F1: Conheça Giovanna Amati, a última mulher titular da Fórmula 1

Aproveitando a celebração do Dia Internacional da Mulher, o F1MANIA.NET traz a história da última mulher titular na Fórmula 1, Giovanna Amati.

Em 1992, a Brabham passava por momento conturbado financeiramente. Após encerrar acordo com a Yamaha, a equipe teve que recorrer a empréstimo de US$ 10 milhões para participar do campeonato. Para se ter uma ideia, o orçamento das grandes era simplesmente 6 vezes maior.

Para auxiliar no orçamento, o time resolveu optar por fechar acordo com pilotos pagantes. Com isso, a equipe se acertou com o belga Eric Van de Poele, que havia acelerado na Lambo/Modena no ano anterior e o campeão da F3000 japonesa, Akihiko Nakaya.

No entanto, a FIA não confirmou a Superlicença ao competidor japonês, alegando que a F3000 nipônica não se enquadrava como categoria de acesso para a F1, mesmo que os critérios de concessão da época fossem bem menos rigorosos que os atuais.

Dessa forma, às vésperas do início da temporada e para o espanto da organização, a Brabham anuncia o nome de Giovanna Amati. A presença da italiana, que visava atrair novos patrocinadores, marcou o retorno de uma mulher à categoria desde que a britânica Desirée Wilson tentou alinhar para o GP da Grã Bretanha de 1980.

Apesar de ter alcançado a F1, a italiana ainda não tinha conquistado resultados relevantes. Em sua passagem pela F3000 Internacional em 1987, a pilota obteve 2 décimos lugares. Mesmo assim, se manteve na categoria em 1988, sem grandes feitos e foi tentar a sorte na F3000 japonesa em 1989.

Após passagem apagada, retornou à F3000 Internacional em 1990 e por lá, a competidora seguiu sem pontuar, o mesmo acontecendo em 1991. Apesar de ter obtido poucos avanços na temporada, Amati, através de Flavio Briatore, teve contato com carro de F1 e deu 30 voltas em teste da Benetton.

Em sua chegada na Fórmula 1, Amati encontrou cenário caótico para trabalhar. Além de andar em um carro novo e ter de lidar com a pista suja em Kyalami, na África do Sul, a italiana teve estreia difícil e amargou a última posição, 4 segundos atrás do seu companheiro de equipe, Eric Van de Poele.

Na segunda etapa, no México, a situação não melhorou. A competidora estava lidando com um carro ultrapassado, que possuía um dos piores motores do grid e sofria com problemas de estabilidade. Com isso, as duas Brabham não se classificaram e Amati ficou mais uma vez no último lugar, ficando 3 segundos atrás de Van de Poele.

Já no Brasil, o clima era bem turbulento. A pilota, que buscava ao máximo aprimorar seu desempenho, também exigia ajustes no carro que não eram atendidos. Apesar da cobrança de ambas as partes, a performance ruim mais uma vez se repetiu e a italiana encerrou sua jornada em Interlagos com o pior tempo. Com as divergências sobre os rumos do projeto, Amati e a Brabham optaram por rescindir acordo, e assim, Damon Hill assumiu seu posto.

Analisando o caso nos dias de hoje, é perceptível que a Brabham não oferecia as condições necessárias para a pilota se desenvolver e nem exibir o seu potencial. Além disso, é nítido que a F1 e nem a FIA investiam na manutenção da presença feminina na categoria, gerando ausência que ressoa até os dias de hoje.

Iniciativas como F1 Academy e FIA Girls on Track  até auxiliam a influenciar novas gerações de competidoras e a ampliar o espaço feminino no esporte, porém representam apenas o alicerce de um trabalho que visa combater a misoginia no esporte a motor e garantir mulheres no grid da principal categoria do automobilismo novamente.