Lewis Hamilton se mostrou pouco confiante em relação ao novo regulamento que entrará em vigor na Fórmula 1 a partir de 2026. O heptacampeão, que já viveu diversas mudanças técnicas ao longo de seus dezenove anos na categoria, afirmou que espera que a próxima geração de carros não represente um retrocesso ainda maior em comparação com a atual era de efeito solo.
O piloto da Ferrari relembrou experiências passadas para ilustrar como grandes mudanças de regras podem trazer surpresas negativas. Ao citar seu período na McLaren, Hamilton afirmou que as expectativas iniciais para 2009 não se confirmaram na prática: “Como na McLaren em 2009, lembro do primeiro dia de volta ao trabalho, quando disseram que as regras tinham reduzido o downforce em 50% e que construíram o carro para ter esses 50%. Cheguei em janeiro e eles falaram: ‘Já atingimos as metas’. Eu pensei: ‘Uau, isso é normal?’. Chegamos ao primeiro teste e não havia downforce nenhum, estávamos muito atrás. Aprendi muito com essa experiência”, disse ele.
Já a mudança seguinte, em 2014, trouxe um cenário completamente diferente e extremamente positivo: “2014 foi incrivelmente empolgante, também porque eu estava em uma equipe nova (Mercedes) e podia ver o trabalho incrível que já tinha sido feito anos antes, especialmente no motor”, afirmou Hamilton, ao lembrar do início da era dominante da equipe alemã. Ele também destacou 2017, com carros maiores e mais aderência: “Foi legal porque era um carro maior, mais largo, com mais downforce. Era incrível”.
No entanto, a avaliação sobre o futuro é bem mais cautelosa. Hamilton considera a atual geração de carros como a mais difícil de sua carreira e teme que 2026 piore ainda mais esse cenário: “Essa geração provavelmente foi a pior, eu diria, e estou rezando para que a próxima não seja pior ainda”, afirmou.
O britânico explicou que ainda é muito cedo para prever como serão as corridas com o novo regulamento, mas deixou claro que sua primeira impressão não foi animadora: “É muito, muito difícil prever como vai ser. Eu não quero criticar, não quero dizer muitas coisas negativas. Parece algo muito diferente, não tenho certeza se vocês vão gostar, mas talvez eu me surpreenda e talvez seja incrível. Talvez as ultrapassagens sejam incríveis. Talvez seja mais fácil ultrapassar. Eu não sei”.

Hamilton também levantou preocupações sobre a dirigibilidade, especialmente em condições de chuva. Segundo ele, a combinação de menos downforce e mais torque pode tornar a pilotagem extremamente complicada: “Teremos menos downforce e mais torque. Pilotar na chuva, eu imagino, será muito, muito, muito difícil, bem mais difícil do que já é hoje”, acrescentou.
Ainda assim, o heptacampeão mantém a esperança de ser surpreendido positivamente: “Podemos chegar lá e ter mais aderência do que imaginamos. Se vocês vão gostar do fato de estarmos reduzindo marchas no fim das retas, com parâmetros de potência diferentes e um jeito diferente de pilotar, eu não sei, mas é um desafio enorme para todos nós. É disso que o esporte se trata, de nos desafiar constantemente. Se fizéssemos sempre a mesma coisa, seria fácil”, completou.
