F1: Ferrari domina TL2, McLaren bate no muro e Red Bull entra no jogo

A Fórmula 1 (F1) abriu o fim de semana no Azerbaijão com um retrato menos óbvio do que a tabela de tempos sugere. No TL2 em Baku, a Ferrari fez 1-2 com Lewis Hamilton à frente de Charles Leclerc, enquanto a McLaren viveu seu dia mais “bagunçado” do ano: Lando Norris raspou o muro na curva 2 e, algumas curvas depois, acertou com força, danificando o carro; Oscar Piastri também tocou as barreiras, mas saiu ileso. Mesmo assim, os dados de simulação indicam que os carros papaya continuam a referência — e o equilíbrio com Ferrari e Red Bull promete uma classificação afiada.

No TL1, Norris foi o mais rápido, reforçando o status da McLaren como favorita ao título de Construtores — um 1-2 ou 1-3 já bastaria para selar a taça. A batida no TL2, porém, tirou do britânico uma parte valiosa do trabalho com tanque cheio, deixando o time com menos informações de ritmo de corrida para analisar durante a noite. Piastri, que tocou o Tecpro, voltou aos boxes sem danos relevantes. No fechamento do TL2, a McLaren apareceu apenas em P10 e P12, quadro que não reflete o potencial visto ao longo do dia.

Do outro lado da garagem vermelha, o humor de Hamilton foi o melhor desde a pole da Sprint na China. O heptacampeão chamou o TL1 de “um pouco bagunçado”, mas celebrou a evolução: “Os freios estavam finalmente funcionando perfeitamente”, admitiu após liderar o TL2. Leclerc, polesitter nos últimos quatro anos em Baku, saiu menos satisfeito consigo mesmo: “Não fiz um bom trabalho”, disse, apesar do P2 que confirmou o bom momento da equipe.

Os números internos de análise colocam a McLaren levemente à frente da Ferrari em volta lançada — diferença estimada na casa de 0s06 — e também com pequena vantagem no ritmo de corrida, por cerca de 0s13. A ressalva é que a amostra dos papaya em long runs ficou incompleta por causa do incidente de Norris. Em contrapartida, a Ferrari apareceu fortíssima nas curvas lentas, superando McLaren, Red Bull e Mercedes nesse setor por mais de quatro décimos somados, fator que pode pesar num traçado de 90º e hairpins como o de Baku.

George Russell (GBR) Mercedes AMG F1 W16.
Foto: XPB Images

A Mercedes começou sólida. George Russell, de voz rouca no rádio por questões de saúde, foi veloz nas duas sessões, enquanto Kimi Antonelli elevou o ritmo com método após um fim de semana difícil em Monza — ao final, ficou só 0s009 atrás de Russell. Os prateados apareceram muito competitivos nas retas, atributo precioso no Azerbaijão. Para a corrida, porém, ainda falta alguns décimos para encostar de vez em McLaren e Ferrari, exigindo acertos finos no acerto e no gerenciamento dos pneus Medium e Hard.

A Red Bull, por sua vez, emplacou um dia encorajador numa pista que historicamente lhe cai bem. Max Verstappen relatou um carro “bem estável” e “com sensação bastante boa” já cedo. Falta, segundo o próprio, “um pouco de confiança em volta única”, mas os cálculos colocam o time apenas cerca de 0s12 atrás no ritmo de classificação — margem perfeitamente atacável com a pista engomando no sábado. Yuki Tsunoda concentrou-se mais nos trechos longos e avaliou que o ritmo com combustível “parece muito melhor”, colocando a Red Bull no bolo pelo pódio no domingo.

Alexander Albon (THA) Atlassian Williams Racing FW47.
Foto: XPB Images

Entre os “melhores do resto”, a Williams pintou com boas cores. O composto macio (Soft) tem sido o calcanhar de Aquiles do FW, sobretudo na preparação de pneus para a volta decisiva, e Carlos Sainz reconheceu que isso ainda cobra seu preço. Ainda assim, a performance geral animou: se Alex Albon juntasse seu “ideal lap”, o tailandês teria figurado entre os primeiros no ranking de sexta. Nas simulações, a Williams ficou em P5 tanto em volta lançada quanto em ritmo de corrida, com a Haas como maior ameaça na volta rápida e a Racing Bulls oferecendo resistência nas long runs.

Em termos de narrativa, o dia deixou um recado duplo. Primeiro: a Ferrari voltou a sentir a pista e, com Hamilton confiante e Leclerc em casa no Azerbaijão, está viva para brigar por pole e vitória. Segundo: mesmo com erros e menos dados, a McLaren segue a régua do pelotão — e, se juntar as peças no TL3 e na classificação, tem todas as cartas para transformar sexta-feira difícil em domingo forte.

Baku tende a punir o excesso de otimismo, premiar quem freia forte e cuidar dos pneus na janela correta. Com Mercedes veloz nas retas, Ferrari eficiente nas curvas lentas, Red Bull crescendo no ritmo de corrida e McLaren ainda com a maior “linha de base”, a disputa pela pole promete ser no detalhe, e a corrida, de estratégia e nervos. Se a simulação estiver certa, a batalha pela vitória deve dividir décimos — e talvez decidir o campeonato de Construtores mais cedo do que parece.



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