F1: Os dados não mentem! McLaren venceria Verstappen no Catar

O Grande Prêmio do Catar expôs um daqueles erros estratégicos ficam marcados na Fórmula 1. A McLaren tinha ritmo para disputar a vitória, tinha um plano bem definido antes da largada e, como o próprio Zak Brown admitiu depois da corrida, decidiu segui-lo à risca. Só que o problema não estava no plano em si, mas no fato de que o mundo real da corrida mudou completamente na volta 7 – e a McLaren ignorou essa mudança.

Naquele momento, com o Safety Car acionado e 18 dos 20 pilotos entrando nos boxes, a escolha correta era óbvia, quase automática. Não apenas pelo contexto estratégico, mas por uma diretriz técnica obrigatória para o fim de semana: nenhum stint poderia durar mais de 25 voltas, uma limitação imposta pela FIA e pela Pirelli por razões de integridade estrutural e segurança. Isso fazia da volta 7 literalmente o ponto perfeito da corrida. Parar ali permitia encaixar dois stints completos de 25 voltas e fechar as 57 do GP dentro da janela ideal – uma espécie de “receita de bolo técnica oficial”.

A McLaren foi a única equipe que não terminou a receita e se colocou fora de combate. Seguiu o plano original, ignorou o movimento do restante do grid e, com isso, transformou uma corrida em que tinha carro para vencer em uma jornada de recuperação constante – que pode custar ainda mais caro caso Max Verstappen se sagre pentacampeão em Abu Dhabi.

Acompanhe abaixo a interpretação dos gráficos, parceria do F1Mania.net com o F1Pace.com.

Os dados mostram que Oscar Piastri possuía a volta média mais rápida entre os líderes, com 1min24s905, seguido por Lando Norris, com 1min25s243. Verstappen, o vencedor, aparece com média de 1min25s300 — diferença pequena demais para explicar o resultado apenas pelo ritmo. O que decide a corrida, portanto, não é performance pura, e sim a forma como cada equipe construiu seus stints ao longo das 57 voltas.

F1: Os dados não mentem! McLaren venceria Verstappen no Catar
Gráfico: F1PACE.COM

A McLaren começou bem. Piastri encaixa um primeiro stint fortíssimo de médio, e Norris acompanha dentro da mesma janela de desempenho — voltas estáveis, degradação controlada e leitura fina da superfície abrasiva, mesmo sob o limite de voltas imposto pela Pirelli. Mas é justamente no momento em que o Safety Car embaralha a dinâmica da prova que a equipe perde o rumo.

O comparativo direto entre os três líderes também revela a raiz do problema. No stint intermediário, quando a prova realmente começa a se separar entre vencedores e persegutores, Verstappen roda em blocos consistentes entre 1min24s3 e 1min25s1, enquanto Norris oscila mais do que deveria e Piastri não encontra o mesmo equilíbrio térmico do trecho inicial. Em vários momentos, ambos estão rápidos, mas raramente rápidos no momento certo.

Quando o último stint começa, a fotografia se completa. Verstappen abre com voltas muito fortes e, mais importante, mantém dispersão baixa — ritmo linear, sem picos negativos. Norris até reage, mas o terceiro stint dele, embora competitivo, já não encontra mais a janela ideal. Piastri, que deveria ser o elemento estratégico da McLaren para atacar Verstappen, inicia bem, mas o desgaste acumulado cobra seu preço: os tempos sobem gradualmente e a curva de performance aponta para um final sem muitas chances de progredir.

Se olharmos apenas o gráfico de ritmo, fica evidente que a McLaren tinha carro não só para acompanhar Verstappen, mas para vencê-lo. As voltas médias mais rápidas não deixam margem para dúvida. O problema — e aí está a leitura principal — é que a McLaren não transformou ritmo em posição. E isso, no Catar, onde cada sequência de quatro ou cinco voltas muda a vida de uma corrida inteira, é fatal.

F1: Os dados não mentem! McLaren venceria Verstappen no Catar
Gráfico: F1PACE.COM

F1: Os dados não mentem! McLaren venceria Verstappen no Catar
Gráfico: F1PACE.COM

O pelotão intermediário reforça essa mesma lógica de execução. Vemos pilotos como Bortoleto, Tsunoda e Alonso extraindo muito mais do que o esperado em stints específicos simplesmente por acertarem pequenos detalhes que a McLaren, lá na frente, errou. O comportamento dos pneus médios, sobretudo, mostra como a corrida exigia decisões rápidas e sem hesitação — algo que a Red Bull fez com perfeição.

Ao final, fica uma sensação clara: a McLaren não perdeu o Catar por falta de velocidade. Perdeu porque tirou cometeu um erro. O time tinha o pacote, tinha os pilotos, tinha o ritmo — mas não teve o fio estratégico necessário para uma situação que necessitava de uma ordem rápida e certeira.



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