O Grande Prêmio do Azerbaijão tornou-se, em pouco tempo, um dos mais marcantes da Fórmula 1 moderna. Desde 2016, com exceção do cancelamento em 2020, o circuito urbano de Baku entrega corridas imprevisíveis, incidentes marcantes e vitórias surpreendentes. Localizado na capital do Azerbaijão, às margens do Mar Cáspio, o traçado combina a atmosfera histórica da cidade velha com avenidas modernas e largas, criando um contraste único no calendário.
Um traçado de extremos
Com 6,003 km de extensão e 20 curvas, Baku é o segundo circuito mais longo da temporada, atrás apenas de Spa-Francorchamps. Sua característica mais notória é a alternância entre trechos estreitos e técnicos — como a famosa curva 8, que passa por um portal medieval com apenas sete metros de largura — e a longa reta principal, onde os carros atingem velocidades superiores a 350 km/h.
Esse contraste cria um dilema constante para as equipes: buscar carga aerodinâmica para estabilidade nos setores travados ou apostar em baixa pressão para ser competitivo nas retas? Uma escolha que nunca é simples e frequentemente define o resultado da corrida.
O fator pneus
A edição de 2025 traz uma novidade importante: a Pirelli escolheu os compostos mais macios da gama — C6 (macio), C5 (médio) e C4 (duro). O retorno do C6 ao calendário aumenta a aderência em classificação, mas coloca em xeque a durabilidade em stints longos.
No ano passado, a maioria dos pilotos arriscou estratégias de uma única parada, mas a escolha mais agressiva da Pirelli este ano abre margem para duas paradas. O maior desafio é o ciclo de aquecimento e resfriamento dos pneus: no setor da cidade velha, as temperaturas superficiais podem chegar a 90 °C, caindo para cerca de 40 °C no final da reta principal. Esse comportamento pode surpreender pilotos em frenagens decisivas, especialmente após relargadas de Safety Car — presença frequente em Baku.
Safety Car: quase inevitável
Um dos elementos que tornam o GP do Azerbaijão tão imprevisível é a altíssima probabilidade de intervenções do Safety Car. Com margens mínimas para erro em um traçado urbano cercado por muros, qualquer contato pode mudar o rumo da corrida. Em várias edições, as relargadas definiram campeões, inverteram resultados e trouxeram azarões para a disputa pelo pódio.
Velocidade recorde e desafio histórico
Baku também é conhecido por ser o palco de recordes. Foi aqui que Valtteri Bottas atingiu 378 km/h na classificação de 2016, a maior velocidade já registrada em um evento oficial da F1. Ao mesmo tempo, curvas de 90 graus exigem velocidades de apenas 60 km/h, transformando cada volta em um exercício de adaptação extrema para pilotos e engenheiros.
Estatísticas e domínio variado
O GP do Azerbaijão já foi palco de oito corridas, com sete vencedores diferentes — prova da imprevisibilidade do circuito. Sergio Pérez é o único a repetir triunfo (2021 e 2023), consolidando sua fama de especialista em ruas. Red Bull e Mercedes dividem a maior parte dos pódios, enquanto a Ferrari brilha principalmente nas classificações com Charles Leclerc, autor de quatro poles consecutivas entre 2021 e 2024.
Um quebra-cabeça estratégico
Em resumo, o Circuito de Baku é um dos maiores quebra-cabeças da Fórmula 1. Exige equilíbrio perfeito entre acerto aerodinâmico, gestão de pneus e resistência psicológica. A pista recompensa ousadia, mas pune com severidade qualquer erro. Entre o risco do muro e a promessa de glória, não é à toa que Baku já se consolidou como uma das pistas mais desafiadoras e emocionantes da F1 moderna.
