A Fórmula 1 pode ver novas mudanças estruturais nos bastidores da Alpine após a saída de Luca de Meo do cargo de CEO do Grupo Renault. O executivo italiano, que assumiu o posto em 2020 e foi responsável direto pela transformação da marca dentro e fora das pistas, anunciou sua renúncia para “buscar novos desafios fora do setor automotivo”, conforme comunicado oficial da empresa.
A decisão de De Meo levanta dúvidas importantes sobre o futuro da equipe Alpine na Fórmula 1, especialmente em relação à sua continuidade como operação de fábrica e também quanto ao papel de Flavio Briatore, atual conselheiro executivo e chefe de equipe interino.
Ao assumir o controle da Renault, De Meo implementou um plano de reestruturação que chamou de “Renaulution”, que incluiu o rebatismo da equipe de Fórmula 1 de Renault para Alpine, o renomeamento do centro de motores de Viry-Châtillon e o foco na revitalização da marca esportiva. Um dos principais momentos dessa fase foi a vitória de Esteban Ocon no GP da Hungria de 2021, mas, desde então, a equipe tem enfrentado instabilidade, incluindo diversas trocas no comando técnico.
O comunicado da Alpine destacou que De Meo foi fundamental para recolocar o Grupo Renault em uma posição de crescimento. Jean-Dominique Senard, presidente do conselho do grupo, afirmou: “Sob sua liderança, nossa empresa voltou a ter fundamentos sólidos, com uma linha de produtos excelente e um retorno ao crescimento. Além de um gestor industrial excepcional, Luca é um homem criativo, comprometido e apaixonado.”

Apesar dos elogios, a renúncia de De Meo acontece em um momento de incerteza dentro da Alpine. Sua relação próxima com Flavio Briatore foi determinante para o retorno do dirigente italiano à Fórmula 1, e para uma série de decisões estratégicas, como a interrupção do projeto de motor próprio da equipe e o fim da operação de fábrica a partir de 2026. Com isso, a Alpine passará a utilizar unidades de potência da Mercedes, abrindo mão do status de construtora oficial, em nome da redução de custos.
Com a saída de De Meo, o futuro de Briatore também fica em aberto. Sem o apoio direto de seu aliado, a permanência do dirigente italiano na estrutura da Alpine depende agora de quem assumirá o comando do Grupo Renault. Segundo o comunicado oficial, a escolha do novo CEO seguirá um “plano de sucessão previamente definido”, mas os detalhes ainda não foram divulgados.
A saída do CEO também levanta especulações sobre uma possível venda da equipe Alpine. Com a reestruturação promovida por De Meo, o grupo se tornou mais lucrativo e, teoricamente, mais atrativo para compradores, especialmente se a performance esportiva continuar aquém do esperado.
Toto Wolff, chefe da Mercedes, comentou a notícia durante o fim de semana do GP do Canadá e demonstrou respeito pela trajetória de De Meo. “Luca de Meo é um amigo, alguém que respeito muito. Ele transformou a Renault. Não sei quais são seus planos, mas quem tiver Luca por perto será sortudo”, disse.
A Fórmula 1 segue acompanhando de perto os desdobramentos. O momento atual é delicado para a Alpine, que precisa reagir em performance enquanto enfrenta uma nova fase de indefinição institucional e administrativa. A saída de Luca de Meo é mais uma peça importante nesse quebra-cabeça.