A Sauber está prestes a encerrar seu ciclo atual na Fórmula 1 e se transformar na equipe oficial da Audi a partir de 2026. Mas, ao contrário do que poderia parecer uma simples mudança de nome, a transição está sendo encarada internamente como uma oportunidade única de construir uma equipe moderna desde o zero — dentro e fora das pistas.
Com Gabriel Bortoleto e Nico Hülkenberg formando a dupla de pilotos nesta temporada, a Sauber já mostrou sinais de progresso. O quinto lugar conquistado por Hülkenberg no Grande Prêmio da Espanha foi o melhor resultado do time em 2025 até agora e ajudou a equipe suíça a alcançar a oitava colocação no Campeonato de Construtores, superando Alpine e Aston Martin.
Ainda assim, o foco principal da estrutura comandada por Mattia Binotto, CEO da equipe, e por Jonathan Wheatley, recém-nomeado chefe de equipe interino, está voltado para o projeto de 2026, quando a Audi assumirá o controle total. Em entrevista ao portal Motorsport.com, Binotto explicou como essa nova fase representa mais do que uma mudança estética ou técnica.
“Não será necessariamente na área técnica, no carro”, afirmou o ex-chefe da Ferrari. “Temos a sorte de ter começado com uma folha em branco e, por isso, podemos montar a equipe com uma organização talvez diferente das demais.”
Segundo Binotto, a estrutura atual da Sauber já reflete esse novo pensamento. “Entre mim e o Jonathan, existe uma divisão de tarefas que os outros não têm. Eu me concentro mais na parte organizacional da empresa, enquanto ele se dedica à gestão dos 24 Grandes Prêmios. Acho que é uma maneira inovadora e evoluída de pensar a Fórmula 1 moderna.”
O dirigente também falou sobre os objetivos da Sauber para o restante da temporada 2025. Embora a posição no campeonato de construtores seja relevante, ele ressaltou que o foco está em alcançar consistência e disputar pontos em todas as corridas. “Tem de ser um ano de crescimento, se possível. Mais do que a posição final, queremos lutar por pontos em cada etapa. A consistência seria um avanço significativo.”
A entrada da Audi na Fórmula 1 marca o início de uma nova era para uma marca com tradição no automobilismo. A fabricante alemã coleciona títulos no DTM, conquistas históricas em Le Mans, sucesso nos ralis com o sistema quattro e vitórias recentes no Rally Dakar com tecnologia eletrificada.
Apesar desse currículo vitorioso, o desafio da F1 é inédito. No entanto, Binotto demonstrou confiança ao comentar o espírito dentro da equipe. “Estou cada vez mais convencido deste projeto. Além de estar atraído pelo que a marca representa no automobilismo, estou motivado pela possibilidade de escrever a história dos quatro anéis na Fórmula 1.”
Ele também reforçou a seriedade do compromisso da Audi com o projeto: “O que me convenceu foi o desejo da Audi de fazer bem feito e de colocar energia no projeto. Existe a convicção, mesmo com as dificuldades da indústria automotiva, de alcançar nosso objetivo até 2030. Isso é um jogo coletivo, não individual.”
Com planejamento estruturado, foco em inovação e uma meta de longo prazo bem definida, a Sauber se prepara para a maior transformação de sua história. E, mesmo antes da estreia oficial da Audi, os primeiros passos já estão sendo dados dentro e fora das pistas da Fórmula 1.