detalha que a tensão foi crescendo gradualmente, corrida após corrida: “Foi uma escalada. Se você quer decidir o campeonato mundial a seu favor, não pode brincar de ‘amor, paz e harmonia’. Você tem que testar os limites e entrar nas zonas cinzentas para vencer, especialmente quando dois pilotos estão em um nível tão alto. Aí, frequentemente, o espaço fica apertado.”

Rivais eternos, respeito duradouro
Apesar da relação ainda marcada por mágoas do passado — muitas delas bem documentadas na era de domínio da Mercedes — os gestos revelados por Rosberg indicam um respeito mútuo que, ao menos fora das pistas, encontrou espaço para coexistir.
Hamilton, agora piloto da Ferrari, e Rosberg, aposentado desde 2016, vivem realidades completamente distintas. Mas os fantasmas da rivalidade que os definiu ainda os acompanham — mesmo que, hoje, surjam embrulhados em laços e papel de presente.
Rosberg talvez ainda veja em Hamilton um “problema” — mas não mais nas pistas. Agora, o problema é doméstico: como lidar com duas pequenas fãs que, todo fim de ano, esperam ansiosamente os mimos do maior rival do pai.
