Flavio Briatore, nome novamente ligado à Alpine, é um personagem controverso na Fórmula 1. O italiano retornou à categoria pela terceira vez na equipe sediada em Enstone, já que trabalhou tanto na Benetton quanto na Renault. Apesar de ter conquistado quatro títulos na F1 com Michael Schumacher e Fernando Alonso, dois títulos com cada pilotos, também colecionou muitas polêmicas.
Briatore chegou à F1 por um caminho inusitado, já que nunca foi fã do esporte. Em 1988, a Benetton o nomeou diretor comercial. Foi nessa época que contratou e demitiu John Barnard, considerado por alguns como o ‘Adrian Newey’ daquela era, mas que deixou a equipe por questões financeiras.
Seu talento para identificar pilotos ficou evidente ao contratar Michael Schumacher que havia estreado na F1 com a extinta equipe Jordan. A aposta rendeu frutos, com dois títulos mundiais para o alemão em 1994 e 1995. No fim de 1994, Briatore se aproximou da Renault ao adquirir a equipe Ligier. A partir de 1995, a Benetton trocou motores Ford por Renault e no mesmo período, Briatore assumiu o controle total da equipe francesa.
Após sua saída da Benetton em 1997, Briatore liderou a Supertec, fornecedora de motores Renault para várias equipes, incluindo Williams e sua antiga Benetton. Em 2000, retornou à Renault (que havia comprado a Benetton) como diretor administrativo e chefe de equipe.
Em 2003, tomou a decisão polêmica de demitir o jovem piloto britânico Jenson Button e apostar em Fernando Alonso, que na época tinha apenas uma temporada na Minardi e era piloto de testes da Renault. Com Alonso, a equipe conquistou títulos consecutivos em 2005 e 2006.
Além de ser chefe de equipe, Briatore também atuou como empresário de pilotos como Mark Webber, Jarno Trulli, Heikki Kovalainen e Nelson Piquet Jr. Todos, exceto Webber, correram pela Renault durante sua gestão.
Mas a carreira de Briatore não foi marcada apenas por conquistas. A Benetton foi acusada de irregularidades em 1994, incluindo pit stops mais rápidos e uso ilegal de controle de tração. Truques com a bomba de combustível também teriam levado ao famoso incêndio no carro de Jos Verstappen durante um pit stop. Esses incidentes resultaram em desclassificações e punições para a equipe, inclusive para Schumacher.
Mais de uma década depois, Briatore e a Renault foram acusados de espionagem industrial envolvendo a McLaren. A equipe francesa foi punida, ao contrário da McLaren, protagonista do ‘Spygate’ com a Ferrari.
Porém, o escândalo mais marcante envolvendo Briatore foi o ‘Crashgate’ no GP de Singapura de 2008. Após uma sessão de classificação ruim, Alonso foi chamado ao box e pouco depois, Nelson Piquet Jr. (que também era agenciado por Briatore) recebeu ordens para bater propositalmente e provocar uma safety car, beneficiando o espanhol que venceu a corrida. Com a revelação do esquema no ano seguinte, Briatore e Pat Symonds, diretor técnico da Renault, foram banidos da F1 por manipulação de resultados.
Apesar do histórico controverso, o retorno de Briatore à Fórmula 1 aconteceu novamente e com a mesma equipe, a antiga Renault, agora Alpine. Resta apenas saber se a equipe francesa terá mais algum tipo de problema com esse retorno, pois é bastante óbvio que a Alpine já tem problemas suficientes no momento.
Neste final de semana do GP da Espanha, Briatore já está com a equipe e circulando no paddock da F1 em Barcelona.