F1: O companheiro ideal de Verstappen não precisa ser amigo — precisa ser útil

Para o tetracampeão, profissionalismo, troca de dados e desenvolvimento do carro valem mais do que afinidade fora da pista

Ser companheiro de Max Verstappen nunca foi apenas uma questão de velocidade. Ao longo dos últimos anos, o assento ao lado do holandês na Red Bull Racing se transformou em um dos desafios mais complexos da Fórmula 1 moderna — não apenas pelo nível de pilotagem exigido, mas pela forma como Verstappen enxerga o funcionamento interno de uma equipe.

Em entrevista à Viaplay, o tetracampeão foi direto ao explicar o que espera de um parceiro de garagem. Amizade, segundo ele, é secundária. O essencial está na postura profissional e na capacidade de fazer o time evoluir.

“Bom também no desenvolvimento do carro com a equipe. Um bom entendimento entre os pilotos”, afirmou. “Alguém amigável, engraçado, de mente aberta, que não esconda coisas ao longo do fim de semana entre os dois pilotos.”

A fala ajuda a desmontar um mito recorrente no paddock: Verstappen não exige submissão, mas transparência. Para ele, dividir informações, dados e sensações é parte fundamental do jogo — especialmente em um cenário técnico cada vez mais sensível, onde pequenos ajustes definem campeonatos.

“Em geral, é tentar empurrar a equipe para frente. Isso é o mais importante”, completou. “Se você for bom amigo fora da pista, é um bônus. Mas não é necessário, desde que seja muito profissional na pista e isso beneficie a equipe.”

O histórico recente da Red Bull ajuda a contextualizar o peso dessas palavras. Desde a saída de Daniel Ricciardo, em 2018, nenhum piloto conseguiu se estabelecer de forma sólida ao lado de Verstappen. Pierre Gasly durou meio campeonato em 2019. Alex Albon resistiu até o fim de 2020. Sergio Pérez venceu corridas e títulos de construtores, mas perdeu força em 2024. Liam Lawson teve apenas duas provas. Yuki Tsunoda, após dificuldades em 2025, assume papel de reserva em 2026.

F1: O companheiro ideal de Verstappen não precisa ser amigo — precisa ser útil
Foto: XPB Images

O próximo a encarar o desafio será Isack Hadjar, promovido após uma temporada de estreia consistente pela Racing Bulls. E o próprio francês já demonstra consciência do tamanho da tarefa.

“Se for para definir um objetivo, é aceitar que vou ser mais lento no primeiro mês”, disse Hadjar em Abu Dhabi. “Se você entra com essa mentalidade, já aceita que vai ser muito duro, olhar os dados e ver coisas que ainda não consegue fazer.”

Hadjar reconhece que a frustração fará parte do processo, mas acredita que antecipar essa dificuldade é uma forma de se preparar melhor. Há, porém, um fator novo no horizonte: 2026. A chegada de um novo chassi e de uma nova geração de unidades de potência oferece um raro “reset” técnico, algo que nenhum dos seus antecessores teve ao enfrentar Verstappen.

E talvez seja justamente aí que o discurso do holandês faça mais sentido. Em uma Fórmula 1 que caminha para uma filosofia menos tolerante a brechas extremas e mais dependente de entendimento coletivo, o companheiro ideal de Verstappen não será aquele que tenta vencê-lo no braço desde o primeiro dia — mas o que consegue somar, aprender rápido e ajudar a equipe a crescer.

Amizade é opcional. Entregar resultado em conjunto, não.



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