CEO fala em renovação cultural, Binotto projeta luta por títulos e Wheatley promete uma equipe construída para vencer
A apresentação do novo conceito visual da Audi para a Fórmula 1, realizada em Munique, não foi apenas a revelação de um protótipo futurista. Foi uma declaração pública de ambição, cultura e propósito. A marca alemã deixou claro que sua entrada na categoria, em 2026, representa mais do que um projeto esportivo: é um movimento estrutural, pensado para redefinir a empresa por dentro e posicioná-la no centro da inovação global do automobilismo.
Gernot Döllner, CEO da Audi, sintetizou o espírito da transição ao afirmar que “entrar na Fórmula 1 é parte de algo maior”. Para ele, a chegada ao campeonato é o passo seguinte no plano de renovação da marca, uma estratégia para torná-la mais ágil, competitiva e tecnologicamente ousada. A F1 seria, então, não apenas um palco, mas um catalisador interno. “No auge do automobilismo, cada segundo conta. Essa mentalidade — de precisão, performance e trabalho em equipe — é exatamente a cultura que queremos espalhar por toda a companhia”, afirmou.
A entrada da Audi acontece em um cenário extremamente favorável: o limite financeiro da categoria garante sustentabilidade a longo prazo, enquanto o alcance global da F1 abre portas para mercados prioritários da marca, como Estados Unidos, Europa e China. Para Döllner, trata-se de uma oportunidade de comunicação sem precedentes. “A Fórmula 1 é puro sentimento, mas nossa decisão é racional. Ela amplia nossa presença e conecta a Audi a novas gerações. É o início de uma história longa — e queremos liderar, inovar e vencer.”

Sob a liderança do ex-Ferrari Mattia Binotto e do ex-Red Bull Jonathan Wheatley, a equipe já começa a moldar uma cultura de excelência que combina métodos alemães de desenvolvimento com a tradição suíça da antiga Sauber. Binotto reforça que o projeto Audi representa “o mais empolgante desafio do esporte mundial”, com metas tão ambiciosas quanto objetivas: lutar pelo título mundial até 2030. Ele também destacou que erros farão parte da jornada, mas que a evolução constante será o princípio central da nova equipe.
Wheatley, por sua vez, colocou ênfase no fator humano. Para ele, “equipes vencedoras não nascem de mágica, mas de pessoas que acreditam: umas nas outras, no processo e no destino”. Segundo o britânico, a Audi está construindo uma cultura de resiliência e confiança interna — traços indispensáveis para um projeto que estreia em regulamento totalmente novo, com carros, chassis e unidades de potência redesenhados do zero.
Ao mesmo tempo, a Audi apresentou seu primeiro grande símbolo público: o R26 Concept, concebido sob a direção criativa de Massimo Frascella. O protótipo traz um design minimalista, geométrico e técnico, com paleta de titânio, preto de carbono e um vermelho vibrante que marca a nova identidade visual da marca. Os anéis — agora também em vermelho — serão utilizados de maneira estratégica para reforçar presença e impacto cultural. “Queremos ter o carro mais marcante do grid e ser a marca mais ousada fora dele. A Fórmula 1 é o palco ideal para construir essa narrativa global”, afirmou Frascella.

O carro da estreia de Gabriel Bortoleto
A apresentação foi ainda mais simbólica para o público brasileiro pelo fato de que o primeiro carro da Audi na Fórmula 1 será justamente o modelo que marcará a estreia de Gabriel Bortoleto em uma equipe de fábrica. O jovem talento paulista é parte central do projeto da marca. Aos 21 anos em 2026, Bortoleto terá o experiente Nico Hulkenberg ao seu lado.
Para a Audi, Bortoleto representa não apenas juventude e potencial esportivo, mas também uma ponte com um dos mercados mais apaixonados pelo automobilismo no mundo. Internamente, o brasileiro é tratado como pilar de longo prazo, alguém capaz de crescer com a equipe, absorvendo a cultura de excelência que Binotto e Wheatley pretendem estabelecer. A estreia de Bortoleto, portanto, não será apenas mais um capítulo da carreira de um jovem piloto: ela faz parte do plano de renovação cultural e tecnológica de toda a companhia.
Enquanto o R26 Concept define visualmente o caminho da Audi, as falas de seus executivos deixam claro que o projeto vai muito além de um carro: é uma mudança organizacional profunda, que combina legado histórico, inovação e ambição esportiva. E agora, para o público brasileiro, essa história ganha um rosto, um capacete e uma bandeira verde e amarela.
