F1: Pirelli testa aero ativa e coleta dados-chave para 2026

A Pirelli deu mais um passo na preparação da nova era da Fórmula 1 ao simular soluções de aerodinâmica ativa durante recentes testes de pneus realizados na Hungria e na Itália. Segundo a fabricante, os carros-mulas usados nas sessões foram modificados para permitir comparações diretas entre diferentes configurações de DRS — e o pacote de dados obtido será valioso para ajustar os compostos que estreiam em 2026.

“Conseguimos avaliar o impacto de um balanço aerodinâmico modificado, que é um elemento crucial do novo regulamento”, explicou Mario Isola, responsável pela divisão de F1 da Pirelli. Em entrevista à Formula Passion, ele detalhou que a equipe pôde “comparar o carro com DRS apenas na traseira com a versão que também tinha DRS na frente”, criando um paralelo com testes anteriores e ampliando a compreensão sobre como o fluxo de ar afetará o comportamento dos pneus.

A proposta dos ensaios não se limitou a checar tempos de volta. Ao ativar e desativar dispositivos aerodinâmicos em pontos específicos, os engenheiros observaram como as mudanças de carga na dianteira e na traseira influenciam aquecimento, degradação e estabilidade, especialmente nas transições de reta para frenagem pesada. “No fim das contas, trata-se do equilíbrio correto: se o carro é muito rápido, mas impõe muita pressão sobre os pneus, a vida fica difícil”, resumiu Isola, sublinhando o desafio central da F1 que vem aí.

Os treinos, divididos entre pistas húngaras e italianas, foram conduzidos com carros adaptados para receber protótipos de pneus e os sistemas de aero ativa. De acordo com a Pirelli, o objetivo foi mapear cenários de alta velocidade previstos para 2026 e entender como diferentes graus de downforce e redução de arrasto impactam as cargas verticais — variáveis decisivas para calibrar construção, bandas de rodagem e janelas de operação dos futuros C-compounds.

Outro ponto de interesse foi a “conversa” entre a aerodinâmica e a borracha nas fases de aceleração e frenagem, quando o balanço do carro muda rapidamente. Ao alternar entre DRS traseiro “padrão” e a configuração com DRS também no eixo dianteiro, os engenheiros avaliaram a sensibilidade do pneu às variações de distribuição de carga. Isso ajuda a definir não apenas a resistência mecânica dos compostos, mas também o perfil de aquecimento e a rapidez com que atingem a temperatura ideal.

F1: Pirelli testa aero ativa e coleta dados-chave para 2026
Foto: Divulgação / Pirelli

Isola reforça que a expectativa por velocidades de ponta mais altas em 2026 influencia diretamente o projeto do pneu. Quanto maior a velocidade, maior a energia transferida à carcaça e, portanto, maiores as exigências estruturais. “Estamos muito focados em como as velocidades esperadas vão afetar as cargas sobre os pneus”, disse. A partir daí, a Pirelli cruza telemetria, sensores de temperatura e pressão, dados de desgaste e simulações para refinar materiais e construção.

Além de orientar a definição dos compostos, o pacote de informações alimenta os modelos de simulação — hoje, a espinha dorsal do desenvolvimento. Em 2026, a interação entre aerodinâmica variável e pneus deve ser ainda mais intensa, exigindo respostas previsíveis quando os carros alternarem entre modos de baixa e alta resistência ao ar. Ao reproduzir essas alternâncias nos testes, a Pirelli antecipa cenários que as equipes encontrarão em treinos e corridas.

Para a categoria, o ganho é duplo: pilotos e engenheiros terão pneus dimensionados para picos de velocidade e para as oscilações de carga típicas da aero ativa; já a própria F1 ganha segurança de que o componente crítico da performance — a única parte do carro que toca o asfalto — acompanhará a evolução do regulamento. “Os dados foram extremamente úteis tanto para o desenvolvimento do pneu quanto para a compreensão do regulamento de 2026”, concluiu Isola.

Em resumo, a fabricante italiana procura desenhar um pneu que suporte velocidades maiores sem sacrificar consistência e janela de uso — um equilíbrio fino, especialmente com a promessa de carros mais “móveis” aerodinamicamente. As simulações de DRS traseiro e dianteiro, somadas ao comparativo com testes anteriores, oferecem à Pirelli o mapa que ela precisa para transformar exigências do regulamento em borracha rápida, resistente e previsível — exatamente o que a Fórmula 1 exigirá quando a nova geração entrar em cena.



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