F1: Fornecedora de motores tentou barrar acesso de combustível a equipe cliente

A Fórmula 1 entrará em uma nova era a partir de 2026, com a introdução de um dos maiores pacotes de mudanças técnicas da história da categoria. Em um cenário de regulamentos mais restritivos e profundamente diferentes dos atuais, os primeiros meses de competitividade tendem a ser decisivos.

O histórico recente da F1 mostra como largar na frente pode ser determinante. O exemplo mais emblemático é o da Brawn GP, que em 2009 surpreendeu o paddock ao conquistar os títulos de pilotos e construtores logo em sua temporada de estreia. Naquele ano, uma interpretação engenhosa do regulamento aerodinâmico — o famoso difusor duplo — deu à equipe uma vantagem significativa, eternizando sua trajetória como uma das maiores histórias de azarões do esporte.

Em 2026, o contexto é diferente, mas a lógica permanece. O novo regulamento técnico não apenas representa uma ruptura profunda com o conceito atual dos carros, como também limita severamente áreas tradicionalmente exploradas pelas equipes, como aerodinâmica e unidades de potência. Ainda assim, engenheiros e fabricantes têm se debruçado sobre cada linha do regulamento em busca de brechas — uma prática tão antiga quanto a própria Fórmula 1.

Novo carro F1 2026
Foto: Divulgação / Formula 1

Uma dessas áreas sensíveis envolve o funcionamento das novas unidades de potência e, mais especificamente, o aumento das taxas de compressão dos motores. Relatos do paddock indicam que a Mercedes pode ter identificado uma forma de mitigar o chamado “clipping”, fenômeno em que os carros atingem um limite de entrega de potência ao longo de retas mais longas. Até 2025, essa limitação era compensada pela MGU-H, componente que será abolido após a última corrida da atual era, em Abu Dhabi, eliminando também o atraso natural do turbo.

Com a remoção da MGU-H, os fabricantes precisam encontrar soluções alternativas para garantir eficiência energética e desempenho consistente. Acredita-se que o aumento das temperaturas internas do motor, aliado à expansão de componentes, possa influenciar o volume efetivo dos cilindros e, consequentemente, a eficiência da combustão — uma área que, embora regulamentada, ainda deixa margem para interpretações criativas, segundo fontes técnicas do paddock.

Outro campo que tem se mostrado extremamente sensível é o do combustível. A partir de 2026, a Fórmula 1 passará a utilizar combustível totalmente sustentável, produzido majoritariamente a partir de biomassa orgânica e resíduos. Trata-se de uma estreia absoluta para a categoria, e, como costuma acontecer em mudanças desse porte, há um potencial significativo de ganho de desempenho para quem acertar primeiro a fórmula ideal.

De acordo com informações publicadas pelo GPblog, um fabricante de unidades de potência teria tentado negar a uma equipe cliente o acesso a uma especificação específica de combustível. O episódio evidencia o quanto o impacto do novo combustível pode ser relevante em termos de performance, a ponto de gerar disputas contratuais e políticas mesmo antes da nova era começar oficialmente.

As equipes clientes, por sua vez, já teriam exigido acesso ao combustível correto e compatível com seus motores, forçando o debate a vir à tona. O caso expõe uma nova frente de batalha na incessante busca por vantagem competitiva na Fórmula 1 e antecipa o clima de tensão que deve marcar o início do regulamento de 2026 — uma era em que cada detalhe técnico, químico ou interpretativo pode decidir campeonatos.



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