O ano de 1991 marcou a terceira conquista do Campeonato Mundial de Fórmula 1 por Ayrton Senna, destacando-o não apenas como um piloto exímio, mas também como um dos maiores competidores da história do automobilismo. Competindo pela McLaren-Honda, Senna enfrentou desafios formidáveis, notavelmente de Nigel Mansell da Williams-Renault, que mostrou ser um rival à altura durante toda a temporada.
1. Grande Prêmio dos Estados Unidos (Phoenix)
yrton Senna liderou a corrida do início ao fim, com uma vantagem confortável. O segundo lugar foi de Prost até sua parada nos boxes para trocar os pneus, apesar dos ataques de Mansell e Patrese, este último tendo ultrapassado Alesi. Uma tentativa de ultrapassagem de Patrese sobre Mansell resultou em um atraso para ele, deixando Prost e Alesi em segundo e terceiro lugares, respectivamente, quando Mansell abandonou pouco antes de Berger também fazer uma parada nos boxes.
As paradas nos boxes de Prost e Alesi para troca de pneus permitiram que Patrese subisse para o segundo lugar, seguido imediatamente por Piquet, Moreno e Modena, que estavam mantendo uma boa posição até então. No entanto, a posição de Patrese durou pouco, pois ele teve um problema na transmissão e rodou na pista, causando uma colisão com Moreno.
O segundo lugar então passou para Piquet, até ser ultrapassado por Alesi. No entanto, Alesi logo enfrentou problemas de transmissão, permitindo que Prost retomasse o segundo lugar depois de ultrapassar Piquet, que havia recuperado o segundo lugar anteriormente.
“Estou feliz após este final de semana muito especial. O carro era novo e estávamos naturalmente preocupados, mas funcionou perfeitamente e apenas tive um pequeno problema com a caixa de câmbio. Naturalmente, como foi a primeira vez que percorremos a distância de um Grande Prémio com este carro, o equilíbrio ainda não era perfeito, o que o tornava bastante difícil de guiar”, disse Senna.
2. Grande Prêmio do Brasil (Interlagos)
Uma das vitórias mais emocionantes de Senna ocorreu em seu solo natal. Apesar de enfrentar problemas técnicos que o obrigaram a dirigir grande parte da corrida em uma única marcha, Senna conseguiu uma vitória heróica diante de seus compatriotas, um triunfo que se tornou um dos pontos altos de sua carreira.
Ayrton Senna liderou a corrida do início ao fim, apesar de fazer uma parada nos boxes para trocar os pneus. Ele enfrentou uma pressão constante de Mansell por 59 voltas, antes de ser perseguido por Patrese na fase final da corrida, quando Senna estava lidando com problemas na caixa de velocidades.
Durante as paradas nos boxes para troca de pneus, Alesi e Piquet chegaram a ocupar temporariamente o terceiro lugar, mas essas posições foram efêmeras, pois os três primeiros lugares foram sempre ocupados por Senna, Mansell e Patrese, exceto quando Berger se beneficiou do abandono de Mansell.
Mais atrás, Piquet ocasionalmente liderou os dois Ferraris, mas também teve que fazer uma parada nos boxes para trocar de pneus. Ele acabou terminando a corrida entre Prost e Alesi, com a ordem inversa da que ocupavam no início da corrida, quando Alesi estava pressionando Berger e Prost não conseguiu ultrapassar Piquet.
“Faltando 20 voltas para o final eu tive problemas graves com o câmbio: perdi as terceira e quinta marchas e de repente usava somente a sexta, nas últimas sete voltas. Eu notei o Patrese se aproximando de mim e cheguei a pensar que não venceria. No entanto senti que tinha obrigação de vencer aqui no Brasil e assim consegui levar o carro apesar da chuva que caiu no final da corrida. Eu ainda tive espasmos musculares e câimbras nos ombros e pescoço porque o cinto de segurança estava muito apertado, mas também por causa da emoção!”, disse Senna.
3. Grande Prêmio de Mônaco (Monte Carlo)
Em Mônaco, Senna adicionou mais uma vitória à sua coleção. Sua habilidade incomparável em circuitos de rua foi mais uma vez demonstrada, consolidando sua reputação como o “Rei de Mônaco”.
Ayrton Senna liderou mais uma vez do início ao fim, enfrentando pressão inicialmente de Modena e Patrese. No entanto, não conseguindo acompanhar o ritmo dos líderes, Mansell foi alcançado por Prost, que havia se distanciado de Alesi, enfrentando grandes dificuldades para segurar De Cesaris até o abandono deste último.
Com as voltas dos carros mais lentos, Senna abriu uma boa vantagem e ficou confortavelmente à frente quando Modena teve problemas no motor, levando Patrese a sair da pista. Prost acabou em segundo lugar, mas não conseguiu resistir à recuperação de Mansell, acabando em quinto depois de uma parada nos boxes devido a uma jante quebrada.
Alesi assegurou assim um lugar no pódio, em uma corrida em que apenas os três primeiros completaram todas as voltas. Moreno, Prost e Pirro, que ocuparam as demais posições pontuáveis, terminaram uma volta atrás do vencedor.
“Naturalmente estou feliz com a vitória, pois é ótimo conseguir quatro vitórias num Grande Prêmio com o prestígio do Mónaco. Por outro lado, somei mais dez pontos, fortalecendo ainda mais a minha posição no campeonato. Este ano está maravilhoso, com as vitórias acontecendo, não apenas no campo desportivo, o que para mim é psicologicamente muito importante”, disse Senna.
4. Grande Prêmio do Canadá (Montreal)
Nigel Mansell assumiu a liderança logo na primeira curva e manteve-se na frente até cerca de dois quilômetros do final da corrida, quando sua caixa de velocidades falhou e o motor parou abruptamente, abrindo caminho para a vitória de Piquet.
Durante a maior parte da corrida, os Williams-Renault de Mansell e Patrese ocuparam as duas primeiras posições, permanecendo nessa ordem até Patrese sofrer um furo e precisar fazer uma parada nos boxes, permitindo que Piquet se aproximasse para aproveitar a parada de Mansell na última volta. Enquanto isso, com problemas na caixa de velocidades, Patrese foi ultrapassado por Modena nas últimas voltas, terminando em terceiro lugar no pódio.
No início da corrida, os adversários mais próximos de Mansell e Patrese foram Senna, Prost e Alesi, seguidos por Piquet e Moreno. No entanto, dos cinco pilotos, apenas Piquet conseguiu chegar ao final, garantindo a vitória.
Modena alcançou sua melhor classificação até então, e os primeiros pontos para Gachot e para a equipe Jordan praticamente garantiram a fuga das pré-qualificações.
“Reduzi o ritmo a duas voltas do final, pois a pista estava muito suja e queria garantir o meu segundo lugar. Foi então que, no decorrer da última volta, ouvi os engenheiros gritarem no rádio “Vai,vai… O Nigel parou!” Nem queria acreditar, mas foi uma surpresa bem agradável”, disse Piquet.
5. Grande Prêmio da Hungria (Hungaroring)
Ayrton Senna liderou de ponta a ponta, apesar de Patrese ter feito o melhor arranque. Eles disputaram a primeira curva, com Senna saindo na frente, mas tendo que resistir aos ataques de Patrese e, mais tarde, de Mansell. No entanto, a pressão dos carros da Williams acabou devido a problemas nos freios.
Prost estava na disputa junto com esses três pilotos até seu abandono, deixando o quarto lugar para ser disputado entre Berger, Alesi e Capelli, que mantiveram suas posições, apesar de Alesi e Capelli terem feito paradas nos boxes para trocar de pneus.
Na parte final da corrida, Moreno tentou ultrapassar De Cesaris pelo sétimo lugar, mas não conseguiu.
“Foi uma corrida muito tática e mental, antes da corrida e durante, por isso a vitória difícil me deixou bastante satisfeito, servindo ainda de motivação para toda a equipe. Mas devo reconhecer que os Williams foram mais eficazes durante algumas fases da corrida e creio que são ainda mais competitivos do que o McLaren-Honda”, disse Senna.
6. Grande Prêmio do Japão (Suzuka)
yrton Senna liderava o Grande Prêmio do Japão a caminho de conquistar seu terceiro título mundial na Fórmula 1. No entanto, com o abandono de Nigel Mansell logo no início da prova, o brasileiro já havia garantido o título, e a vantagem adicional permitiu que Senna deixasse seu companheiro de equipe, Gerhard Berger, passar na última curva para vencer a corrida.
Berger e Senna tiveram largadas melhores do que Mansell, impedindo que o inglês se colocasse entre eles. Berger chegou à frente na primeira curva e começou a abrir vantagem, enquanto Senna segurava Mansell e Patrese atrás dele. Prost ficou isolado em quinto lugar. Martini, Schumacher e Morbidelli lutavam pelas posições seguintes, enquanto Modena e Brundle avançavam rapidamente graças aos abandonos de De Cesaris, Pirro e Lehto em um acidente que também envolveu Zanardi.
Na décima volta, a batalha entre Senna e Mansell terminou com o inglês saindo da pista, permitindo que Senna começasse a fechar a diferença para Berger, ultrapassando o austríaco antes de sua parada nos boxes para trocar de pneus. Patrese liderou por duas voltas durante as paradas nos boxes, mas depois que o italiano também fez sua parada, Senna recuperou a liderança, seguido de perto por Berger. Enquanto isso, isolado em terceiro lugar, Patrese enfrentava problemas de caixa de câmbio, e Prost viu sua vantagem aumentar sobre os concorrentes mais próximos com os abandonos de Morbidelli, Schumacher e Martini, permitindo que Brundle e Modena entrassem na zona de pontuação.
“Na McLaren, eu e o Ayrton temos um excelente relacionamento e o que importa é o resultado. Eu ganhei a corrida e a McLaren garantiu importantes pontos para o Campeonato de Construtores”, disse Berger.
7. Grande Prêmio da Austrália (Adelaide)
A pista estava muito molhada no início da corrida, com a chuva persistente aumentando de intensidade após cerca de doze voltas. Senna manteve a liderança desde o início, enfrentando forte pressão de Mansell após este ultrapassar Berger. Berger, por sua vez, também enfrentou pressão, embora brevemente, de Schumacher. Uma colisão entre Schumacher e Alesi, com a participação de Larini, deixou a pista parcialmente bloqueada na reta principal do circuito, dificultando ainda mais as ultrapassagens.
A corrida foi interrompida quando Senna estava na 16ª volta, sendo considerada a classificação na 14ª volta, incluindo Mansell e Berger, que já haviam abandonado devido a despistes.
“Hoje, todos cometemos um erro ao iniciarmos a corrida! Compreendo que, para os Comissários Desportivos, não seja fácil decidir da perigosidade de uma pista antes dos carros começarem a rodar, por isso não os posso culpar por darem ordem para a largada. Porém, se os pilotos estivessem unidos, ninguém teria ido para a grid de largada, pois ninguém melhor do que nós conhece os perigos de rodar nestas condições”, disse Senna.
O ano de 1991 foi uma demonstração da extraordinária capacidade de Ayrton Senna de superar adversidades e competir no mais alto nível. Seu terceiro título mundial refletiu sua maestria técnica, resistência mental e paixão pelo esporte, qualidades que o estabeleceram como um ícone perene na Fórmula 1 e uma inspiração para pilotos e fãs ao redor do mundo.