McLaren adota tom cauteloso, Mercedes vê oportunidade e Red Bull aposta na variação dos pneus — o que o domingo em São Paulo antecipa para o desfecho da temporada
O Grande Prêmio de São Paulo terminou com um pódio que espelhou o momento técnico da Fórmula 1 em 2025 — McLaren dominante nas mãos de Lando Norris, Mercedes consolidada com Kimi Antonelli e George Russell, e uma Red Bull ressurgente com Max Verstappen. Mas, nas falas pós-corrida, o foco dos três já estava voltado para a próxima parada: Las Vegas, onde o frio noturno e o asfalto liso devem alterar completamente o cenário do campeonato.
Lando Norris, agora líder com 24 pontos de vantagem sobre Oscar Piastri, foi direto ao analisar o que vem pela frente: “Las Vegas vai nos prejudicar, com certeza. Foi nossa pior corrida no ano passado. O frio ajuda mais os outros. Mercedes e Red Bull foram muito fortes lá, e nós fomos os piores dos quatro. Claro que melhoramos em muita coisa este ano, mas não espero facilidades.” O britânico admitiu que o desempenho dominante em Interlagos, sustentado pelo excelente ritmo com os pneus médios, não se traduz automaticamente nas ruas de Nevada. “É um tipo de pista totalmente diferente. Aqui o médio funcionou perfeitamente. Lá, a temperatura vai ser baixa, o asfalto escorregadio. Precisamos entender como manter os pneus na janela certa”, completou.
Enquanto Norris prega cautela, Kimi Antonelli vê o cenário com otimismo. O jovem italiano, segundo colocado no Brasil e dono de um fim de semana impecável, acredita que as condições frias podem favorecer a Mercedes. “Com o frio, o carro costuma se comportar melhor. Isso já ficou claro em pistas como Silverstone e Spa, e também aqui em São Paulo, que teve temperaturas mais amenas. Em Vegas deve ser parecido, e isso pode nos ajudar. Vamos tentar fazer o que funcionou no ano passado, mesmo com um carro diferente”, explicou. O tom é de confiança contida, mas a mensagem é clara: a Mercedes enxerga em Vegas uma chance real de vitória.

Max Verstappen, por sua vez, mantém o misto de realismo e mistério que marcou sua temporada. O holandês foi o piloto mais rápido em ritmo puro em Interlagos, mesmo largando dos boxes e lidando com um furo de pneu. Para ele, o desempenho em Las Vegas dependerá inteiramente da capacidade da Red Bull em acertar o equilíbrio dos pneus. “Tudo depende da janela. Se conseguirmos colocar os pneus na temperatura ideal, seremos muito fortes. Mas se errarmos, a performance cai de forma brutal. O frio muda tudo — o comportamento, o equilíbrio e até o aquecimento dos freios. É impossível prever”, avaliou. “O que importa agora é encontrar esse equilíbrio logo nas primeiras voltas dos treinos, para não repetir os erros de São Paulo.”
O contraste de posturas entre os três resume bem o momento técnico da F1: McLaren confiante, mas vulnerável em pistas frias; Mercedes crescendo em regularidade e eficiência térmica; Red Bull oscilante, porém ameaçadora. Cada equipe chega a Las Vegas com um foco diferente — a McLaren, em evitar o erro; a Mercedes, em aproveitar a oportunidade; e a Red Bull, em reencontrar o ponto ideal do carro.
No fim, o GP de São Paulo funcionou como um termômetro para o campeonato, mas Las Vegas promete ser o oposto literal e estratégico: da tarde quente de Interlagos à madrugada gelada do deserto. Um palco onde o controle da temperatura — dos pneus e dos nervos — pode redefinir não apenas quem vence a corrida, mas também quem leva o título mundial.
