Provocado pela “Barmy Army” no críquete, Oscar Piastri leva na esportiva a comparação com Lando Norris e simboliza como a F1 já extrapola seus próprios limites
A temporada 2025 da Fórmula 1 terminou, mas a rivalidade entre Oscar Piastri e Lando Norris continua encontrando novos palcos — desta vez, fora do automobilismo. Em Melbourne, durante um teste do tradicional torneio de críquete The Ashes, o piloto da McLaren virou alvo da irreverência britânica da famosa “Barmy Army”.
O coro, típico do humor ácido inglês, foi direto: “you’re just a sh*t Lando Norris”. Uma provocação que mistura futebol, críquete e Fórmula 1 em uma mesma frase — e que diz muito sobre o momento atual da categoria.
Piastri, australiano em casa, assistia à derrota de seu país para a Inglaterra no Melbourne Cricket Ground quando ouviu os gritos vindos das arquibancadas. Segundo relatos da imprensa local, o piloto reagiu com um sorriso largo, chegando a interagir com os torcedores enquanto caminhava próximo à linha de contorno do campo. Nenhum sinal de incômodo. Pelo contrário: o episódio foi tratado como parte do jogo.
Quando a Fórmula 1 invade outras arenas
O episódio é pequeno em escala, mas grande em significado. O fato de torcedores de críquete utilizarem uma rivalidade da Fórmula 1 como instrumento de provocação mostra o quanto o esporte ultrapassou seus próprios muros. A disputa entre Norris e Piastri em 2025 foi intensa o suficiente para se tornar referência cultural fora do paddock.
Durante boa parte da temporada, Piastri liderou o campeonato. Uma sequência de seis corridas sem pódio, porém, abriu espaço para a recuperação de Norris e também para a ameaça de Max Verstappen, levando a decisão do título até Abu Dhabi. Norris saiu campeão por apenas dois pontos, enquanto Piastri terminou em terceiro, 13 atrás do companheiro de equipe.

Respeito mútuo em contraste com o barulho externo
Se nas arquibancadas a rivalidade vira deboche, dentro da McLaren o discurso é bem diferente. Após conquistar seu primeiro título mundial, Norris fez questão de destacar publicamente o impacto de Piastri em sua própria evolução como piloto.
O britânico afirmou que nunca havia sido pressionado dessa forma por um companheiro de equipe, nem mesmo nos tempos em que dividiu garagem com Daniel Ricciardo ou Carlos Sainz. Disse, inclusive, que Piastri foi melhor do que ele em vários momentos da temporada e que isso o obrigou a buscar mais — não apenas na pilotagem, mas mentalmente e nos bastidores.
É um contraste interessante: enquanto a “Barmy Army” reduz a disputa a uma provocação de arquibancada, os próprios protagonistas tratam o embate como um processo de crescimento mútuo.
Um retrato da nova Fórmula 1
O episódio no Ashes ajuda a ilustrar algo maior. A Fórmula 1 de hoje é global, pop e transversal. Seus personagens circulam por outros esportes, outras culturas e outras narrativas. Um piloto pode sair de uma decisão de título em Abu Dhabi e, semanas depois, virar alvo de cantos em um estádio de críquete do outro lado do mundo.
Para Piastri, o sorriso diante da provocação diz tanto quanto qualquer entrevista. Mostra maturidade, entendimento do jogo midiático e, sobretudo, confiança. Afinal, se ser comparado a Lando Norris virou motivo de gozação, talvez isso diga mais sobre o nível da rivalidade do que sobre quem perdeu ou ganhou.
A temporada acabou. O barulho, não. E, pelo visto, em 2026, essa história ainda vai render novos capítulos — dentro e fora da pista.
