F1: Quem leva o vice? Mercedes aposta em carro mais completo, Red Bull em acerto certeiro

Com apenas 32 pontos separando as equipes, George Russell vê Vegas e Catar como chances reais de vitória — e como pontos-chave na disputa pelo vice campeonato

George Russell chegou a Las Vegas com a serenidade de quem enxerga progresso, mas também com a cautela de quem sabe o quanto a Fórmula 1 pode virar de cabeça para baixo de um dia para o outro. Mesmo com a Mercedes 32 pontos à frente da Red Bull no Mundial de Construtores, o britânico evitou qualquer discurso de conforto e lembrou que a briga pelo vice segue totalmente aberta. O clima frio, o asfalto desafiador e o histórico caótico da etapa tornam o cenário ainda mais imprevisível.

O piloto reconhece que o W16 deu à equipe um carro mais completo do que o seu antecessor W15 — aquele que venceu justamente em Las Vegas no ano passado —, mas reforçou que a evolução não garante nada quando o duelo é tão apertado. “O sucesso de um ano atrás não significa que vamos repetir agora”, disse Russell durante coletiva em Las Vegas. “Todos os times trabalham para ter um carro forte ao longo de uma temporada inteira. O nosso é mais consistente, mas nesse campeonato tudo muda muito rápido.”

A leitura de Russell ecoa o que se viu nas últimas etapas. A Mercedes saiu de Austin e México fragilizada, mas reagiu em Interlagos com uma pontuação pesada que devolveu a equipe ao controle do vice-campeonato. A Red Bull, por outro lado, alternou momentos de competitividade e dificuldade, especialmente em pistas de baixa carga aerodinâmica — justamente o tipo de cenário em que Las Vegas se enquadra. “Red Bull fez grandes progressos nesse tipo de configuração, ganharam em Monza e Baku”, lembrou o britânico, valorizando a capacidade do rival de aparecer forte quando menos se espera.

F1 2024, Fórmula 1, GP de Las Vegas, Nevada, Estados Unidos
Foto: XPB Images

É por isso que Russell rejeita qualquer sensação de favoritismo. A filosofia permanece a mesma: não subestimar a variabilidade da atual F1, principalmente quando a disputa por pontos envolve margens tão estreitas. “A briga pelo vice pode virar com um único resultado forte de qualquer lado”, afirmou. “Não podemos ser complacentes. Vamos levar corrida a corrida.”

O recado vale sobretudo para as duas próximas etapas, que o piloto acredita serem as melhores chances de vitória da Mercedes em 2025. Las Vegas — onde brilhou no ano passado — e Catar, que tende a favorecer carros que trabalham bem com temperaturas mais baixas. Ainda assim, Russell mantém os pés no chão. O britânico sabe que, mesmo com um pacote competitivo, a sobrevivência estratégica e a execução perfeita serão decisivas. “Queremos terminar em segundo, claro, mas também queremos vencer novamente nesta temporada”, afirmou. “Vegas e Catar são as grandes oportunidades.”

A disputa pelo vice-campeonato ganhou contornos de jogo de xadrez. Cada erro pesa. Cada acerto pode ser um golpe no tabuleiro. A Mercedes chega com vantagem técnica e psicológica, mas a Red Bull está longe de estar fora do jogo. Em um circuito que pune distrações e valoriza precisão, Russell mantém a mentalidade que guiou os melhores momentos da equipe em 2025: calma, assertividade e nenhuma ilusão de controle absoluto. “Eu sei o quão rápido tudo pode mudar”, repetiu, numa mistura de experiência e prudência que define bem o momento da Mercedes.

Vegas promete ser o primeiro capítulo desta reta final – corrida 1/3 antes do fim da temporada – em que cada ponto pode valer mais do que parece. E Russell sabe: para sair daqui com um bom resultado, será preciso fazer tudo certo — e torcer para que o rival não tenha um daqueles fins de semana em que transforma ameaça em oportunidade, principalmente quando se tem Max Verstappen.



Baixe nosso app oficial para Android e iPhone e receba notificações das últimas notícias.