O que Verstappen precisa, e o que a McLaren não pode fazer, para manter vivo o sonho do pentacampeonato.
Max Verstappen entra nas três etapas finais da temporada 2025 com chances remotas, mas matematicamente vivas, de conquistar o quinto título consecutivo na Fórmula 1. Depois de um campeonato marcado por inconsistências da Red Bull e pelo domínio crescente da McLaren, o holandês chega a Las Vegas 49 pontos atrás de Lando Norris, e com Oscar Piastri separando os dois na tabela, 25 pontos à frente.
O cenário é dramático, mas não definitivo. Há 83 pontos ainda disponíveis, incluindo a Sprint do Catar, e a matemática mostra que existe, sim, um caminho — estreito, complexo e dependente de múltiplos fatores — para que Verstappen opere uma virada histórica.
A seguir, um panorama detalhado dos elementos que poderiam levar o atual tetracampeão a desafiar as probabilidades.
Se Verstappen vencer tudo até Abu Dhabi
A via mais direta, e também a mais difícil, é bem simples no papel: vencer Las Vegas, Sprint do Catar, GP do Catar e Abu Dhabi. Esse cenário daria ao holandês um total de 424 pontos no fim do campeonato.
Norris, que hoje tem 390, precisaria somar 35 pontos nas três etapas (incluindo a Sprint) para impedir que Verstappen o ultrapasse. É bastante, mas não impossível. Porém, uma sequência de desempenhos medianos — dois quartos lugares e um sexto, por exemplo — já deixaria o título vulnerável.
Esse é o tipo de pressão que obrigaria a McLaren a jogar na defensiva, principalmente em classificações apertadas como a de Vegas, onde erros são caros.

Se a McLaren cometer erros, mas não abandonar
O caminho mais realista para Verstappen não exige uma vitória tripla, mas sim um tropeço da McLaren. Não precisa ser abandono: basta um fim de semana mal executado.
Um toque na primeira volta, um dano no assoalho, uma estratégia equivocada ou até um Safety Car mal posicionado podem gerar diferenças de 15 a 20 pontos numa única etapa — um número absolutamente plausível.
Foi assim que Norris abriu vantagem sobre Piastri em Interlagos, tirando 23 pontos do próprio companheiro. Se algo semelhante acontecer com Norris, ou se Piastri repetir finais de semana inconsistentes como o dos EUA ou do Brasil, a luta reabre imediatamente.
E aí entra um fator-chave: o papel de Piastri como “terceiro elemento” no campeonato.

Piastri como fator-chave do campeonato
O australiano está exatamente entre Norris e Verstappen na pontuação, e isso muda completamente a dinâmica da reta final. Se Piastri superar Norris em uma ou duas etapas, ele pode tirar pontos do companheiro e, involuntariamente, ajudar Verstappen.
Nesse cenário, Verstappen não precisa que a McLaren inteira se de mal, basta apenas que o “lado certo” de Woking despenque.
Piastri, com sua velocidade de classificação e agressividade crescente em disputas diretas, tem capacidade real de complicar a vida de Norris.
Para Verstappen, o ideal é simples: Piastri à frente de Norris, mas atrás da Red Bull.
Catar como ponto de virada
O Catar é a etapa mais perigosa para Norris e Piastri, e a mais promissora para Verstappen. Além da corrida principal, há uma Sprint, o que significa 33 pontos possíveis para o holandês.
Se Verstappen vencer tudo no Catar e Norris viver um sábado ou domingo ruins — como os de Piastri nos EUA e no Brasil — a diferença pode despencar violentamente.
Um exemplo prático: Norris abandona a Sprint e termina em 5º no GP; Norris marcaria 10 pontos contra 33 de Verstappen. Uma diferença de 23 pontos em um único evento.
Some isso ao que ele pode ganhar em Vegas e chegamos a Abu Dhabi com um cenário que parecia impossível: a decisão do título na última corrida da temporada. E aí, tudo vira poesia trágica para o esporte. A F1 adora finais assim.

Mas Verstappen não pode errar
O reverso da equação, porém, é muito cruel. Basta um único erro para o sonho terminar. Um toque. Uma quebra. Um pit stop ruim. Um 12º lugar.
Qualquer deslize encerra o campeonato na prática, porque Norris não falha — e já mostrou que, mesmo nos piores dias, arranca pontos de sobrevivência.
Para Verstappen, o recado é claro: não existe margem para erro. A partir de agora, cada volta é uma final.
Abu Dhabi como palco da decisão
Existe ainda o cenário mais romântico — aquele que a F1 adora entregar nas horas mais improváveis: um duelo final em Yas Marina. E, claro, agora é a hora de lembrarmos de 2021.
Mas para isso, Verstappen precisa chegar aos Emirados Árabes com uma desvantagem de 25 pontos ou menos. É difícil, é improvável, mas ainda está dentro da matemática.
Numa etapa sem Sprint, com 25 pontos em jogo, qualquer resultado extremo pode virar o destino do campeonato.

Conclusão: o título é improvável, mas não impossível
Max Verstappen depende tanto de sua própria perfeição quanto de falhas, ou pelo menos oscilações, da McLaren. O título de 2025 já não está mais em suas mãos. Está, na verdade, nas mãos de Norris, Piastri, estratégias da McLaren, tráfego, bandeiras amarelas e até da sorte.
Mas se existe alguém na Fórmula 1 capaz de operar um milagre desses, esse alguém é Verstappen.
Três corridas.
Uma Sprint.
83 pontos.
E um campeonato que ainda respira, sim.
A matemática não mente, e a F1 adora entregar suas maiores reviravoltas quando tudo parece decidido.
