Max Verstappen venceu o Grande Prêmio de Las Vegas de forma dominante, mas a verdadeira reviravolta da noite aconteceu horas depois da bandeirada. Lando Norris e Oscar Piastri, que haviam terminado em segundo e quarto na pista, foram desclassificados após uma inspeção técnica rigorosa revelar desgaste ilegal na prancha do assoalho dos dois McLaren. A penalidade varreu os pontos da equipe, reorganizou completamente o resultado do GP e redesenhou a disputa pelo título mundial de 2025.
A corrida começou com o erro que custou caro a Norris. O britânico largou na pole, mas escapou na primeira curva e entregou a liderança para Verstappen, que assumiu o controle da prova e nunca mais foi ameaçado. O holandês da Red Bull manteve o ritmo, administrou a estratégia e cruzou a linha de chegada para conquistar sua sexta vitória no ano. George Russell confirmou a força da Mercedes em Vegas e garantiu o terceiro lugar na pista, que pouco depois se transformaria em segundo com a exclusão da McLaren.
Kimi Antonelli fez uma corrida impressionante ao sair de 17º para cruzar em quarto, ainda que tenha recebido cinco segundos por queima de largada. Seu resultado final acabou sendo promovido a terceiro após a madrugada turbulenta. Lewis Hamilton e Charles Leclerc colocaram os dois carros da Ferrari na zona de pontuação, enquanto Hamilton fez uma prova de recuperação notável depois do desastre no Q1 e terminou dentro do top-10, beneficiado pelas punições.
Gabriel Bortoleto teve outro momento difícil de sua temporada de estreia. O brasileiro freou tarde demais na Curva 1, atingiu Lance Stroll e abandonou ainda na primeira volta. Na outra Sauber, Nico Hülkenberg salvou pontos valiosos e foi um dos grandes beneficiados pela reclassificação pós-corrida.
Mas a história do GP de Las Vegas tomou outro rumo quando os delegados técnicos da FIA iniciaram a inspeção padrão do assoalho da McLaren. As medições realizadas no carro de Norris confirmaram que as placas deslizantes traseiras estavam abaixo da espessura mínima de 9 mm prevista no Artigo 3.5.9 do Regulamento Técnico. Os valores encontrados — 8,88 mm na parte dianteira direita e 8,93 mm na traseira direita — eram irregulares, medidos com um micrômetro Mitutoyo de precisão de 0,001 mm adquirido em 2025. A re-medição, feita na presença da equipe e dos comissários, encontrou valores ainda menores, eliminando qualquer suspeita de erro instrumental.
A McLaren apresentou diversas justificativas. Alegou porpoising inesperado durante o fim de semana, pouco tempo de pista por conta da chuva, violação “menor” do que em outros casos em 2025, além da possibilidade de um toque ou impacto ter deslocado componentes do assoalho, acelerando o desgaste. Nenhum argumento foi aceito. Os comissários destacaram que a regra é objetiva, que infrações técnicas não permitem exceções e que as decisões da Corte Internacional de Apelação da FIA reforçam que “boa fé” não altera o caráter absoluto do regulamento. Assim, como o carro estava fora da conformidade, a desclassificação era obrigatória.
A decisão não partiu da FIA como instituição, mas de um painel independente de comissários — algo que o próprio documento oficial faz questão de sublinhar. A McLaren ainda pode apelar dentro do Artigo 15 do Código Esportivo Internacional, mas a história recente mostra que violações técnicas nunca foram revertidas.
Com a exclusão dos dois McLaren, o resultado final da corrida mudou radicalmente. Russell subiu para segundo, Antonelli completou o pódio, Leclerc herdou a quarta posição e Sainz fechou o top-5. Hadjar foi promovido a sexto e segue consolidado como o estreante mais forte do ano, enquanto Hülkenberg saltou para sétimo, Hamilton assumiu o oitavo lugar e as duas Haas completaram o top-10.
No campeonato, o impacto é enorme. Norris permanece líder com 390 pontos, mas perde a chance de ampliar vantagem e agora vê Oscar Piastri e Max Verstappen empatados com 366 pontos, trazendo a disputa para um cenário completamente imprevisível a apenas duas etapas do fim. Restam 58 pontos em jogo, e apenas 24 separam os três candidatos ao título.
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