F1: McLaren vai sustentar filosofia para também proteger Piastri, ou Norris seguirá como favorito?

No Paddock da F1 de hoje, será que a McLaren vai sustentar sua filosofia quando o ajudado por Piastri? Pilotos demonstram confiança na estrutura de Woking e, ao menos em discurso, estão alinhados

O Grande Prêmio da Itália foi dominado por Max Verstappen, que deixou claro desde as primeiras voltas que a Red Bull ainda está em um patamar inalcançável para a McLaren. Norris até chegou a liderar brevemente, depois de o holandês devolver posição ao sair da pista, mas logo o equilíbrio foi restabelecido: Verstappen retomou a dianteira e abriu uma vantagem imbatível.

Enquanto a Red Bull sobrava, a McLaren viveu seu próprio enredo interno em Monza. Um erro de pit stop com Norris obrigou a equipe a reorganizar sua estratégia e, no fim, Oscar Piastri recebeu a ordem para ceder posição ao companheiro britânico. A justificativa oficial foi preservar a estrutura e a filosofia de equipe acima dos pilotos — mas a polêmica inevitável surgiu: será que a McLaren terá a mesma postura quando o favorecido precisar ser Piastri?

O erro no pit stop e a inversão de posições
Norris perdeu tempo nos boxes quando a equipe falhou no aperto da roda dianteira esquerda. Piastri, que havia parado uma volta antes, voltou à frente. Mas, poucos giros depois, a ordem veio clara: “Oscar, devolva a posição para Lando.”

A decisão não passou despercebida. Em um campeonato em que Piastri lidera a tabela, qualquer detalhe pode pesar. Ainda assim, o australiano acatou a determinação sem hesitar.

Lando Norris (GBR) McLaren MCL39.
Foto: XPB Images

Piastri: proteger o futuro acima do presente
Após a corrida, Piastri explicou a decisão em tom quase que de discurso:
“Não queremos o sucesso só por este ano. Há uma grande mudança de regulamento em 2026 – não sabemos quão competitivos seremos. O que queremos é a melhor chance de lutar por campeonatos enquanto formos pilotos de F1, e estamos na McLaren por muito tempo. Proteger as pessoas que nos dão essa oportunidade é fundamental. Isso inclui até quem faz os pit stops, porque não é uma boa sensação quando algo dá errado.”

A fala de Piastri revela um ponto crucial: sua visão de longo prazo. O australiano não enxerga a luta pelo título como algo que se esgota em 2025, mas como um ciclo maior, no qual a unidade e a confiança dentro da equipe são peças-chave.

Norris: “O time é a prioridade”
Norris, por sua vez, reforçou a filosofia McLaren:
“O time é a prioridade. O time é número um, depois vêm os pilotos. Normalmente, quando você vê equipes que não respeitam a estrutura, elas não duram. Vimos isso com Red Bull, Ferrari e Mercedes. Nós queremos estar nessa posição por mais tempo do que eles. Sem a McLaren, estaríamos lutando pelo décimo lugar.”

A fala de Norris vai além da defesa do pedido em Monza. É um recado sobre cultura organizacional: a McLaren quer se distanciar do histórico de crises internas que corroeram hegemonias recentes.

Mas será que a McLaren agiria da mesma forma se a situação fosse inversa? Historicamente, a equipe britânica tem demonstrado uma clara tendência a proteger seus pilotos britânicos. Desde os tempos de Lewis Hamilton até Jenson Button, a narrativa de “orgulho nacional” sempre esteve muito presente em Woking. Lando Norris carrega esse mesmo peso: é jovem, carismático e britânico, uma figura perfeita para ser embaixador da McLaren.

Oscar Piastri, apesar do talento e da liderança no campeonato, ainda é um “estrangeiro” dentro de uma estrutura marcada pela tradição inglesa. A ordem em Monza levanta a dúvida: quando for Piastri quem precise ser favorecido, a McLaren terá a mesma postura? Ou veremos uma hierarquia velada, em que Norris se mantém como a prioridade da equipe por fatores políticos e culturais?

Essa é a reflexão que fica depois do GP da Itália. Mais do que a ordem de equipe em si, a questão central é saber se a McLaren conseguirá manter sua filosofia de “time acima de tudo” quando a balança pender para o lado de Piastri.



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