O presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem, apresentou propostas que, segundo reportagem da BBC Sport, podem ampliar significativamente seu controle sobre o funcionamento da entidade que regula o automobilismo mundial.
As alterações sugeridas constam em um documento que será submetido à votação na próxima Assembleia Geral da FIA. De acordo com algumas fontes que tiveram acesso ao conteúdo, o principal objetivo dessas propostas seria a centralização de poder e a redução de mecanismos independentes de controle.
“Boa parte das propostas busca algum tipo de consolidação de poder, mais controle centralizado e a eliminação de verificações e equilíbrios independentes”, disse uma das fontes. Já outra pessoa afirmou que o texto foi ‘escrito de forma muito inteligente e que parece se basear em princípios morais elevados, mas a realidade provavelmente é outra’.
Ben Sulayem está à frente da FIA desde 2021, quando sucedeu Jean Todt. Sua gestão tem sido marcada por diversas saídas de figuras importantes da estrutura da entidade, o que levantou questionamentos sobre a concentração de poder em suas mãos.
Entre os pontos polêmicos do novo documento está a proposta de reduzir o prazo para candidaturas à presidência da FIA, além de conceder ao próprio Ben Sulayem o poder de vetar concorrentes ao cargo máximo da entidade. Ele também ampliaria seu domínio sobre a composição do Senado da FIA.
Outro trecho do texto estabelece que ‘não deve haver nada no histórico dos candidatos que coloque em dúvida sua integridade profissional’. A justificativa oficial seria garantir consistência nos critérios para futuras eleições. Contudo, os candidatos passariam por um processo de triagem conduzido por comitês de nomeação e ética, ambos sob supervisão direta de Ben Sulayem, graças a mudanças nos estatutos implementadas no ano passado.
As propostas surgem poucos dias após a revelação de que Carlos Sainz Sr., bicampeão do WRC e vencedor do Dakar, além de pai do piloto da Williams na Fórmula 1, Carlos Sainz Jr., estaria interessado em disputar a presidência da FIA nas eleições marcadas para dezembro. A possível candidatura tem apoio em alguns setores, mas também levanta dúvidas devido à presença de seu filho, Sainz Jr., como piloto ativo na Fórmula 1. Há quem veja nas mudanças propostas uma tentativa velada de impedir Sainz de concorrer ao cargo.