A FIA reconheceu que a Red Bull Racing aproveitou uma ‘brecha’ do regulamento financeiro da Fórmula 1, ao trocar o motor de Max Verstappen no GP de São Paulo. Após a eliminação surpreendente do holandês ainda no Q1, com apenas o 16º tempo, a equipe optou por largar do pit lane para realizar mudanças profundas no carro, incluindo a instalação de uma unidade de potência nova.
Essa decisão despertou questionamentos de alguns concorrentes, especialmente da McLaren, que levantou dúvidas sobre o impacto da troca de motor no teto de orçamento. Segundo o diretor de monopostos da FIA, Nikolas Tombazis, o órgão evitou entrar em disputas técnicas que exigiriam avaliar se a mudança tinha caráter estratégico ou de confiabilidade.
“Não queremos entrar numa situação em que, quando há uma troca de motor, temos que discutir com a equipe ou com o fabricante se um pedaço de telemetria indica um possível problema de confiabilidade ou não. Essa tem sido uma fraqueza das regras atuais, a combinação entre regulamento financeiro, técnico e esportivo, e por isso, adotamos essa abordagem de aceitar as mudanças sem discutir o impacto no teto”, afirmou Tombazis.
O diretor adiantou que o cenário irá mudar com o conjunto de regras de 2026: “No próximo ano, com o teto de gastos também para os fabricantes de motor, essa questão estará resolvida. Cada troca custará aproximadamente o valor de um motor, e isso criará um mecanismo natural. É uma fraqueza do regulamento atual, mas será eliminada”, garantiu.

A Red Bull, por sua vez, rebateu as críticas e o engenheiro-chefe da equipe, Paul Monaghan, garantiu que não houve nada irregular na ação do time em Interlagos: “Não me surpreende que alguém queira jogar uma granada na situação. Tudo bem. Se fosse ao contrário, poderíamos fazer o mesmo”, disse ele em Las Vegas. “O que fizemos é defensável, é legítimo. Se você voltar alguns anos, desde 2022, várias equipes fizeram trocas de motor. Não há nada de incomum nisso”, afirmou.
Monaghan reforçou que a Red Bull está segura da validade do procedimento: “Não acho que seja uma área cinzenta. Justificamos internamente o que faríamos. Se forem nos questionar, justificaremos novamente”, completou.
A polêmica reacende o debate sobre o alinhamento entre regulamentos técnico, esportivo e financeiro, discussão que segundo a FIA, deve perder força a partir de 2026.
