Lando Norris tem sido o maior rival de Max Verstappen em 2024, ainda que isso não signifique que a competição entre os dois pelo título mundial esteja acirrada. Max lidera o Campeonato de Pilotos com vantagem, são 277 pontos contra os 199 do britânico, que está em segundo. Para que o piloto da McLaren alcance o tricampeão mundial, ele precisaria vencer corridas, o que não acontece desde o GP de Miami deste ano, quando Lando garantiu sua primeira vitória na Fórmula 1. A questão é que Norris enfrenta dificuldade em vencer, mesmo quando Verstappen não está no topo do pódio.
A McLaren começou 2024 bem, com seus dois pilotos garantindo resultados sólidos para a equipe. Na primeira metade do ano, de 14 corridas, Lando Norris terminou no pódio em 8 delas, incluindo a vitória nos Estados Unidos. Max Verstappen ganhou 7 corridas, e subiu ao pódio 9 vezes. Não é exagero afirmar que o holandês está liderando a disputa.
Norris não consegue ser perfeito, mesmo quando Verstappen não é. Parece que sempre existe um obstáculo, uma pedra no meio do caminho, que impede Lando de vencer. Mesmo no GP da Rússia de 2021, quando teve sua primeira grande oportunidade de subir ao topo do pódio, o britânico foi atrapalhado pela sede de vitória e sua própria teimosia ao optar por não colocar pneus de chuva. Na época, sua inexperiência poderia ser usada como desculpa. Agora, a história muda.
Ainda hoje, parece que Norris continua com a mesma mentalidade afobada que o coloca para trás na corrida contra Verstappen. No GP da Espanha deste ano, com o carro mais rápido do final de semana, o piloto da McLaren começou da pole position, com o holandês atrás. Porém, uma largada ruim fez com que o britânico caísse para a terceira colocação, cruzando a linha de chegada em P2, atrás do rival da RBR. Após a corrida, Lando foi perguntado se achava que poderia ter vencido, e respondeu:
“Poderia não, deveria ter vencido. Eu tive um começo ruim, é simples assim.”
No grande prêmio seguinte, mais uma corrida perdida, dessa vez graças a um embate com Verstappen na curva 3 do circuito de Spielberg, na Áustria. Na volta 55, Norris tentou uma manobra sobre o holandês e não teve sucesso. Esse esforço se estendeu até a volta 64, quando os dois se tocaram. Lando teve que abandonar a corrida, enquanto Max terminou em P5.
Esse incidente levou a um estranhamento entre os dois, com Norris afirmando que “perderia o respeito” pelo piloto da Red Bull caso ele não reconhecesse seu erro. Embora os dois tenham resolvido a situação, o episódio evidenciou uma falta de maturidade de Lando e uma fragilidade no seu comportamento. Verstappen, conhecido por seu estilo de pilotagem duro e implacável, pode ter sido um desafio inesperado para o britânico.
No entanto, para de fato ter uma chance contra o atual campeão, Norris precisa aprender a lidar com essas situações e talvez adotar uma abordagem mais assertiva se quiser realmente se destacar e vencer.
No GP da Inglaterra, mais uma vez Lando teve a chance de ganhar, mas dessa vez foi Lewis Hamilton quem levou o troféu. Largando da terceira posição, atrás de George Russell e Hamilton, Norris não conseguiu superar os dois na largada. Durante a corrida, o britânico sofreu com a escolha de pneus da McLaren e no final, Hamilton e Verstappen adotaram estratégias melhores, e o piloto da equipe papaia mais uma vez não foi páreo.
No Grande Prêmio da Hungria, Norris e seu companheiro de equipe Oscar Piastri foram o centro das atenções. Lando conquistou a pole position, mas uma largada falha lhe custou a vitória. Piastri, que largou em 2º lugar, conseguiu ultrapassar o britânico no início e liderou a maior parte da corrida.
Para o segundo pit stop, a McLaren decidiu parar Norris primeiro, na volta 46, para evitar que Lewis Hamilton, que vinha rapidamente, o ultrapassasse. Duas voltas depois, Piastri também fez sua parada, mas Norris já havia assumido a frente do companheiro. Apesar dos pedidos da equipe para que ele devolvesse a posição, o britânico continuou acelerando e se distanciando de Oscar.
Foi apenas na volta 68/70, e após muita insistência do engenheiro de Norris, que o ele finalmente cedeu a posição para Piastri. E foi assim que o australiano garantiu sua primeira vitória na F1, uma de sentimentos mistos e sabor agridoce, que gerou um drama desnecessário entre ele, Norris e a própria equipe. Ao final da corrida, Lando reconheceu seu erro, admitindo que a derrota foi resultado de uma má largada e de sua decisão de não devolver a posição na hora certa.
Se Norris tivesse dado a posição de volta para Piastri quando a equipe pediu, os dois poderiam ter tido uma batalha justa pelo primeiro lugar, no entanto, ele escolheu o caminho do egoísmo e da vaidade ao não ser um jogador de equipe.
“Eu não deixei de ganhar a corrida — eu a perdi na largada.”
“I put myself in his shoes… I had to do what was right” 🧡
A bittersweet P2 for Lando Norris after surrendering the win to team mate Oscar Piastri#F1 #HungarianGP pic.twitter.com/ApwgJoKaG4
— Formula 1 (@F1) July 21, 2024
No GP da Bélgica, pela segunda corrida consecutiva, Oscar Piastri levou a melhor na largada, passando Norris na primeira curva. O britânico começou de P4 e o australiano de P5. Oscar conseguiu reverter seu quinto lugar para um P3, que após a desclassificação de Russell se tornou P2.
O britânico, no entanto, finalizou a corrida atrás de Verstappen, em P6 – que depois se tornou P5. Os pontos são bons para a equipe, mais ruins para Norris, que apesar de ter um ritmo mais rápido, mais uma vez perdeu a chance de garantir uma melhor posição na qualificação e de atacar o holandês quando teve a chance.
A McLaren comentou sobre os erros de largada de Norris, afirmando que a equipe “precisa averiguar” o motivo por trás de suas falhas.
“Acho que o próprio Lando, com o apoio da equipe, terá de pensar o que pode melhorar para garantir a capitalização do bom trabalho que estamos fazendo” — Andrea Stella.
E é assim, com 78 pontos a menos que Verstappen, que Lando Norris encerra a primeira metade da temporada. Após as férias de verão, ele terá outra chance de dar um passo a frente e melhorar. Não apenas em termos de desempenho na pista, como também em suas atitudes e abordagens, que até o momento não se provaram ser as de um vencedor. No final das contas, para ser campeão, afirmar que “deveria ter vencido” não basta, é preciso realmente vencer.