Ao invés de procissão, Arábia Saudita entrega GP de F1 mais bizarro dos últimos anos

Apesar da tradição zero no esporte a motor, a Arábia Saudita certamente já entrou para a história da F1. Na corrida deste domingo (5), tanta coisa aconteceu em apenas 50 voltas que certamente entra como uma das corridas mais bizarras e movimentadas da história.

Jeddah entrou para o circuito mundial a partir da temporada 2021. Acontece que o desenho do traçado, considerado de rua, foi feito bastante estreito e com pouquíssimas áreas de escape, facilitando qualquer mínima colisão durante o final de semana.

E o caos já começou a ser desenhado com a Fórmula 2. Nas três corridas da categoria de acesso, diversos acidentes – inclusive um bastante grave envolvendo Enzo Fittipaldi, que sofreu uma fratura no tornozelo – atrasos, bandeiras vermelhas e carros de segurança.

Obviamente que para a F1 não seria diferente. Lewis Hamilton largou da pole-position, com Valtteri Bottas e Max Verstappen, que bateu na classificação, fechando o top-3. Contrariando as expectativas, a largada e primeiras voltas foram limpas, mas isso não duraria muito.

Red Bull F1 Arábia Saudita
Max Verstappen (Foto: Red Bull)

Mick Schumacher foi o primeiro a se acidentar, escapando e batendo com força no muro de proteção – esse especialmente instalado e inspirado no usado no oval de Indianápolis. O que se sucedeu a partir de então foi uma série de fatos inusitados e surpreendentes.

Pela natureza da pista bastante estreita, era esperada uma procissão com um carro seguindo o outro muito no estilo Mônaco. Mas a realidade foi uma prova cheia de toques, acidentes e muito, mas muito mesmo, detrito espalhado pelo circuito.

Após a batida do alemão da Haas, a entrada do safety-car e interrupção por bandeira vermelha, foi mais uma vez feita a relargada. Acontece que um novo incidente fez tudo parar mais uma vez, e foi a vez da FIA assumir um papel poucas vezes antes vistos.

No segundo início, em dividida com Hamilton, Verstappen passou o inglês por fora da pista, enquanto Esteban Ocon também apareceu no lance. Precisando devolver a posição, a Red Bull começou a negociar – sim – a punição para a nova relargada. Primeiro, foi oferecida a possibilidade de largar em segundo logo atrás de Lewis. Oferta negada e contraproposta: Ocon primeiro, Hamilton segundo e Verstappen terceiro. Martelo batido.

Mercedes F1 Arábia Saudita
O pódio na Arábia Saudita (Foto: Mercedes)

Reinício de prova mais uma vez e as voltas seguintes seguiram sem grandes acidentes, mas com sempre algo acontecendo. O safety-car virtual precisou entrar em cena algumas vezes para tirar os detritos que insistiam em tornar o asfalto preto de Jeddah em um quase céu estrelado cheio de pontos brancos.

A volta 37, então, nos presenteou com o momento mais impactante da reta final: Verstappen desacelerou, Hamilton não e não poderia ter outro desfecho a não ser o inglês bater na traseira do holandês. Muita reclamação, deliberação e Max teve 5s de penalização.

A partir de então, o piloto da Red Bull não tinha mais o que fazer além de se contentar com a segunda colocação. Ainda, com apenas 25s de vantagem para Ocon, então terceiro, não tinha como ir aos boxes para trocar de pneus para o ponto de volta mais rápida, que ficou nas mãos de Lewis.

Jeddah provou ser uma pista pouco prática e até mesmo perigosa para F1. Mas com o gordo cheque desembolsado pelo país, ainda tem contrato de muito tempo no calendário. Se não vai entrar para a história como um circuito de grandes disputas e boas corridas, certamente vai ficar marcada pelo alto número de, digamos, bizarrices.