Gabriel Bortoleto se prepara para sua estreia na Fórmula 1 como piloto da Sauber, juntando-se a um seleto grupo de talentos que conquistaram os títulos da F3 e F2 em anos consecutivos. O brasileiro de 20 anos tem se dedicado intensamente à sua adaptação na equipe, passando grande parte de 2025 na sede da equipe em Hinwil, na Suíça, para entender o funcionamento interno e fortalecer a comunicação com engenheiros e mecânicos.
“Tem sido uma preparação muito intensa aqui na Sauber, vindo duas ou três vezes por semana para fazer muito trabalho no simulador, estar com os engenheiros, entender como eles se comunicam entre si e como eles querem que eu me comunique com eles”, explicou Bortoleto. “Quero estar muito próximo da equipe e criar um bom relacionamento antes da temporada começar. É algo que sempre fiz, especialmente nos últimos dois anos na F2 e F3, para que, quando chegarmos à primeira corrida, pareça que já trabalhamos juntos há anos.”
Esse comprometimento foi um dos fatores que impressionaram Mattia Binotto, chefe da equipe Sauber, mas Bortoleto também conta com o apoio de Fernando Alonso, cujo grupo de gestão A14 assumiu sua carreira em um momento crucial. “Tivemos muitos problemas em 2022. Na época, não tínhamos ninguém nos acompanhando, era só eu e meu pai, e não tínhamos oportunidade de ir para a F3”, relembrou. “Pensávamos que tínhamos tempo, mas quando percebemos, as vagas estavam acabando. Meu pai encontrou o Fernando em uma corrida no Red Bull Ring e conversaram sobre minha situação. Fernando já me conhecia, pois corri para a equipe dele na FRECA e consegui bons resultados. Desde o início, queríamos trabalhar juntos, e tudo aconteceu de maneira muito rápida e positiva.”
Ter Alonso como mentor é algo que Bortoleto considera um diferencial importante. “Temos uma relação muito profissional. Sempre que conversamos, é principalmente sobre corrida. Ele sempre me ajudou na F3 e na F2, e sou muito grato pelos conselhos que me deu nos últimos dois anos. Ele está sempre disposto a ajudar e ensinar, e é incrível ter alguém como ele por perto”, destacou. “Quando você tem Fernando Alonso gerenciando sua carreira, as pessoas sabem que alguém como ele confia no seu talento.”
O brasileiro terá um ano desafiador pela frente, sendo um dos cinco estreantes no grid ao lado de Kimi Antonelli (Mercedes), Isack Hadjar (Racing Bulls), Ollie Bearman (Haas) e Jack Doohan (Alpine). “Nós competimos uns contra os outros desde os 10 anos de idade”, disse. “O Ollie é quem mais esteve próximo de mim. O Kimi é um cara muito legal, e o Jack sempre esteve uma categoria à frente, então não tivemos tanto contato, mas conversamos algumas vezes. Com o Isack, todo mundo viu a batalha intensa que tivemos na F2, com apenas 0,5 ponto de diferença até Abu Dhabi. É empolgante ver todos nós no grid, é uma grande renovação para a Fórmula 1.”
Bortoleto, no entanto, enfrentará talvez o maior desafio entre os novatos, já que a Sauber terminou a temporada 2024 na última posição do Campeonato de Construtores. Além disso, por ter assinado seu contrato tarde, não teve acesso a testes extensivos em carros antigos. Em vez disso, completou os 1000 km permitidos com modelos de dois anos atrás e passou inúmeras horas no simulador para se preparar. “Não é o ideal, mas estou tão preparado quanto posso estar. Se minha trajetória recente servir de referência, vencendo meus dois últimos campeonatos na primeira tentativa, eu costumo começar forte”, afirmou.
A temporada de estreia do brasileiro na Fórmula 1 começa em exatamente uma semana, e Bortoleto está determinado a mostrar seu potencial desde a primeira corrida.