O GP de Singapura de 2024 se aproxima com expectativas elevadas, e tudo indica que as estratégias de pneus e a gestão da corrida serão fundamentais para definir o vencedor. Após um desempenho brilhante de Lando Norris na qualificação, que garantiu sua quinta pole da temporada, a McLaren parece estar em uma excelente posição para vencer em Marina Bay. Max Verstappen, que largará ao lado de Norris na primeira fila, não tem o mesmo ritmo puro do rival da McLaren, mas todos sabem que, uma vez à frente, o atual líder do campeonato é muito difícil de ser superado.
A Mercedes vem logo atrás com uma segunda fila totalmente prateada, com Lewis Hamilton à frente de seu companheiro de equipe, George Russell. Isso levanta a questão: será que a estratégia de equipe pode levar os pilotos da Mercedes ao degrau mais alto do pódio? A corrida pode ser decidida não só pelo desempenho em pista, mas também pelas decisões estratégicas, especialmente no que diz respeito à escolha dos pneus e ao momento das paradas.
O Grande Prêmio de Singapura do ano passado foi fortemente influenciado por um Safety Car e um Virtual Safety Car, o que não conseguiu mascarar a predominância de uma estratégia de uma parada, geralmente com o composto duro. O grid de largada tinha apenas 19 carros após Lance Stroll se retirar devido a um acidente pesado na qualificação. A maioria dos pilotos (13) optou por começar com pneus médios, trocando para o composto duro quando o Safety Car foi acionado na volta 20, após Logan Sargeant perder a asa dianteira nas barreiras.
Carlos Sainz foi o vencedor da corrida, sendo perseguido até a linha de chegada por Norris. Ambos mantiveram a estratégia de uma parada quando o Virtual Safety Car surgiu faltando 18 voltas para o fim da prova. George Russell, que estava em segundo lugar, e Lewis Hamilton, em quarto, escolheram parar e seguir uma estratégia de médios>duros>médios. Eles conseguiram alcançar Norris e Sainz, mas não encontraram brechas para ultrapassar. Russell acabou batendo na última volta, o que permitiu a Hamilton herdar a terceira posição.
Entre os dez primeiros, Charles Leclerc terminou em quarto após largar em terceiro, utilizando uma estratégia de macios>duros. Max Verstappen, que largou de P11, conseguiu subir para a quinta posição, optando pela estratégia inversa de duros>médios, parando na volta 40. Kevin Magnussen completou os dez primeiros, com uma estratégia de médios>duros>macios, aproveitando o Virtual Safety Car para sua última troca.
Para a corrida deste ano, as indicações apontam novamente para uma corrida de uma parada com a estratégia de médios>duros, com a janela ideal de pit stops entre as voltas 21 e 27. Mario Isola, diretor de motorsport da Pirelli, destacou que “a posição de pista é tudo aqui. Pelo menos 27 segundos perdidos em uma parada adicional é muito tempo para recuperar, então, no papel, uma parada é a mais rápida. Assim como no ano passado, a estratégia de médios>duros parece ser a melhor.” Entretanto, o circuito de 2024 traz algumas diferenças em relação ao ano passado. Partes significativas da pista foram recapeadas e uma nova zona de DRS foi adicionada, o que pode alterar a dinâmica da corrida. Apesar de a prática ainda mostrar que as ultrapassagens são difíceis, essa nova zona de DRS pode influenciar, especialmente no início da prova, quando o carro que lidera geralmente tenta segurar o pelotão para evitar que os pilotos de trás ganhem espaço e realizem o undercut. Com as três zonas de DRS agora conectadas, fica mais difícil para o líder controlar o ritmo, o que pode aumentar a degradação dos pneus, diminuindo as chances de estender a primeira parte da corrida.
A estratégia usada por Leclerc no ano passado, começando com pneus macios e depois trocando para duros, oferece uma opção interessante para pilotos que queiram ganhar posições logo no início. Embora Leclerc tenha perdido uma posição em 2023, sua aposta nos macios funcionou bem na largada, graças à aderência superior do composto C5. A janela de paradas para quem optar pelos macios deve ficar entre as voltas 13 e 19. Mario Isola explicou que “os macios são uma opção, porque não vimos desgaste excessivo nos treinos de sexta com tanque cheio. Houve um pouco de abrasão, mas nada que afetasse a performance. Obviamente, seria necessário gerenciar o ritmo nos macios, mas alguém pode tentar isso para um primeiro stint mais curto e depois seguir até o fim com os duros.”
Uma corrida de duas paradas parece improvável devido ao tempo perdido nos boxes, já que a velocidade no pit lane de Singapura é limitada a 60 km/h. Para pilotos que largam mais atrás, como Sergio Perez (P13) e Lance Stroll (P17), uma estratégia de duros>médios pode ser eficaz, principalmente se o grid não se dispersar rapidamente e eles conseguirem ganhar terreno depois que os pilotos de médios e macios fizerem suas paradas. Pilotos que largam nas últimas posições também podem se beneficiar de um Safety Car, que é uma constante em Singapura. Nessas condições, adiar a parada e ganhar posições de pista pode ser a melhor aposta para quem está no fundo do grid. O ideal para essa estratégia seria começar com os duros e parar entre as voltas 36 e 42.
A história mostra que o Safety Car é uma certeza no GP de Singapura. Em todas as 14 edições anteriores, pelo menos um Safety Car foi necessário. A questão, então, não é se veremos um, mas quando ele será acionado e como isso afetará a estratégia dos pilotos. Pilotos que economizarem um jogo de pneus macios podem optar por essa troca caso o Safety Car entre em um ponto avançado da corrida, criando um desfecho emocionante, com pilotos tentando manter a posição ou arriscando uma última investida com pneus mais rápidos.
Com a promessa de uma corrida imprevisível e tática, o GP de Singapura deste ano tem tudo para ser um dos mais emocionantes da temporada.