Audi mira o título da F1 até 2030 e aposta em Bortoleto como pilar da nova era

CEO fala em renovação cultural, Binotto projeta luta por títulos e Wheatley promete uma equipe construída para vencer

A apresentação do novo conceito visual da Audi para a Fórmula 1, realizada em Munique, não foi apenas a revelação de um protótipo futurista. Foi uma declaração pública de ambição, cultura e propósito. A marca alemã deixou claro que sua entrada na categoria, em 2026, representa mais do que um projeto esportivo: é um movimento estrutural, pensado para redefinir a empresa por dentro e posicioná-la no centro da inovação global do automobilismo.

Gernot Döllner, CEO da Audi, sintetizou o espírito da transição ao afirmar que “entrar na Fórmula 1 é parte de algo maior”. Para ele, a chegada ao campeonato é o passo seguinte no plano de renovação da marca, uma estratégia para torná-la mais ágil, competitiva e tecnologicamente ousada. A F1 seria, então, não apenas um palco, mas um catalisador interno. “No auge do automobilismo, cada segundo conta. Essa mentalidade — de precisão, performance e trabalho em equipe — é exatamente a cultura que queremos espalhar por toda a companhia”, afirmou.

A entrada da Audi acontece em um cenário extremamente favorável: o limite financeiro da categoria garante sustentabilidade a longo prazo, enquanto o alcance global da F1 abre portas para mercados prioritários da marca, como Estados Unidos, Europa e China. Para Döllner, trata-se de uma oportunidade de comunicação sem precedentes. “A Fórmula 1 é puro sentimento, mas nossa decisão é racional. Ela amplia nossa presença e conecta a Audi a novas gerações. É o início de uma história longa — e queremos liderar, inovar e vencer.”

Team Principal Jonathan Wheatley and Head of Audi F1 Project Mattia Binotto at the reveal event “Audi One” in Munich, November 12, 2025 (from left)
Foto: Audi

Sob a liderança do ex-Ferrari Mattia Binotto e do ex-Red Bull Jonathan Wheatley, a equipe já começa a moldar uma cultura de excelência que combina métodos alemães de desenvolvimento com a tradição suíça da antiga Sauber. Binotto reforça que o projeto Audi representa “o mais empolgante desafio do esporte mundial”, com metas tão ambiciosas quanto objetivas: lutar pelo título mundial até 2030. Ele também destacou que erros farão parte da jornada, mas que a evolução constante será o princípio central da nova equipe.

Wheatley, por sua vez, colocou ênfase no fator humano. Para ele, “equipes vencedoras não nascem de mágica, mas de pessoas que acreditam: umas nas outras, no processo e no destino”. Segundo o britânico, a Audi está construindo uma cultura de resiliência e confiança interna — traços indispensáveis para um projeto que estreia em regulamento totalmente novo, com carros, chassis e unidades de potência redesenhados do zero.

Ao mesmo tempo, a Audi apresentou seu primeiro grande símbolo público: o R26 Concept, concebido sob a direção criativa de Massimo Frascella. O protótipo traz um design minimalista, geométrico e técnico, com paleta de titânio, preto de carbono e um vermelho vibrante que marca a nova identidade visual da marca. Os anéis — agora também em vermelho — serão utilizados de maneira estratégica para reforçar presença e impacto cultural. “Queremos ter o carro mais marcante do grid e ser a marca mais ousada fora dele. A Fórmula 1 é o palco ideal para construir essa narrativa global”, afirmou Frascella.

Team Principal Jonathan Wheatley, Head of Audi F1 Project Mattia Binotto, Audi CEO Gernot Döllner, Chief Creative Officer Massimo Frascella as well as guests Nico Hülkenberg and Gabriel Bortoleto at the reveal event “Audi One” in Munich, November 12, 2025 (from left)
Foto: Audi

O carro da estreia de Gabriel Bortoleto
A apresentação foi ainda mais simbólica para o público brasileiro pelo fato de que o primeiro carro da Audi na Fórmula 1 será justamente o modelo que marcará a estreia de Gabriel Bortoleto em uma equipe de fábrica. O jovem talento paulista é parte central do projeto da marca. Aos 21 anos em 2026, Bortoleto terá o experiente Nico Hulkenberg ao seu lado.

Para a Audi, Bortoleto representa não apenas juventude e potencial esportivo, mas também uma ponte com um dos mercados mais apaixonados pelo automobilismo no mundo. Internamente, o brasileiro é tratado como pilar de longo prazo, alguém capaz de crescer com a equipe, absorvendo a cultura de excelência que Binotto e Wheatley pretendem estabelecer. A estreia de Bortoleto, portanto, não será apenas mais um capítulo da carreira de um jovem piloto: ela faz parte do plano de renovação cultural e tecnológica de toda a companhia.

Enquanto o R26 Concept define visualmente o caminho da Audi, as falas de seus executivos deixam claro que o projeto vai muito além de um carro: é uma mudança organizacional profunda, que combina legado histórico, inovação e ambição esportiva. E agora, para o público brasileiro, essa história ganha um rosto, um capacete e uma bandeira verde e amarela.



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