F1: Por que o novo Pacto da Concórdia é tão importante para a Fórmula 1

Assinatura do acordo de governança garante previsibilidade, reforça a autoridade da FIA e cria um ambiente estável para a próxima grande transformação do esporte.

A Fórmula 1 entrou oficialmente em sua próxima fase histórica. Em um movimento que passou longe do barulho de pista, mas que define tudo o que virá a partir de agora, a categoria confirmou a assinatura do Acordo de Governança da Concórdia para 2026, o Pacto da Concórdia, com o aval conjunto da Fórmula 1, da FIA e das onze equipes do grid. O documento completa o quebra-cabeça iniciado em março, quando o Acordo Comercial já havia sido fechado, e estabelece as bases regulatórias, políticas e institucionais do campeonato até 2030.

Trata-se do nono Pacto da Concórdia da história, um contrato que sempre funcionou como a espinha dorsal da Fórmula 1 moderna. Mais do que um acordo burocrático, ele define quem manda, como manda e sob quais regras o esporte vai operar. E, desta vez, o momento não poderia ser mais simbólico: a assinatura acontece às vésperas da maior transformação técnica desde 2014, com a chegada da nova geração de carros e unidades de potência em 2026.

O ponto central do novo acordo é o alinhamento total entre os três pilares da Fórmula 1 contemporânea: a F1 como detentora dos direitos comerciais, a FIA como órgão regulador e as equipes como protagonistas esportivas e econômicas do espetáculo. Em um paddock historicamente marcado por disputas de poder, tensões políticas e interesses conflitantes, o discurso agora é de estabilidade, previsibilidade e crescimento sustentável.

Na prática, o novo Pacto da Concórdia cria um ambiente mais sólido para que a Fórmula 1 continue expandindo sua presença global, ao mesmo tempo em que oferece segurança jurídica e regulatória para equipes, patrocinadores e parceiros. É esse tipo de estabilidade que permite investimentos de longo prazo — seja no desenvolvimento técnico dos carros, seja na estrutura operacional do campeonato.

F1: Por que o novo Pacto da Concórdia é tão importante para a Fórmula 1
Foto: XPB Images

Há também um recado claro da FIA: parte do impacto direto desse acordo será sentida dentro da pista. O texto prevê mais investimento em direção de prova, comissariado, fiscalização técnica e modernização dos processos regulatórios. Em um esporte cada vez mais complexo, com decisões que podem definir títulos em segundos, a profissionalização dessas áreas deixou de ser opcional.

Stefano Domenicali, CEO da Fórmula 1, tratou o momento como um marco histórico. Em meio às celebrações pelos 75 anos da categoria, o dirigente destacou que o novo acordo coloca a F1 “na melhor posição possível” para continuar crescendo mundialmente. Mais do que olhar para o passado glorioso, a fala de Domenicali deixa claro que o foco está nas oportunidades que a próxima década oferece — especialmente em um cenário de audiência recorde, calendário dinâmico e engajamento crescente de públicos mais jovens.

Do lado da FIA, Mohammed Ben Sulayem reforçou a leitura institucional do acordo. Para o presidente da entidade, o novo Acordo da Concórdia garante o futuro de longo prazo do campeonato e cria um ambiente baseado em justiça, estabilidade e ambição compartilhada. Em um momento em que a FIA também passa por transformações internas e disputas políticas, o acordo funciona como um selo de continuidade e autoridade regulatória.

Mais do que isso, o texto reconhece algo fundamental: a Fórmula 1 não é apenas um espetáculo esportivo, mas um ecossistema gigantesco que envolve milhares de profissionais — de engenheiros e comissários a diretores de prova e voluntários espalhados pelo mundo. Sustentar esse sistema exige regras claras, governança forte e uma visão de futuro bem definida.

No pano de fundo, a assinatura do Pacto da Concórdia de 2026 também funciona como uma mensagem ao mercado. Em um esporte que hoje atrai fabricantes, fundos de investimento, gigantes do entretenimento e novas marcas globais, a previsibilidade é um ativo valioso. Saber que o jogo tem regras estáveis até 2030 é o que permite que a Fórmula 1 continue crescendo sem perder o controle do próprio produto.

A nova era que começa em 2026 não será apenas técnica. Ela será política, econômica e cultural. E, ao contrário do que acontece em muitos momentos decisivos da história da F1, desta vez a transição começa com algo raro no paddock: consenso.

A Fórmula 1 entra em seu próximo capítulo com um regulamento novo, um acordo sólido e um impulso que poucas vezes se viu em seus 75 anos de existência. O resto — como sempre — será decidido na pista.



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