F1: O alerta que a McLaren ignorou e quase pagou caro

Guenther Steiner vê risco estrutural na gestão de Norris e Piastri e diz que Verstappen só entrou na briga pelo título por “ajuda” da própria McLaren

A temporada 2025 terminou com festa em Woking, mas poderia facilmente ter acabado em frustração histórica. O título de Lando Norris veio, mas por apenas dois pontos. Para Guenther Steiner, esse detalhe não é um mero rodapé estatístico: é o sinal mais claro de que a McLaren flertou com o desastre ao longo do ano.

Na leitura do ex-chefe da Haas, a opção da equipe por manter igualdade total entre Norris e Oscar Piastri durante toda a disputa foi um risco alto demais — e desnecessário. Um risco que, segundo ele, recolocou Max Verstappen na luta pelo campeonato quando isso já não deveria mais ser possível.

“Com certeza. Sem a ajuda da McLaren, a Red Bull nunca teria tido chance de lutar pelo campeonato mundial”, afirmou Steiner em entrevista ao Sport Krone.
“No fim, eles ganharam o título por muito pouco, mas se a McLaren tivesse apostado em um piloto depois da pausa de verão, o campeonato teria sido decidido muito antes.”

A fala vai direto ao ponto mais sensível da temporada: a política interna da McLaren, celebrada publicamente como exemplo de justiça esportiva, mas vista por Steiner como um luxo perigoso em um campeonato decidido nos detalhes. Para ele, a escolha racional, naquele momento do ano, teria sido clara.

“Curiosamente, nesse cenário hipotético, teria sido o Piastri”, observou Steiner, ao sugerir que o australiano apresentava a trajetória mais consistente na segunda metade do campeonato.

A consequência dessa decisão foi dupla. Por um lado, a McLaren manteve o campeonato vivo, garantiu tensão narrativa até Abu Dhabi e entregou um produto mais emocionante ao público. Por outro, abriu uma brecha competitiva que a Red Bull soube explorar, especialmente após sua reação técnica no segundo semestre, já sob nova liderança e com atualizações decisivas como o assoalho de Monza.

“Eles mantiveram tudo emocionante para os fãs, mas assumiram um grande risco ao fazer isso”, resumiu Steiner.

O problema, porém, não se limita a 2025. Para o italiano, a verdadeira questão está no futuro. A McLaren entra na nova era da Fórmula 1 com dois pilotos jovens, rápidos, mentalmente fortes e em igualdade de status. Um cenário ideal para performance pura — e potencialmente explosivo quando títulos voltarem a estar em jogo.

“Se eles não estiverem lutando pelo título, isso pode funcionar no longo prazo”, avaliou.
“Mas se a McLaren voltar a brigar pelo campeonato — e um piloto não se tornar claramente superior ao outro — será difícil de administrar no longo prazo.”

A advertência é clara: o que foi virtude em 2025 pode se tornar problema estrutural em 2026. Em um grid que caminha para uma Fórmula 1 menos tolerante a improvisos, mais rígida tecnicamente e politicamente, decisões emocionais ou excessivamente idealistas tendem a custar caro.

A McLaren venceu. Mas, na visão de Steiner, venceu caminhando na corda bamba. E a pergunta que fica não é sobre o passado — é se a equipe terá coragem de escolher quando o próximo título estiver novamente em jogo.



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